Desde a útima 3ª feira (13), a bandeira palestina tremula na sede parisiense da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A Unesco é a primeira agência da ONU que reconheceu esse território como membro de pleno direito.
O ato solene contou com a presença da diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, e do presidente palestino, Mahmoud Abbas, que destacou tratar-se do "primeiro reconhecimento para a Palestina", daí ter sido para ele tão "emocionante ver nossa bandeira hasteada hoje numa sede da ONU".
No final de outubro, quando a admissão da Palestina foi decidida, os EUA imediatamente retaliaram, o que me fez lembrar a puerilidade de comportamentos das turminhas de rua da minha meninice:
"Por discordarem da admissão da Palestina como membro pleno, os EUA levarão a bola pra casa (no caso, os fundos de US$ 60 milhões que lhe destinavam), privando-a de 22% do seu orçamento bianual.
A entrada dos palestinos foi decidida por 107 votos a favor, 14 contra e 52 abstenções.
Ou seja, democraticamente, 62% dos países-membros aprovaram.
E, antidemocraticamente, uma das nações discordantes teve reação característica de mariquinha pirracento".
De resto, o estado de Israel parece determinado a impor aos outros exatamente o que seu povo sofreu: não só nega aos palestinos errantes o direito a uma pátria livre e soberana, como criou na faixa de Gaza uma versão atualizada do Gueto de Varsóvia.
A ponto de a música comemorativa do estabelecimento dos judeus na sua terra prometida, "Êxodus", agora cair como uma luva para suas vítimas, os palestinos:
"Eu vou pisar o chão que Deus me deu,
a terra que em sonhos vi.
O sol do amanhecer
mostrou-me o vale em flor,
que é todo meu, assim Deus prometeu.
Vem, meu amor, a terra conquistar,
aqui os nossos vão crescer.
Bem junto a ti eu sou
um homem e nada mais,
mas, se Deus quiser, um forte hei de ser.
Aqui farei meu lar.
Se Deus quiser que eu morra, eu morro sem chorar,
pois, afinal, vou ter meu lar".
* jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com