Marialva Neto Gentil em fotografia recente, no ano de 2011. Marialva esta atuando no cargo como chefe de gabinete da vice-prefeita Marilena Garcia
Marialva nasceu em 23/01/1950 no município macaense, oriunda de família humilde.
Filha dos comerciantes Ari Silva Neto - 91 anos - e Irany Mendes Neto - falecida - passou a infância e adolescência ajudando seus pais nas atividades da loja da qual eram proprietários (o Armarinho ‘A GAROTA', localizado na Rua da Igualdade), onde vendia-se de tudo um pouco: tecidos, agulhas, cadernos, brinquedos, presentes, dentre outras mercadorias como roupas e uniformes que dona Irany (Nini-como era chamada) confeccionava.
Vestida de noiva para o casamento, Marialva Neto a 02-01-1969. O referido traje foi confeccionado por sua mae, dona Irany Mendes Neto - hoje falecida - que era carinhosamente conhecida pelas pessoas com o apelido 'Nini'
Marialva - que tem três irmãos, Lúcia Maria, André Luiz e Geuda (prima e irmã de criação) - quando criança, adorava brincar das mais diversas atividades infantis como jogar futebol, queimado, bola de gude e peão, além de brincar de pique e andar de bicicleta. Sobre a infância, é bom citar que - além de ela ter tido uma infância simples e repleta de alegrias - uma das lembranças especiais e marcantes foi o convívio com a sua avó paterna - dona Liberalina, apelidada pela família de ‘Vovó Bela' - pelas mais lindas histórias que ela contava e que Marialva adorava ouvir.
A foto registra momento do concurso 'Miss Macae 1967' no 'Ypiranga Futebol Clube', quando as 6 misses de clubes e entidades macaenses estao na passarela. Marialva Neto e a 3 da direita para a esquerda (com maio branco)
No inicio de 1967, Marialva foi convidada para disputar o ‘Miss Macaé' - em desfile a ser realizado no ‘Ypiranga Futebol Clube' - tendo recebido orientações sobre as técnicas de postura e desfile com as macaenses Magdá Garcia (mãe da Vice-Prefeita Marilena Garcia) e de Licy Cure, tornando-se a representante do ‘Fluminense Futebol Clube' no referido Concurso de Beleza.
No dia da final, ela brilhou com seus 1 metro e 74 centímetros de altura. No desfile de traje de banho, ela estava com maiô de cor branca. No desfile de traje de gala, o vestido que ela usou - confeccionado por sua mãe Irany - tinha um decote quadrado com tecido em tons de laranja, amarelo e dourado. Marialva venceu a disputa. A próxima etapa seria participar do Concurso ‘Miss Estado do Rio', realizado no dia 03/06/1967, no Automóvel Clube, em Campos dos Goytacazes, contando com 28 misses.
Na festa do 154 aniversario de Macae, a 29-07-1967, Marialva Neto - a miss que estava reinando - desfila em carro aberto homenageando a pesca. O traje que ela esta usando foi confeccionado pelo saudoso Sergio Quinteiro
No dia do evento, ônibus e carros saiam de Macaé rumo à Campos, conduzindo os macaenses que foram torcer por sua conterrânea. Uma faixa com a mensagem ‘Marialva, Macaé confia em você!' foi fixada no local. No desfile de traje de banho, a macaense ostentou um maiô azul turquesa. E no desfile de traje de gala, ela repetiu o que tinha usado no concurso em Macaé. A Miss Macaé ficou entre as finalistas, conquistando o 8º lugar. Venceu a concorrente da cidade-sede, a Miss Campos dos Goytacazes, Maria da Graça Kuri - que participou do evento do ‘Miss Brasil 1967', sendo semifinalista.
Marialva gostou de ter participado do concurso estadual, afinal, o clima de alegria e amizade era muito bom. Em Macaé, o prefeito da época, Cláudio Moacyr de Azevedo, ajudou muito, colaborando em suas obrigações como miss. Além disso, Cláudio Moacyr sempre a convidava para participar de eventos, como os bailes de debutantes na cidade. Ela participou da festa do 154º aniversário do município (29/07/1967), tendo desfilado em carro aberto confeccionado pelo saudoso Sérgio Quinteiro. Visitou vários municípios como Conceição de Macabú, Quissamã e Resende, participando de desfiles nessas respectivas cidades. Outro município que ela visitou foi São Gonçalo, onde brilhou num Baile de Debutantes. Em sua terra natal, Marialva ficou na lembrança dos macaenses, sendo sempre citada pelos que vivenciaram aquela época em que os Desfiles de Misses eram famosos mundialmente.
