A idéia que o fim da União Soviética significaria um mundo unipolar com sede nos EUA e rigorosamente dentro dos preceitos estabelecidos no CONSENSO DE WASHINGTON começa a fazer água. Seja a ressurreição da Rússia, uma incógnita até para os norte-americanos, ou pelos BRICS, que na prática representa mais que os cinco países que formam o bloco, mas agrega em médio prazo perspectivas diversas dos interesses de Wall Street.
A simples hipótese da Alemanha de Ângela Merkel vir a fazer dos BRICS é como se uma bomba de muitas toneladas fosse jogada sobre a Casa Branca e a corporação EUA. Ou o genocídio que Israel contra os palestinos, que desperta sentimentos anti semitas em todo o mundo e coloca aquele país como a companhia indesejável em qualquer negócio, em qualquer situação, tamanha a barbaridade e estupidez dos ataques contra Gaza.
Imagens de crianças mortas e dilaceradas por bombas sionistas levantam povos até de países aliados de Israel e colocam governos na berlinda. A posição do Brasil, que os israelenses chamaram de “irrelevante”, está levando a América Latina, hoje um dos blocos mais importantes do mundo, a fechar-se, como aconteceu agora com o Peru que também retirou seu embaixador de Tel Aviv, em torno de uma posição de repulsa a boçalidade sionista.
O que a primeira vista, aos olhos de Israel é um anão, está se mostrando um gigante.
Guerras custam caro. Os EUA enfrentam graves problemas internos, com mais de 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria, o governo Obama não tem rumo e nem tem aprovação popular, é um dos maiores fracassos da história da antiga nação, hoje grande conglomerado de empresas. E a única forma dos norte-americanos manterem o poder mundial são as guerras.
A situação na Ucrânia, provocada por uma intervenção insensata dos EUA, tem um preço imensurável neste momento, que sanções contra a Rússia não representam nada além de uma gota d’água no oceano da geopolítica mundial. Há uma diferença abissal entre um estadista, Putin e um fracassado, Obama. E entre a situação interna dos dois protagonistas da história, até porque a Ucrânia é, como Israel, uma invenção, nunca existiu, é russa.
E de permeio nessa história toda a União Européia, sabedora que Putin fecha a torneira do gás e cria sérios problemas para um bloco que começa a ser contestado por dentro.
Qualquer que tenha sido o mote da decisão brasileira de retirar seu embaixador em Israel, a reação do governo de Tel Aviv mostra que os sionistas não contavam com tal atitude e nesse momento, a atitude do Brasil começa a se espalhar para além de nossas fronteiras e da própria América Latina.
Surge a perspectiva de um mundo multipolar e diante de um EUA em crise, com uma dívida impagável, problemas internos de suma gravidade, o que de certa forma vai confirmando o vaticínio de Eric Hobsbawn, que “os Estados Unidos acabarão por dentro”.
O próximo presidente a assentar-se no salão oval da Casa Branca, seja Hilary Clinton, um falcão democrata, ou um insano republicano, sabe que novas guerras destroçarão o conglomerado, mas não têm alternativa, principalmente no Oriente Médio. O caos mundial e interno que isso vai gerar reforça a idéia de um novo mundo multipolar, a última coisa que os norte-americanos imaginavam desde que a União Soviética acabou. O sonho de governo mundial com sede em Washington vai se desvanecendo.
Daí a razão de apostarem, mesmo que através de colônias, como o caso da Espanha e do banco Santander no Brasil, na eleição de um desmiolado como Aécio Neves, ou de um descerebrado como Eduardo Campos, se esse for o plano “B”.
Nos últimos dias o país “irrelevante” vai tomando formas de gigante e suas passadas ecoam em todo o mundo.
- Laerte Braga
- Editorial