A Folha de S. Paulo noticia (vide aqui): os ferimentos à bala evidenciados em foto por ela obtida comprovam o que todo mundo soube já na época e a Comissão de Mortos e Desaparecidos depois confirmou, a covarde execução do comandante Carlos Lamarca pelos militares, depois de o terem aprisionado com vida.
O mesmo destino teve o Zequinha (José Campos Barreto), cujo irmão Olival declarou: "Essas fotos, desconhecidas, mostram claramente que houve uma execução".
Elementar, meu caro Watson.
Chocante mesmo para mim foi saber que a indenização concedida à família de Lamarca pela Comissão de Anistia em junho de 2007 (ver aqui) até hoje não está sendo paga em função de uma liminar obtida pelos três clubes militares. OU SEJA, JÁ SE PASSARAM CINCO ANOS SEM QUE O MÉRITO DA QUESTÃO FOSSE JULGADO!!!
Por que os processos relacionados aos direitos de antigos resistentes demoram tanto? Já lá se vão cinco anos e meio que um mandado de segurança meu se arrasta no STJ e um ano e meio desde que saí vencedor no julgamento do mérito da questão por 9x0. O trâmite deveria ser agilizado até por força da minha condição de idoso. Mas...
Há mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia (Shakespeare).
FARSA DESMASCARADA
Outra versão que não se sustenta mais graças a uma foto encontrada nos arquivos macabros é a de que o engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira teria morrido de uma doença no fígado. A imagem dele, 11 dias antes de ser assassinado pela repressão, é a de um homem em perfeitas condições de saúde.
O que também não constitui nenhuma novidade: o general Adyr Fiúza de Castro já havia reconhecido que Nin Ferreira, "quando foi entregue ao Exército, estava com umas marcas, havia sido chicoteado com fio no DOPS".
Ou seja, o bravo militar admitiu que a causa da morte foram as torturas, mas tentou jogar a culpa para o vizinho; quem detonou Nin Ferreira, na verdade, foi o DOI-Codi.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br