No ano seguinte, 1968, passou o cargo à sua sucessora e se formou professora no fim do ano.
Na data de 02/01/1969, ela casou-se com Antônio Osvaldo Gentil (paulista de Barretos), passando a assinar ‘Marialva Neto Gentil', tendo sido seu vestido de noiva confeccionado por sua mãe.
Após a cerimônia, mudaram-se para Conceição de Macabú, onde trabalhou como professora e ali residiram até 1973 quando retornaram para Macaé.
É interessante citar que ela conheceu o esposo no dia da final do espetáculo do ‘Miss Estado do Rio 1967'. Tudo iniciou num dos momentos em que ela estava desfilando, quando sorriu em direção para a sua torcida e percebeu que ali tinha um rapaz de camisa cor de abóbora que não era macaense e ela nunca o tinha visto antes. Antônio Osvaldo estava ali no dia para assistir o desfile e se encantou pela macaense à qual estava torcendo.
Esta fotografia de Marialva Neto Gentil foi tirada em 2002 - 35 anos depois que ela tinha sido miss - e ela estava desfilando para a bouquite macaense da 'Cantonatta'. Nesse instante, Marialva se recordou das passarelas
A partir de 1973, a ex-miss ao retornar para sua cidade, cursou a 1ª turma de ‘Letras' da FAFIMA (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé), graduando-se em 1977, sempre trabalhando como professora. Tempos depois, Marialva Gentil começava a atuar em outros cargos na área da Educação, como: orientadora pedagógica, auxiliar de direção, diretora, agente de administração escolar, dentre outros.
O fato de ter pertencido a uma família de comerciantes, com certeza influenciou na sua vida profissional, já que, após aposentar-se, trabalhou durante alguns anos como gerente de uma loja de roupas infantis em Macaé. E durante um período na sua vida, foi proprietária da loja Bougainville, especializada em cama, mesa e banho, na conhecida ‘Galeria Carapebus'. Marialva sempre valorizou este trabalho por gostar do contato com o público.
Na época do segundo mandato de Leonel de Moura Brizola (Brizola) no estado fluminense - 1991 a 1994 - Marialva foi convidada por ele e também pelo político macaense Carlos Emir Mussi, para assumir o NEC - Núcleo de Educação Comunitária - em Macaé. Na mesma época, a Secretária de Educação do Estado, Maria Yedda Linhares resolveu transformar os NECs em Agências de Administração Escolar, e implantou as Coordenadorias Regionais. Convidou Marialva para ser a coordenadora da região da ‘Baixada Litorânea' - região que compreendia 11 municípios, como: Casimiro de Abreu, São Pedro da Aldeia, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Saquarema, Rio Bonito, Maricá, Araruama, Silva Jardim, Rio das Ostras além da cidade macaense, época em que deslocava-se com freqüência devido as reuniões e eventos que aconteciam nestes municípios.
Entre 1993 à 1996 - época do segundo mandato de Carlos Emir Mussi como prefeito de Macaé - Marialva tornou-se Secretária Municipal, acumulando 3 pastas: Educação, Esporte e Cultura. E sobre essa época faz questão de ressaltar que foi uma fase ótima em sua vida, pois ela conseguiu ‘humanizar' o setor educacional. Além disso, ela trabalhava com prazer, pois tinha laços amistosos com uma equipe pequena porém coesa e de ótima qualidade.
