2011, Pedro I, Fernando Collor e Lindberg Farias...

No ano de 1822 no dia sete de setembro era proclamada a independência do Brasil de Portugal. Pedro I, o filho de João VI fora o líder de tal acontecimento. Muito pouco tempo depois, Pedro, o libertador dá um golpe na constituição, não a jurando como havia prometido e instaura uma ditadura, chegando a fechar o congresso. Pedro não queria ter seu poder limitado por uma constituição. Queria poderes plenos, déspotas. Passados mais alguns anos em meio às revoltas,conflitos internos e externos chegando a perda de território (que viria a compor o Uruguai em 1928) o mesmo “libertador” se vê forçado a deixar o Brasil, sendo quase, ou mesmo expulso do país. Era uma mudança e tanto. Passadas algumas décadas, Pedro I se torna herói em quadro de Pedro Américo, que fora mandado pintar pelo outro Pedro, o segundo, filho do primeiro. Era uma homenagem ao pai, seu herói, que ele mesmo mal chegara a conhecer.

Em sete de setembro de 1972, os militares comemoravam o aniversário da independência, aquela mesma lá do Pedro libertador que logo depois fora expulso do país. Médice, nosso presidente general, ou vice e versa presidiu um desfile na avenida paulista. Nessas comemorações os restos mortais de Pedro, o herói, não o que fora expulso, foram transladados de Portugal para o Brasil, para finalmente descansar na capela do monumento do Ypiranga, depois de uma longa peregrinação por várias cidades do país.

O que me questiono é como é que se criam os “heróis” com o passar do tempo. Como é que mudam o “caráter” de determinadas figuras para se constituir o panteão nacional, criar uma identidade, criar um povo, um país. Vem-me a cabeça uma famosa frase referente à unificação italiana, da transformação de vários feudos no que hoje conhecemos como Itália. A frase é a seguinte: ”Criamos a Itália, agora temos de criar os italianos”...

Nesta semana que passou tivemos a posse da primeira presidenta do Brasil. Junto a isto, ministros, deputados, senadores e secretários também foram empossados. Em uma das transmissões de ministérios tivemos um destes casos de como as coisas mudam. Fernando Collor, nosso ex- presidente alijado do cargo por denúncias de corrupção e atualmente exercendo cargo de senador da república, esteve presente. Era a transmissão de cargo da secretaria de relações institucionais. O petista Luiz Sérgio, novo ministro e o ex, Alexandre Padilha fizeram questão de elogiar Fernando Collor (por quê?), que também fora aplaudido pela maioria do público presente ao ato. Atitude interessante foi a do ex- cara pintada e líder estudantil Lindberg Farias, que foi ao encontro de Collor para saudar-lhe com um singelo aperto de mão. Como é que são as coisas. Em 1992 Lindberg “pintava” Collor como a imagem do que haveria de pior na política brasileira, e hoje são colegas de Senado, podendo possivelmente se tornar aliados brigando por causas comuns ao povo brasileiro (!?) .Sinceramente, se me perguntarem onde fica, ou o que significa a casa da mãe Joana no Brasil, não hesitarei em apontar para Brasília. Acho que todos vocês também. Grande abraço a todos e boas surpresas neste ano...

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