Um texto fundamental, a ponto de valer a pena recomendá-lo com três dias de atraso: Planeta não é sustentável sem controle do consumo e população , diz relatório.
Trata-se de notícia de Richard Black, da BBC News, cuja importância é pra lá de desproporcional ao destaque que recebeu da mídia brasileira. Para variar.
Besteirinhas sobre corrupção, que abarrotam espaços noticiosos sem nunca acarretarem mudanças concretas, são sempre preferíveis para quem quer manter o status quo. Parafraseando Shakespeare, a imprensa brasileira, desde o Collorgate, não parou mais de produzir tempestades de som e fúria, significando nada.
E, em meio à interminável lavagem de roupa suja, em nada tem avançado a luta para despertarmos o Brasil do pesadelo capitalista. O PIG sabe o que faz.
Então, falando do que realmente importa, recomendo a leitura da íntegra deste escrito alarmante (acesse aqui) e reproduzo os trechos principais, com grifos meus.
Alarmante porque nada indica que as providências sugeridas serão adotadas, salvo in extremis, quando a escalada da insanidade talvez já tenha atingido um ponto de não retorno.
Precisamos lutar com todas as forças para que tal não aconteça: é nosso dever para com os que virão depois de nós.
"O consumo excessivo em países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais pobres precisam ser controlados para que a humanidade possa viver de forma sustentável.
A conclusão é de um estudo de dois anos de um grupo de especialistas coordenados pela Royal Society (associação britânica de cientistas).
Entre as recomendações dos cientistas estão dar a todas as mulheres o acesso a planejamento familiar, deixar de usar o Produto Interno Bruto (PIB) como um indicativo de saúde econômica e reduzir o desperdício de comida.
O relatório da Royal Society será um dos referenciais para as discussões da Rio+20, cúpula que acontecerá na capital fluminense em junho próximo.
'Este é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com mudanças profundas na saúde humana e na natureza', disse John Sulston, presidente do grupo responsável pelo relatório.
'Para onde vamos depende da vontade humana - não é algo predestinado, não é um ato de qualquer coisa fora (do controle) da humanidade, está em nossas mãos'.
...O relatório recomenda que nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao planejamento familiar - o que, o estudo calcula, custaria US$ 6 bilhões por ano.
Se o índice de fertilidade nos países menos desenvolvidos não cair para os níveis observados no resto do mundo - alerta o documento - a população do planeta em 2100 pode chegar a 22 bilhões, dos quais 17 bilhões seriam africanos.
O relatório é da opinião de que a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias 'seguras' em termos de perda de biodiversidade, mudança climática e ciclo do nitrogênio, sob risco de sérios impactos futuros.
Segundo a Royal Society, além do planejamento familiar e da educação universal, a prioridade deve ser também retirar da pobreza extrema 1,3 bilhão de pessoas.
E se isso significa um aumento no consumo de alimentos, água e outros recursos, é isso mesmo o que deve ser feito, dizem os autores do relatório.
Nesse meio tempo, os mais ricos precisam diminuir a quantidade de recursos materiais que consomem, embora isso talvez não afete o padrão de vida.
Eliminar o desperdício de comida, diminuir a queima de combustíveis fósseis e substituir economias de produtos por serviços são algumas das medidas simples que os cientistas recomendam para reduzir os gastos de recursos naturais sem diminuir a prosperidade de seus cidadãos.
'Uma criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as do mundo em desenvolvimento', disse Sulston. 'A produção de gás carbônico, um indicador do uso de energia, também pode ser 50 vezes maior'.
'Não podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne ainda mais desigual'.
Países em desenvolvimento, assim como nações de renda média, começam a sentir o impacto do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a obesidade.
Em seu lugar, países precisam adotar um medidor que avalie o 'capital natural', ou seja, os produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente.
'Temos que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um planeta finito', diz Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade na universidade de Essex."
Do blogue Náufrago da Utopia