Sob título "Nossa Avenida vai além do Carnaval", o deputado estadual e pré-candidato a prefeito Marcelo Freixo (PSOL) apresentou suas propostas para a Folia carioca ou o maior espetáculo da Terra. Parlamentar que presidiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra as milícias - grupos clandestinos de criminosos integrados e comandados majoritariamente por policiais e políticos - o deputado e pré-candidato a prefeito carioca do PSOL quer mudanças no carnaval. Porém, nem tanto assim. Suas propostas não defendem a reestatização do carnaval nem o afastamento do meio dos bicheiros e demais infiltrados acusados judicialmente de práticas criminosas com a conseqüente prisão deles.
Dentre as boas propostas apresentadas pelo pré-candidato a prefeito carioca do PSOL está a Subvenção Condicionada à Relevância Cultural dos Enredos. Que significa os seguinte: Caso uma agremiação opte por retratar uma marca, não deverá receber verba pública. A justificativa é que esta proposta não se trata, de forma alguma, de uma tentativa de dirigismo temático. "É apenas a busca pela gestão criteriosa de recursos para que as escolas de samba não se tornem canais de propaganda"; explicou Freixo. Já sobre os desfiles das agremiações, a proposta apresentada é a da criação da Sub-secretaria Municipal de Cultura Especial do Carnaval cujo órgão assumiria a sua organização.
Esta proposta deixaria tal Sub-secretaria em um nível inferior à Rio Tur (órgão turístico da prefeitura com status de Secretaria) não deixando claro também, por exemplo, quem conceberia os desfiles e efetuaria sua comercialização, que são feitos pela Liga "Independente" das Escolas de Samba do RJ (LIESA). Ou seja, a LIESA pratica o monopólio privado uma vez que a venda dos ingressos é feita através de uma única agência de turismo e uma única empresa comercializa comestíveis, água mineral, refrigerante, cerveja e demais bebidas alcóolicas. Como o maior espetáculo da Terra é do interesse público carioca, fluminense, nacional e mundial, tudo relacionado ao carnaval deve ser estatizado.
Para tanto, que seja criada uma Secretaria Municipal para cuidar da concepção, organização e execução nela inclusa a comercialização do Carnaval junto com a RioTur. As demais propostas de mudanças apresentadas pelo pré-candidato a prefeito carioca do PSOL deputado Freixo, devem ser consideradas corretas e coerentes com o interesse público. São elas: Apoio às agremiações dos Grupos de Acesso ou espécies de 2ª divisão (Acesso A) que desfila no Sábado de Carnaval na Marquês de Sapucaí, no centro da cidade. Já as espécies de 3ª divisão (Acesso B), 4ª divisão (Acesso C) e 4ª divisão (Acesso D) desfilam na Estrada Intendente Magalhães, no bairro Campinho, na zona norte.
As outras propostas de mudanças no Carnaval carioca apresentadas pelo pré-candidato a prefeito Marcelo Freixo que devem ser consideradas corretas e coerentes com o interesse público são: Apoios inclusos as preservações de todas as entidades carnavalescas e foliãs e de seus espaços comunitários. Que significa: Fomentar e distribuir geografica e democraticamente em todos os espaços públicos da cidade do Rio de Janeiro, os blocos e os cordões. Alertando que escolas de samba não podem ser rebaixadas à condição de blocos, nem estes tornarem-se escolas de samba através de órgãos de representação e controle, sem as democráticas decisões internas ou comunitárias.
Em relação ao projeto arquitetônico do sambódromo, o pré-candidato a prefeito carioca do PSOL acerta parcialmente quando defende o retorno ao projeto original através do fim das frisas - admitindo equivocadamente apenas de um só lado - para que tal privilegiado e elitista espaço da assistência seja transformado em espaço popular. Neste caso o correto é propugnar o fim das frisas das duas laterais com o mesmo propósito. Por fim, sobre transmissão televisiva do Carnaval é correto que Freixo queira o fim da exclusividade de uma só emissora privada, propugnando que o poder público quebre tal monopólio, abrindo espaço para a transmissão sem ônus das tevês públicas como a TV Brasil.
*jornalista - no RJ foi um dos fundadores do Grêmio Reacreativo de Arte Negra e Escola de Samba (GRANES) Quilombo e da Sociedade Cultural Apóstolos do Samba, em Macaé foi diretor de Relações Públicas da Princesinha do Atlântico em 1981 o último título da agremiação no Grupo Especial.