Como se sabe, os principais acusadores dos iranianos são os norte americanos, que em matéria de “confiabilidade” tem nota zero em qualquer avaliação séria. Veja-se o caso do Vietnã, do Iraque e do Afeganistão, que baseados em mentiras mataram milhões de pessoas, apenas por interesses econômicos. Isto é fato. Mentiras para ganhar dinheiro.
Os americanos do norte defendem que apenas eles e seus aliados têm o direito de possuir armas de destruição em massa. Os americanos do norte acham absurdas as condenações à pena de morte no Irã. Mas eles fazem o mesmo com suas cadeiras elétricas.
Os livros de Paulo Coelho foram proibidos no Irã. É dito que se deve a manifestações de apoio do escritor a um amigo iraniano, e por protestos por conta da morte de uma ativista contraria ao governo atual. Alexandre Garcia disse no dia 11 deste janeiro que “nós não sabemos o que está acontecendo no Irã.” Concordo plenamente. Com as informações extremamente parciais a que somos submetidos pelos nossos jornalistas extremamente parciais, sempre estaremos mal informados Alexandre.
Baseado naquilo que não sei a respeito do que se passa no Irã, fico a me perguntar se lá, morrem tantas pessoas nas filas dos hospitais a esperar por um simples leito, ou um transplante de órgão. Se morrem tantas pessoas assassinadas como no Brasil, que só em Salvador este ano (é, este ano) já foram assassinados mais de 50 pessoas apenas nos primeiros dez dias do ano. Se lá tantas pessoas desaparecem depois de entrar em viaturas policiais. Se morrem tantos jovens como aqui na saída dos estádios de futebol. Se homossexuais são tão discriminados como aqui, em que jovens de classe média saem agredindo estas pessoas simplesmente por sua condição sexual (no Irã a mudança de sexo é permitida e financiada pelo sistema de saúde, que fornece nova documentação para a pessoa). Pergunto-me se tantas pessoas morrem soterradas a cada dia de chuva nas cidades iranianas. Se na volta para casa depois de um fim de semana de festas, as estradas ficam cheias de mortos que sempre ultrapassam as centenas. Se a corrupção é tão difundida, tão desenfreada e tão sem punição como aqui, um país democrático e cristão. Há que se lembrar que o nível de desenvolvimento humano do Irã é considerado médio, assim como os do Brasil,da Venezuela, do Gabão, Vanuatu, Comores, Suazilândia, Belize, Fiji e Quirguistão (que grupo hein!). Deveríamos estar um pouco melhor que eles, você não acha?
No caso dos norte americanos, os fatos não mentem (a TV sim). Estes são de fato os maiores terroristas do mundo. Para impor seus interesses econômicos os americanos do norte usam da força, das armas, e da total violência em nome de sua estabilidade. Estabilidade esta que precisa da manutenção das guerras, da violência, já que sua economia depende em muito da sua indústria de armamentos, que sem o medo dos conflitos e dos conflitos de fato, iriam à falência. No caso do oriente médio, fazem-se necessárias ações para o controle de sua produção de petróleo. Se determinado país oriental não estiver de acordo com a política norte americana, será chamado de violador de direitos humanos, construtor de bombas de destruição em massa ou qualquer outra mentira equivalente. Essa é a lógica imperialista ianque, que é assinada em baixo por todos os outros países subservientes, que por acaso entre estes, se encontra o nosso.
Em dezembro de 1989 o inimigo era o Panamá, que fora invadido apenas por conta de seu canal. A invasão do Kuwait em agosto de 1990 por Saddam Hussein foi um forte argumento para os americanos colocarem novamente em funcionamento sua “máquina de guerra de defesa da democracia”. Na verdade era a defesa dos poços de petróleo. Sem contar que os dirigentes do Kuwait eram lacaios americanos, e neste caso precisavam ser defendidos. Após a invasão do Afeganistão, agora já neste novo século, logo após os ataques “terroristas” de 11 de setembro, os americanos conseguiram fazer com que em poucos anos a produção de ópio que vinha sendo reduzida a índices mínimos pelo governo talibã, chegasse a 70% da produção mundial, exatamente nas áreas em que o exército americano ocupa. Estas informações que nossa mídia global não nos repassa é o que me faz concordar com o Alexandre Garcia: “nós não sabemos o que se passa no Irã”.