Era a primeira vez que seria real. Até então apenas brincadeiras, faz de conta. Ele sabia que ela era virgem e fazia de tudo para mantê-la assim, ela não ligava muito para isso. Recusava-se a deixar que uma membrana a definisse. No entanto, não queria que tudo fosse apenas por rebeldia, desejava algo mais, não O sentimento, mas pelo menos a cumplicidade.
Ele tinha 28 anos, ela 21, ela estudava engenharia, ele era um fracassado, pelo menos do ponto de vista dele. Ela encontrara nele um pouco de liberdade, ele encontrara nela muito da determinação e coragem que ele não tinha. Era um par estranho, certamente, na aparência não combinavam. A mãe o aceitava por ser amigo dos sobrinhos, o pai não se importava, não com ela.
Enfim, um dia ela decidiu. Conversou com ele e pediu para que aquela brincadeira acabasse em algo mais sério. Queria fazer sexo, mas não mais sexo anal, estava cansada dele. Além de machucar a maior parte das vezes, nada sentia. Queria sentir...
Ele aceitou, finalmente aceitou, e seguiram para um motel perto do aeroporto de Congonhas. Ele era uma pessoa de poucos recursos, ela não tinha nenhum... Assim o lugar não era nada glamoroso, mas limpo e porque não dizer, estimulava a fantasia. Seu primeiro motel, ela estudava o ambiente com aquela mente analítica. Ele não sabia bem como agir, parecia que nunca haviam se tocado antes.
Uma atitude dela que passaria a ser uma constante em seu comportamento, ela tomou a iniciativa. Chegou perto e o beijou, não um simples beijo... era muito mais que isso, a língua dela invadiu a boca dele, enquanto as mãos retiravam a camiseta e abriam o cinto da calça. Curiosamente, ele foi pego de surpresa, a menina que ele conhecia havia desaparecido, ali estava uma mulher, uma mulher cheia de desejo.
Ela empurrou ele para a cama, o quarto estava bem iluminado... Ele ficou ali esparramado, enquanto ela tirava a calça dele... Ela sorriu diante da cueca vermelha e só por diversão a manteve... ele estava ali, deitado na cama observando o que ela fazia...
Ela ficou de joelhos nos pés da cama... e tirou a camiseta, abriu a calça e o soutien, ficando apenas com a calcinha sem graça que a mãe lhe comprava... mas ela deu um jeito de parecer sexy mesmo assim...
Ela deitou sobre ele, queria sentir o calor por todo o corpo... Agora ele não resistiu mais, simplesmente virou para que ele ficasse por cima dela e começou a beijar, os olhos, o queixo, a boca, o pescoço, chegou aos seios e mergulhou. Eles eram fartos e ele gostava disso. A mão escorregou pela lateral do corpo dela, chegou as pernas e depois mergulhou na umidade que ela já tinha. Ela estava molhada, isso o surpreende, "tão rápido!"...
Ela implora para que ele entre nela, quer acabar logo com a angustia, quer saber como é ter o membro masculino dentro dela, friccionando, machucando, mas ao mesmo tempo dando prazer. Ela pensou, enquanto ele relutava a fazer o que ela pedia, que sexo e amor eram muito parecidos: ambos machucavam, mas eram incríveis... cheios de sentir...
Quando, depois de uns 10 minutos, ele desistiu de resistir, foi com todo cuidado entrando nela, perguntando o tempo todo como ela se sentia. Ela sorria, e num gesto impetuoso, puxou ele com força, rompendo finalmente aquilo que ela desejava remover... A dor não foi tão intensa quanto ela espera, um leve ardor e certo desconforto no começo, mas depois ela esqueceu tudo, procurando encontrar a sensação, o tal orgasmo que sobre o qual lera... Procurou e não encontrou... Ele gozou, ela sabia como seria, e foi.. Ao sair dela a primeira preocupação dele foi se ela havia sangrado... Procurava pelo sangue em todo lugar, até descobrir que o sangue não era tão intenso quanto ele imaginava...
(Diário de uma Mulher)
