
Mas o que mais me intrigou foi ele assumir uma postura crítica em relação à atual administração, apontando tudo aquilo que deveria ter feito em seus três mandatos contando com volumosos recursos dos royalties. E, sem o saudável exercício da autocrítica, arriscou: - sou candidato motivado por uma solicitação do povo - esquecendo-se da baixíssima votação que teve aqui para deputado federal, sendo obrigado a cabalar votos fora para se eleger, como em Campos, onde a Polícia Federal chegou a prender cabos eleitorais seus, como um ex-vereador, com dinheiro no bolso agindo entre o eleitorado.
Faltou-lhe humildade ao não fazer um meia culpa e se lembrar da estação de tratamento de esgoto que importou da Alemanhã e ficou enferrujando ao relento na Linha Verde; dos cerca de 32 milhões gastos no Parque da Cidade, que ninguém frequenta; das invasões ocupando manguezais e a restinga, bem como daquele imenso símbolo (do S), um culto à vaidade, na confluência da Linha Verde com a Linha Azul, que consumiu milhões de reais, mas aguçou sua vista para apontar falhas do governo Riverton, como:
1 - TRANSPORTE URBANO: Disse o que todos aqui já sabem: o sistema de transporte na cidade está saturado. E que o projeto de implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) previsto para este ano, aproveitando o ramal ocioso que corta a cidade, vai poluir e gerar congestionamentos nas passagens de nível, lembrando o que acontecia quando das lentas manobras (o vaivém) dos trens de carga. Avaliou mal, pois o VLT vai tirar dezenas de ônibus de circulação e transportar confortavelmente mais gente, além de diminuir a poluição sonora e de gases.
Então, entrando na contramão, sugere sistema de ônibus elétricos. E ainda cutuca o prefeito Riverton, cobrando resultado das viagens à Espanha, Itália e ao Cariri, no Nordeste, para avaliar a adoção do sistema. Como se vê, raciocina mal, porque o VLT não fará manobras e as cancelas nas passagens de nível terão um tempo mínimo de fechamento.
2 - OCUPAÇÃO DO SOLO: Aponta a ocupação irregular com aterramentos e seus impactos ambientais, na Linha Azul e Linha Verde.
Mas também esqueceu que em seus três mandatos, dois consecutivos, manguezais foram invadidos e a então bela restinga do Balneário Lagomar, onde havia apenas 26 famílias em 1996, foi toda destruída (apesar de ter assinado um Termo de Ajustamento de Conduta com a Procuradoria do Ministério Público Federal, não cumprido) e ocupada irregularmente por mais de trinta mil invasores. Então, quando citou as viagens do atual prefeito, esqueceu daquela que ele e sua grande comitiva fizeram a Aberdeen para ver como os escoceses resolveram o impacto causado na cidade com a exploração do petróleo. Em seu retorno, ao lhe ser perguntado o que trazia de importante para ser implantado em Macaé, respondeu, em sua empolgação delirante, que construiria na periferia comunidades para, no máximo, 50 mil pessoas, com toda a infraestrutura que viu lá em Aberdeen. Promessa que o vento levou mas que a imprensa (Macaé Jornal ) registrou.
3 - EDUCAÇÃO PÚBLICA: Falou ele ainda em sua entrevista: - precisamos dotar a escola de condições para que seja espaço atraente não só para os alunos, mas para toda a comunidade. Precisamos discutir a educação em tempo integral.
Ora, a então vereadora petista Marilena Garcia, hoje vice-prefeita, ocupou várias vezes a tribuna para criticar os puxadinhos que o prefeito mandou construir em dezenas de casas alugadas, que não tinham espaço para atividades das crianças. Os Ciep`s de Darcy Ribeiro ficaram de lado. Inclusive, a secretária de Educação da época, indagada por que havia baixíssima taxa de matrículas numa escola de tempo integral e para mil alunos, alegou que muitas crianças, apoiadas pelas mães, não queriam estudar nos Ciep`s por ser escola para meninos de rua.
