Trump não tem integridade para ser um chefão da Máfia

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Presidente Donald Trump fala à imprensa após anunciar um acordo inicial com a China no gramado da ala sul da Casa Branca, em 11 de outubro (Nicholas Kamm/Agence France-Presse - Getty Images)

Muita gente tem comparado Donald Trump a um chefão da Máfia. Eu, porém, estou começando a pensar que a comparação é injusta – com os chefões da Máfia, é claro. 

Afinal, você não pode construir um império, mesmo um império do crime, a menos que as pessoas creiam que sua palavra vale alguma coisa. Elas têm que acreditar que você irá honrar suas promessas, assim como irá cumprir suas ameaças. Nas primeiras poucas vezes que você descumprir seus acordos poderá até parecer que você estará sendo esperto e as outras pessoas os otários; mas, logo que você assumir sua posição compreenderá que você é, de fato, o cara que será enrolado. 

Tenho estado a pensar sobre essa realidade nos últimos dias, à medida que todos temos observado dois desastres separados na administração Trump se desenrolarem. 

O maior desastre, aquele que tem nos feito ficar um pouco envergonhados de sermos americanos foi, a rigor, a traição aos Curdos. Não sabemos realmente porque Trump, de forma tão fria, abandonou aliados que lutaram e morreram por nossa causa, mas uma coisa é clara: o presidente da Turquia, Recep Erdogan, percebeu a posição de Trump, decidiu que suas ameaças de retaliação contra a efetiva invasão do território Curdo eram vazias e aproveitou a ocasião.  

Contudo, houve um outro fracasso, de outro nível, envolvendo a China. Trump, naturalmente, fez da guerra comercial com a China a peça principal de sua política econômica, provocando danos importantes em ambas as economias ao longo do caminho. Na semana passada, entretanto – talvez compreendendo a fraqueza de sua posição doméstica à medida que a marcha para o impeachment ganhava impulso – ele aparentemente decidiu declarar vitória e retirar-se, proclamando que tinha um acordo com a China que, mesmo na descrição de seus próprios funcionários, soava como não tendo conseguido nada que a China não estivesse oferecendo durante todo o tempo. 

Porém, o caso era bem pior que aquilo. Observadores argutos logo apontaram que tudo o que tínhamos eram anúncios unilaterais, feitos por funcionários americanos, de que havia um acordo que deveria ser encarado com ceticismo até e a menos que obtivéssemos uma declaração conjunta sobre o que teria de fato sido acordado. 

E na verdade, ontem, os chineses disseram basicamente, “Oh, aquele acordo? Bem, estamos pensando a respeito dele. Conversaremos um pouco mais.” 

Em outras palavras, como o turco Erdogan – e o norte-coreano Kim Jong Um, de volta à cena mais uma vez – eles perceberam a posição de Trump e perceberam que ele pode ser enrolado. 

O ponto é que o atual estado da arte do acordo de Trump, que envolve fazer promessas que pretende descumprir quando lhe parecer conveniente, somente funcionará se ele puder continuar a procurar otários para iludir. 

Se houver pessoas com as quais deverá lidar de forma repetitiva, como os líderes de outras nações, elas acabarão descobrindo que ele não é confiável e que não merece ser temido: suas promessas são vazias e suas ameaças também. 

Tudo isto tem enfraquecido enormemente a América. Éramos um país de grande poder e também de grande influência, porque tínhamos princípios com os quais outras nações poderiam contar para segui-los. Agora, temos um líder a quem outros líderes consideram como maleável – um homem sem princípios, um cara mal informado que pode ser bajulado, subornado ou simplesmente feito de tolo para dar-lhes o que eles querem. 

Façamos a América grande outra vez, de verdade. 

Curtas 

·       Donald Trump tem diversos interesses empresariais na Turquia.

·       Seus filhos têm conflitos de interesses financeiros em quase todos os lugares.

·       Um lembrete: na sua tentativa de subornar os fazendeiros atingidos por sua guerra comercial, Trump já gastou mais de duas vezes o que Obama gastou para socorrer a indústria automobilística.

·       A propósito, enquanto os Curdos não estavam na Normandia, eles eram aliados cruciais na luta contra o Estado Islâmico. 

Paul Krugman recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2008. 

Traduzido do Inglês por A. Pertence

 

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