Para crescer, é preciso regar!

No último dia 05 desse mês de janeiro, me extasiei com a apresentação da Folia de Reis “Estrela do Oriente II”, onde  me arrepiei, vi  bailar na minha frente as cantorias simples e os versos fáceis, da anunciação do nascimento de Cristo.
O grupo, que faz voltar à cena uma das expressões populares que quase não se vê mais, conta que esta folia já está na família Chaves há 100 anos.  A folia foi fundada em 6 de janeiro de 1913, por seu Geraldo da Silva Chaves, pai de Seu Floriano e de Dona Martha Maria, mãe e tio de Jean Macaé. Ele, que é amante da cultura popular e músico, resolveu resgatar essa folia para que se incentive mais uma expressão cultural e renasça essa tradição.

Como a folia não tem fins lucrativos, o objetivo é o resgate cultural mesmo, apresentando para a comunidade a forma que o religioso conversa com o profano, unindo sacralidade e o  popular. E nossa expressão cultural é tão abrangente, tão dançante, com ritmos e formas, cores e alegria, que acredito que somos responsáveis por não deixar que ela passe pela estrada do esquecimento. Reunimos em nossa memória coletiva, pedaços de “Brasis” com religiosidades e afetos muito  variados. Temos um pouco de cada um dentro de nossos corpos.
E, quando estamos abertos para algo, somos puxados e levados para a corrente que se forma nesse rio de complementos culturais e manifestações sublimes do s viver imples..Gosto de cada expressão popular,tenho vontade de conhecer, de participar, ver, tocar e sentir, se não de modo totalmente participativo, mas pelo menos observar e beber da fonte da beleza ,o que cada  movimento cultural tem e  que  caminha no viés das misturas do nosso país. Culturas em âmbito geral,expressões diversificadas, misturas religiosas, saberes profanos ,mas que são a essência do nosso modo de viver, pois a cultura é parte significativa da vida. Na verdade, pedacinhos da vida que se costuram através das expressões, dos folclores populares e que formam a toalha bordada da cultura.Assim, ainda me surpreendo quando vejo alguém  negar ou se esconder de algumas expressões culturais. Reviver as folias, os reisados, os maracatus, as capoeiras, os jongos,as cantorias que se batem palmas e se dançam com saias rodadas, estão todos dentro de nós. . Nada tem de satânico, nada tem mal.
Mas, como eu disse lá em cima, somos puxados pelas correntes, nesse último fim de semana fui presenteada com outra surpresa. Estava em uma festa de aniversário, quando de repente, pelo salão, entram três figuras populares e interessantes, um em cima de uma perna de pau,tocando triângulo, outra com um bumbo e outro ainda tocando sanfona. Todos fantasiados de palhaços, mas com vestimentas de caráter regional, coloridas e simples. Cantando, batendo e convidando todos a prestarem atenção à suas músicas, trazem o tradicional canto:”Hoje tem marmelada? Tem sim senhor! E o palhaço o que é? É ladrão de mulher!” Ficamos todos parados, observando a cena. A música para e somos convidados para ir lá para fora, para o jardim e assistir ao espetáculo. E eis, que de repente, o que se forma sobre nossos olhares curiosos são artistas do povo, com  um cenário simples e nos fazem desfrutar de um “Teatro de Mamulengo”. Gente, esse teatro é uma das expressões culturais mais regionais e brasileiras que temos. O mamulengo faz parte dacultura popular nordestina, sendo praticada desde a época colonial. Retrata situações cotidianas do povo que a pratica, geralmente situações cômicas e sátiras. Coisa simples, expressão novamente popular e que precisa realmente ser revivida, mostrada, apresentada mais vezes.

Título: Foto

O palhaço representa a maldade, os nossos medos, nossos enganos tropeços, mentiras, mas também alerta para sermos humildes e nos colocarmos aos pés do NOsso Senhor!

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