A escritora e servidora da prefeitura de Macaé, Regininha Moreira, é uma das pessoas que - além de ter trabalhado diretamente com Marialva Gentil nesse período em que ela foi Secretária de Educação - gosta de recordar o tempo em que a ex-miss Macaé comandava a Educação. "Trabalhar com Marialva era gratificante. Sempre sorrindo, não deixava de cumprimentar a todos com um entusiasmado "BOM DIA". Ela não se escondia das pessoas, nem se trancava no gabinete. A porta vivia aberta e quando alguém fechava, ela dizia: "deixa a porta aberta". E este ‘DEIXAR A PORTA ABERTA' era um aviso de que seu coração estava acessível para acolher a todos, como um traço de sua personalidade. Ela conquistou muitas amizades.", diz Regininha, que atualmente trabalha no Pré Vestibular Social de Macaé, e acrescenta: "Além de ter promovido sistematicamente cursos de capacitação para os professores das diversas áreas, implantou a Sala de Leitura Infantil Monteiro Lobato, que funcionou no Centro Macaé de Cultura. Também o Curso de Contadores de Histórias, em parceria com a Petrobrás (Projeto Leia Brasil), criando a seguir vários grupos de contadores de história que se espalharam pelo Município. Dinamizou a cultura macaense com o: Festival de Teatro, Festival de Dança e Festival de Poesia (em parceria com Valter Villar Produções). Implantou a Via Sacra na praia da Imbetiba, o JEEM (jogos que envolviam as escolas do município), as atividades artísticas e desportivas para as crianças da periferia (aulas de desenho, teatro, capoeira, ballet, jazz). Preocupava-se com uma merenda de qualidade, não deixando faltar a alimentação nas escolas. Empenhou-se para a municipalização dos Cieps, incentivou o Prefeito Carlos Emir a construir e reformar as Unidades Escolares, aumentando a rede de Ensino Municipal. Enfim, foram muitas realizações. Já ouvi muitos depoimentos de antigas funcionárias da Prefeitura que trabalharam na época em que ela era Secretária, todas com as mesmas palavras de carinho e gratidão por tudo o que Marialva representou. Ela deixou muitas saudades na Educação", conclui Regininha, que nessa época coordenava a ‘Sala de Leitura Infantil Monteiro Lobato'.
No ano 2000, Marialva se candidatou à vereadora no município macaense sob o lema " Educar para Conviver". Apesar de ter traçado em seus planos, estabelecidas idéias e posições de governo fundamentais, surpreendentemente não foi eleita. Sobre este período, Regininha Moreira que acompanhou intensamente , tem a dizer que "Marialva na política faz a diferença. Tem um espírito solidário e humano. Respeita e trata com carinho qualquer pessoa, independente da atuação partidária. Um dia eu perguntei como ela consegue viver neste meio e ela respondeu-me que estar inserida neste ambiente é uma forma de permanecer junto das pessoas e ajudá-las em suas dificuldades, na medida do possível."
Entre 2005 à 2008, Marialva atuou como chefe de gabinete da vereadora Marilena Pereira Garcia - que atualmente é a vice-prefeita de Macaé. "Quando atuou no gabinete da então vereadora Marilena Garcia, Marialva coordenou o Projeto Câmara Juvenil, onde orientava os 12 jovens representantes de escolas municipais para o exercício da cidadania. Até hoje quando encontro aqueles jovens, eles falam em Marialva com admiração e saudade", conta Regininha Moreira.
Desde 2009 - no segundo mandato do Prefeito Riverton Mussi - ela está exercendo o cargo de chefe de gabinete da atual vice-prefeita e ex-vereadora ‘Marilena'.
Nos dias atuais, Marialva cultiva - além de suas atividades profissionais no gabinete da vice-prefeita - a sua vida familiar, tendo hoje 5 netos que a cercam de carinho e alegrias (Marcela, Isabela, Vitor, Júlia e Miguel). Sobre esta geração, a única tristeza é saber que em função da violência que infelizmente aqui também se instalou, seus netos não podem aproveitar a infância e a adolescência da mesma maneira como ela e seus filhos usufruiram, com maior liberdade e segurança.
Dizer que os cidadãos macaenses muitas das vezes esquecem de valorizar os seus conterrâneos, ou reconhecem com mais ênfase às pessoas que vieram de outros lugares, é uma realidade que pode ser alterada. Um exemplo disso é que no presente momento esse paradigma foi realmente modificado, pois uma conhecida macaense da sociedade local - que sempre foi dotada de seriedade, respeito, simpatia, alegria, carisma e graça - enfeitou o espaço aqui presente, nesse resumo sintético sobre a sua história de vida: Marialva Neto Gentil, cujo nome está incluído nas páginas 173 a 175 do Livro "Macaé - Nossas Mulheres, Nossas Histórias", lançado em 2006 em nosso Município.
Raphael Guedes Marinho.