No Brasil é mais fácil ser branco, diz jornalista Sakamoto defendendo racialismo paternalista para os negros

Foi o que disse sobre o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicativo do nada surpreendente racismo em meio a divisão em classes sociais existentes no Brasil, o jornalista da Folha de SP & UOL, doutor em Ciências Políticas e professor da PUC-SP, Leonardo Sakamoto. Brasileiro de descendência asiática, o jornalista Sakamoto declarou isso baseado no Censo do IBGE segundo o qual, no país os negros ganham salários menores que os brancos. Então, ele afirmou que quando toca no assunto as pessoas lhe dizem: “Voce não entende nada de política corporativa, uma grande empresa não permite que uma pessoa branca ganhe mais que uma negra pela mesma função”.

De acordo com Sakamoto, o que as pessoas lhe dizem demostra uma certa incapacidade de extrapolar o  pensamento para além do visível. E aí, faz a indagação: “Como uma pessoa que crê em sobrenatural não iria conseguir trabalhar com abstrações?”. Logo em seguida, ele mesmo responde: “O curioso nisso é que me refiro à média das pessoas da sociedade brasileira”. Ainda segundo o jornalista, o mito da democracia ‘racial’ brasileira funciona como um bombardeio, uma vez que foi construído para servir a propósitos, não, como mito, porém como verdadeiro através de novelas, minisséries ou alguns programas de tevê que normalmente são concebidos por brancos.
Irônico, Sakamoto diz que o mito da democracia ‘racial’ na vida real é tão concreto quanto o são a curupira, o boto e a mulher de branco. Buscando justificar o seu paternalismo racialista para com os negros, o jornalista recorre à frase “Ah, mas o preconceito no Brasil é contra pobre, não contra negro!” Para Sakamoto isso seria o manto que encobriria o fato das pessoas não brancas não sofrerem discriminação. “A despeito da realidade de que proporcionalmente existam mais negros entre os pobres que brancos, tudo devido à herança maldita deixada pela abolição que nunca ocorreu totalmente”; enfatizou. A seguir, o jornalista aborda outros dados demográficos do censo do IBGE.
Já sobre dados demográficos do censo do IBGE mostrando as desigualdades salariais e educacionais entre negros e brancos, Sakamoto faz correta crítica ao fato do censo dividir os negros em pretos e pardos. Então, o jornalista se refere aos dados da região sudeste brasileira onde os rendimentos dos brancos é o dobro do dos pretos, existindo mais empregadores entre os brancos (3%) do que entre pretos (0,6%) e pardos (0,9%). O jornalista cita, por fim, os dados demográficos educacionais do censo 2010 do IBGE registrando 9,6% de analfabetos sendo 5,9% de brancos, 13% de pardos e 14,4% de pretos, ressaltando que 47,7% da população é constituídas de brancos e 50,7% de pretos e pardos.
Sobre desemprego o jornalista recorreu a um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrando o ano de 2005 como período-base. Que foi o seguinte: 6,3% entre homens brancos, 8,1% entre homens negros e 14,15 entre as mulheres negras. Quanto ao rendimento médio entre homens brancos e negros no período de 1995 a 2005, a diferença caiu 32,6%. Segundo tal estudo, embora tivesse ocorrido melhoria dos salários dos negros, o fato foi que os ganhos dos brancos pioraram. De acordo com Sakamoto não existe uma pesquisa honesta que comprove relação entre capacidade intelectual e cor da pele, ou ainda alguma razão biológica que faça alguns preferirem ganhar mais do que outros.
Para o jornalista a resposta para esse quadro está nas oportunidades a que cada um teve acesso e as barreiras à elas impostas pela cor da pele. Segundo ele, pretos, pardos e brancos deveriam ser tratados como iguais uma vez que são iguais. Porém, de acordo com Sakamoto, historicamente a eles não foi dado o mesmo tratamento. “Encarar, portanto, pessoas com níveis de direitos diferentes como iguais é manter no Brasil um bizarro status quo. Não bastam cotas em universidades. Temos que avançar para reservas de vagas em cargos da administração pública, no sistema judiciário e em outras instâncias. Não eternamente, mas, até conseguirmos corrigir o imenso fosso que separam brancos e negros”; concluiu.

O que diz o Movimento Negro Socialista (MNS) sobre isso.
A célebre frase “Racismo e capitalismo são os dois lados de uma única e mesma moeda” é o lapidar ensinamento do sindicalista e líder negro socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977) que foi adotada pelo MNS, desde sua fundação em 13/05/2006, como slogan. Daí existir concordância do MNS quando o jornalista Sakamoto afirma “no Brasil é mais fácil ser branco”. Isso, porque, diferentemente, por exemplo, da própria África do Sul e dos Estados Unidos onde – em função de suas peculiaridades históricas - existem burguesias branca e negra, no Brasil a burguesia é inteiramente branca. Como tal ela cumpre seu papel histórico que é ser dominante, exploradora e opressivamente racista.
Porém, o MNS se opõe à ideologia de dominação de uma classe social e ou povo sobre outra baseada na diferenciação étnico-racial (racismo) e à paternalista ideologia e ou crença fundamentalistas da existência de ‘raças’ entre a espécie humana (racialismo) defendido pelo jornalista Sakamoto. Para o MNS a política mais democrática, mais abrangente e mais eficaz desenvolvida pela espécie humana é a política pública universalista com excelência na qualidade, isto é, a de direitos iguais para todos e todas permanentemente. O mesmo sobre o combate ao racismo que oprime os negros e as negras do povo trabalhador como, por exemplo, o aperfeiçoamento e a aplicação contínua da Lei 7.716/1989 (Caó).
Então, ao contrário de historicamente ver os negros e as negras enquanto “pobres coitados necessitados de reservas de vagas, isto é, de cotas ‘raciais’ ainda que disfarçadas de políticas não permanentes” o MNS reafirma ser contrário à nefasta Lei 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade ‘Racial’) e às cotas universitárias para negros e indígenas. O que o MNS propugna são: Bibliotecas, Creches, Escolas inclusas as Técnicas Profissionalizantes e Universidades públicas, gratuitas e com excelência na qualidade para todos e todas. O mesmo em relação à Saúde nela inclusa a epidemia de anemia falciforme e Reformas Urbana e Agrária, ambas acrescidas da titulação às famílias remanescentes em quilombos.

*jornalista – é militante e membro da coordenação nacional do MNS.

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