Ron Ridenour nasceu no país onde nasceu o diabo Bush. É jornalista e veterano ativista radical, autor de nove livros – Yankee Sandinistas, Backfire: The CIA’s Biggest Burn entre outros; seu livro mais recente é Tamil Nation in Sri Lanka. Este artigo foi publicado originalmente em ThisCantBeHappening.net.
É. É isso mesmo: os EUA jamais tivemos presidente pior que Obama.
Tivemos James Monroe e sua doutrina de supremacia sobre a América Latina. Tivemos Theodore Roosevelt, que invadiu Cuba; Nixon, Reagan, Bush-Bush e seus assassinatos em massa e todos os crimes de guerra e genocídio que, de fato, vários presidentes dos EUA cometeram. Mas jamais antes os EUA tiveram presidente negro a cometer crimes de guerra, sentado no trono branco do imperialismo. Obama trai, além dos brancos que votaram nele, também todos os negros norte-americanos que jamais esperaram, de presidentes brancos, o muito que esperaram de Obama.
Pois lá está ele, assassinando mais pessoas no Afeganistão que Bush, apoiando mais golpes na América Latina, sempre destruindo cada vez mais o Iraque, matando com drones, sabotadores, mercenários, no Paquistão, na Somália, no Iêmen, em Uganda, na Líbia e, mais recentemente, também na Síria. Obama invadiu mais profundamente vários países africanos, ricos em minérios e petróleo, que os brancos que o antecederam, Democratas e Republicanos. Os EUA de Obama estão eliminando os poucos governos seculares que ainda havia no Oriente Médio e Norte da África.
Obama é o presidente das corporações norte-americanas. Obama está mais empenhado em impor a dominação total dos EUA sobre o mundo, que qualquer Bush ou Reagan ou Nixon.
Com raízes no Quênia, tem acesso aos mais ricos salões africanos e às “Casas Brancas” negras que há na África e fala àqueles ditadores assassinos açougueiros, mais facilmente que qualquer dos presidentes norte-americanos nascidos em berços capitalistas e, todos eles, brancos.
Obama é pior que todos esses presidentes que o antecederam, precisamente porque trai todos os “irmãos e irmãs” negros nos EUA – exceto um punhado de negros milionários oportunistas. Obama foi a esperança dos negros e negras norte-americanos pobres; cuidaria de lhes garantir igualdade; foi a esperança de todos os pobres, de todas as cores; e foi a esperança de todos os trabalhadores. Eleito, nada fez, nada, por essas pessoas. Em vez disso, passou a tirar ainda mais dos pobres para dar aos ricos, aos piores criminosos que operam em Wall Street, à indústria da guerra, à indústria do petróleo, dos minérios.
Praticamente todos os conselheiros econômicos de Obama são serviçais de Wall Street e, em muitos casos, são figuras centrais nos crimes econômicos monstros dos últimos anos, quando roubaram centenas de bilhões, até trilhões, de dólares, dos mais pobres e da classe média.
Seus comandantes de guerra, os bandidos que operam a “Segurança Nacional”, os assassinos que servem à CIA, muitos deles são os mesmos dos quais Bush também se serviu, e muitos deles são Republicanos.
Como Comandante-em-Chefe, Obama torturou Bradley Manning, herói nacional dos EUA. E Obama fez o possível, também, para destruir WikiLeaks e seu criador, Julian Assange.
No dia em que Obama foi a Copenhagen para receber (santo deus! É inacreditável!) o Prêmio Nobel, eu estava com uma multidão, em manifestação contra aquele prêmio e aquele premiado, em frente à embaixada dos EUA em Copenhagen. Reproduzo aqui trechos do que disse lá:
Os norte-americanos vivemos num estado de guerra permanente, e Obama continua o mesmo sistema, porque nenhum presidente dos EUA pode sequer controlar, e muito menos poderia abolir esse sistema brutal. Absolutamente não faz diferença alguma a cor da pele, o gênero ou a opção sexual do presidente. Tampouco faz qualquer diferença que seja eleito. O capitalismo e o imperialismo só serão ‘modificados’ ou abolidos quando multidões monstro de trabalhadores acordarem e decidirem lutar para ‘modificá-los’ e aboli-los. E temos de fazer isso com nossos partidos políticos, não com partidos da dominação capitalista, seja Democrata seja Republicano, nem, na Dinamarca, hoje, com os partidos hoje dominantes.
Amanhã, um presidente norte-americano negro, mas representante de capitalistas e dos senhores da guerra-que-aumenta-os-lucros, receberá um dito ‘'prêmio Nobel da paz'’. Não há e jamais houve notícia de hipocrisia mais completamente absurda: o premiado de amanhã enviou, ontem mesmo, mais 30 mil soldados norte-americanos para matar afegãos lá no Afeganistão, onde os afegãos, que se veem invadidos, os receberão, muito explicavelmente, à bala.
A imprensa-empresa não noticiou que é a segunda vez que Obama enviou mais soldados para o Afeganistão. Antes de completar seus primeiros 100 dias de governo, Obama enviou mais 17 mil soldados, para somarem-se aos 38 mil que já estavam lá. Em breve haverá cerca de 100 mil soldados dos EUA e cerca de 40 mil a mais, de outros países, inclusive dessa República de Bananas da Dinamarca.
Bush encarregou-se de destruir o Iraque e o Afeganistão. Obama está cuidando de garantir todo o suprimento de sangue latino-americano que o imperialismo deseja. Os nove países da ALBA (Aliança Bolivariana dos Povos da América Latina) formaram uma cooperativa de comércio e rede política e social nos últimos cinco anos e estão cavando trilhas profundas no território do capitalismo naquela região. Bush nada conseguiu fazer contra esse desenvolvimento que foi iniciado por Cuba e Venezuela, em 2004.
Mas o novo presidente “negro” rapidamente detectou que Honduras seria o elo fraco daquela corrente, onde a oligarquia e os militares comandados pelos EUA organizaram logo um golpe de Estado, com a assistência dos generais de Obama. Depois vieram, semana passada, eleições ilegais, realizadas sob estado de sítio interno, com militares armados nas ruas, e que Obama declarou ‘'legítimas'’, apesar de o presidente legítimo (Manuel Zelaya) e todos os seus apoiadores, às centenas de milhares, desejarem apenas que o processo democrático legal seguisse seu curso.
Depois daquele discurso, Obama também apoiou o golpe que derrubou do governo, no Paraguai, o padre católico progressista Fernando Lugo.
O primeiro presidente “negro” dos EUA, eleito sobre uma promessa de paz, é o presidente da guerra sem limites. Tampouco cumpriu de modo significativo outras promessas progressistas da campanha: não fechou aquela usina de tortura que continua a operar na baía de Guantánamo.
O mantra de Obama é “Eu tenho um drone-sonho”.
Encerro com as palavras do Presidente Evo Morales da Bolívia, o primeiro presidente nascido dos povos indígenas do mundo, extraídas de seus 10 Mandamentos:
Primeiro mandamento: Levar ao fim o capitalismo
Se queremos discussão sincera e séria sobre a mudança climática, temos de saber que aí se trava um combate entre dois modos de vida, entre duas culturas: a cultura do lixo e da morte, versus a cultura da vida e da paz. Aí está o xis da discussão sobre a mudança climática. Para preservar o planeta, a vida e a humanidade, temos, antes de levar ao fim o capitalismo!
HASTA LA VICTORIA SIEMPRE!
11/3/2013, Ron Ridenour, Counterpunch
I Ain’t Joking: “Obama is the Worst US President Ever”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
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