4 - MERCADO DE TRABALHO: Falou que Macaé tem grande oferta de empregos, mas a dificuldade de acesso dos trabalhadores a esse mercado ainda tem dificuldades. E apresenta uma sugestão: a utilização do Centro de Convenções para cursos profissionalizantes.
Só que o jovem secretário municipal de Trabalho, Marcos Crespo, tem se esforçado muito nesse sentido e conseguido preparar expressivo número de desempregados e encaminhá-los às vagas oferecidas.
5 - SEGURANÇA PÚBLICA: Sylvio, depois de sério problema social surgido ao longo de seus dois últimos mandatos, demonstrando falta de preparo, foi buscar experiência fora do país, convidando um sociólogo colombiano, Hugo Acero, para com ele percorrer os bairros Nova Holanda, Malvinas e Fronteira. No final dessa visita, ele diz que chegou à "genial" conclusão: na ocasião, concordamos num ponto: as ações repressivas na área de segurança pública deveriam ser precedidas de ações sociais.
Ora, não haveria repressão alguma se as invasões fossem contidas. Então, o elevado nível de violência em Macaé deve-se à omissão administrativa, porque os prefeitos não souberam proteger a antes pacata cidade da ocupação desordenada da periferia. À cata de votos, os políticos e os administradores adotaram o laissez faire (o deixa fazer), incentivando as ocupações com doação de materiais de construção. Se em 1996 havia apenas 26 famílias no Lagomar com sua mata preservada, segundo levantamento do Ministério Público Federal, hoje passa de trinta mil pessoas, obrigando a prefeitura a gastar milhões em obras de infraestrutura, abortando o projeto de um balneário com lotes de 5.000 m2 e mata preservada, como ocorreu em Iriri. a conhecida Lagoa de Coca-Cola, em Rio das Ostras.
Como cidadão que deixou aqui seu cordão umbelical e viveu sua juventude num ambiente de bela natureza e de comunidade familiar, sinto-me na obrigação de reagir em face dessa nova ameaça e seguindo o que disse o então (2006) ministro do Tribunal Superior Eleitoral Marco Aurélio de Mello: -"O candidato que tem alguma coisa a esconder não deve ser candidato. O homem público é um livro aberto, ele vai para a vitrine. E, aí, não cabe evocar a privacidade como garantia constitucional". Assim, não devemos ser apenas expectadores, observadores do processo histórico, mas agentes, atuando no meio político, opinando, contagiando, para evitar que gente despreparada, sem visão, adoradores de si mesmos assumam administração de uma cidade tão importante como a nossa.
MAGISTER DIXIT
Lamentavelmente, ministro da alta Corte de Justiça, Marco Aurélio de Mello, dá uma triste demonstração de corporativismo ao tirar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a atribuição de investigar magistrados corruptos. É um retrocesso. Sentem-se suas excelências no Monte Olimpo, morada dos doze deuses gregos, distantes dos mortais. Em pleno século XXI, raciocinam como os escolásticos medievais que impunham seus dogmas sustentados no magister dixit, no pensamento Aristotélico. Com muitos corruptos e tardia no julgamento, a Justiça falha e perde credibilidade.
Já em relação aos políticos, o ministro diz que ele é "o político é um livro aberto, ele vai para a vitrine. E, aí, não cabe evocar a privacidade como garantia constitucional". Assim também deveria ser o Judiciário.
O FENÕMENO NEYMAR
A exagerada exibição das qualidades de Neymar levou seus torcedores a apostar no arraso que faria em campo, deixando Messi e seu Barcelona de queixo caído. Não foi Messi, mas o estilo de jogo, o conjunto bem arquitetado, envolvente, sem individualismo, que neutralizou e humilhou o Santos. Prevaleceu o trabalho de equipe. Que a lição seja absorvida.