A MÍDIA E A VERDADE

Os casos de dengue triplicaram no mês de janeiro deste ano em relação ao ano passado. Minas é o segundo colocado nesse ranking de falência da saúde. Os mineiros não tomam conhecimento disso pela mídia de seu estado. É toda ela “estatizada” por polpudas verbas públicas. Uma censura que vem desde os tempos de Aécio Neves e se mantém intocada nos tempos de Antônio Anastasia.

A rigor, a saúde pública em Minas é propriedade do grupo Marcus Pestana, deputado federal eleito com os votos de ambulâncias. Os recursos aplicados na saúde, por força de artifícios contábeis são bem menores que os determinados pela Constituição Federal.

Pestana tem o sonho de ser o próximo governador do estado, no mínimo senador.

Jornalistas que se atreveram, no governo Aécio a desafiar o poder da “governadora” Andréa Neves, foram para o olho da rua.

Continua assim.

Deve ser duro para um jornalista que é considerado o melhor analista de política brasileira pela secretária de Estado Hilary Clinton, caso de William Waack, ter que entrevistar a figura bizarra da blogueira cubana Yoani Sánchez, invenção do esquema FIESP, para ouvir críticas insensatas e inacreditáveis, como por exemplo a que afirma que saúde e educação não são conquistas.

São os ossos do ofício, os ossos da submissão. O sujeito acaba tendo que se prestar a qualquer papel, até de “jurista de Vila Velha”.

Cerca de 500 famílias são despejadas por dia de suas casas. Acontece na Espanha. A mídia local não toca no assunto. São trabalhadores espanhóis que não conseguem pagar as hipotecas dos seus imóveis. O governo permite que os bancos promovam a execução e ainda subsidiam esses bancos, temerosos que venham a quebrar e causem um caos no chamado sistema financeiro. Capitalismo selvagem, desumano puro e simples.

É como uma execução mafiosa, um tiro na nuca e a célebre expressão “são só negócios, nada pessoal”.

Essa característica da mídia brasileira prefere optar pelo noticiário leve, o tamanho do bum bum da velha senhora de Vitória, por exemplo, decadente e em fase de transição para a senilidade, ou acatar a opinião do “jurista de Vila Velha, a ater-se aos fatos de real importância.

São poucos os que fazem leves referências ao roubo de documentos secretos do Vaticano, que especulam sobre o que conteriam tais documentos, a ponto de forçar a renúncia de um papa, mas enchem suas páginas de desenhos, infográficos, ilustrações, etc, mostrando como será eleito o próximo papa.

E a dúvida cruel. O coelho da Páscoa pode ficar sem papa. Até que ponto isso prejudica o comércio não sei, não deve prejudicar em nada, o peso da santidade hoje é menor que o valor de um ovo de Páscoa, uma estampa de Ana Maria Braga tem mais impacto que a cara de um papa, ainda mais se for Bento XVI.

Não se analisa, por conveniência, que a Igeja Católica, vive um processo de extinção não importa em que prazo essa extinção venha a se consumar. Mais dois Marcelo Rossi e o processo se acelera.

Os constantes assassinatos de trabalhadores rurais sem terra por pistoleiros do latifúndio é outro assunto proibido na mídia de mercado. Ou as terras roubadas aos Guarani Kiowas, nas decisões do STF, onde o ministro Carlos Fux, com acesso de “ministrite” convoca audiência pública para saber se a tevê fechada funciona dentro dos padrões democráticos, etc, etc. É só olhar a propaganda de uma das empresas, a Sky, para ver o martírio a que o telespectador, que paga, é submetido.

A mídia está longe da verdade, longe da isenção e liberdade de expressão é apenas uma forma totalitária de vender o capitalismo transformando o ser humano em objeto, máquina.

São poucas famílias, poucas máfias, a controlar todo o setor de comunicação. E muito forte, brutal, a reação diante da tentativa de uma nova lei de meios, que permita a democratização do setor. Rádio comunitária, por exemplo, se não for evangélica, é tratada como pirata e isso por um governo do PT. Que dizem ser o Partido dos Trabalhadores. Onde quem ganha a partir de um mil reais é considerado classe média, no milagre das estatísticas que seguem a risca o velho pensamento machista que “estatísticas são como mulher de biquíni, mostram tudo, mas não mostram o essencial”. É da lavra de Millôr Fernandes. Portugal, Espanha, Grécia e Itália naufragam no desespero das políticas econômicas recessivas, contrárias aos trabalhadores, tratados como animais e a mídia se esconde nas caçadas e nas amantes do rei da Espanha, ou no fato da rainha espanhola ter ficado excitada diante do jogador Puyol enrolado numa toalha, copa do mundo de 2010. É o milagre do espetáculo, qualquer dia desses a GLOBO convoca um conjunto de especialistas para analisar a excitação da rainha e seus motivos.

A mídia de mercado e a liberdade de expressão não combinam.

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