É impressionante como estão conseguindo esfacelar a família. A ideia de transformar nossas crianças em consumidores deu tão certo que, hoje em dia, os vendedores não perguntam mais aos pais o que querem comprar para seus filhos, mas, dirigem-se às próprias crianças perguntando o que desejam.
Também se considera interessante que nossas crianças passem o dia todo na escola, longe da família, com a desculpa de afastá-las das ruas e das más companhias. Assim seus pais podem trabalhar o dia todo e assegurar dinheiro suficiente para comprar a TV de plasma, o celular e os eletrodomésticos que tiveram seus preços diminuídos. É tudo tão maravilhoso que chego a ficar comovida.
Essa é a felicidade que estão nos oferecendo: trabalhar cada vez mais, para ganhar cada vez mais, para consumir cada vez mais... Enquanto isso, nossas crianças devem ficar nas creches e nas escolas, preferencialmente em período integral, aprendendo muito acerca de seus direitos e quase nada acerca de seus deveres.
Sei que muitos irão dizer que não é necessário bater para educar, e que uma boa conversa quase sempre resolve. Quem trabalha na área certamente sabe que as pessoas são diferentes, e o que serve para determinada criança não serve para outra. Estímulos positivos e aversivos sempre estiveram presentes na educação (a psicologia comportamental que o diga), e sempre surtiram resultado quando aplicados da forma adequada.
Até mesmo o Senhor Deus criou mecanismos de desconforto físico para nos alertar quanto aos perigos iminentes. Qualquer pessoa que coloca a mão em chapa quente sabe disso, pois é exatamente o incômodo experimentado na ocasião que ensina acerca do perigo do calor excessivo. Uma palmada bem dada, na hora certa, previne muitos males futuros. A correção é necessária, e privar os pais desse recurso não vai em absoluto resolver o problema da violência doméstica no país.
Que tal um investimento na capacitação dos pais? Ao invés de abolir um recurso eficaz na educação e correção dos filhos, acrescentar outros de igual ou até maior eficácia, certamente seria muito bom e adequado, num momento delicado como este, em que a nossa juventude se perde no consumo exagerado de bebidas e entorpecentes.
Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) é escritora.
Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.