Lidar com o luto é um desafio dos mais complexos. O filme israelense ‘Foxtrot’, dirigido por Samuel Maoz, traz uma reflexão tão profunda sobre o tema, que chega a doer. Ele penetra nas entranhas das dores dos personagens e levanta questões fundamentais sobre as maneiras de lidar com a falta de uma pessoa querida.
Tudo começa quando uma família recebe a notícia de que o seu filho morreu prestando o serviço militar. A mãe entra em choque e é sedada imediatamente pelos portadores oficiais da notícia. O pai cai num silêncio profundo e busca encontrar forças para sobreviver.
Uma complicação maior surge quando o exército admite que a sua comunicação foi equivocada. O jovem está vivo. O pai exige o seu retorno imediato para a família e, nesta jornada, morre num acidente de carro. Todo esse processo é pontuado ainda por acontecimentos que envolvem cada um dos personagens e determinam suas ligações com experiências de morte.
O foxtrote, estilo de dança relativamente simples com movimentos que sempre retornam ao ponto de partida, funciona como a metáfora das dificuldades da mente humana de lidar com ausências. As trajetórias da vida de cada um de nós, como no filme, parecem girar, com diversas intensidades rumo ao mesmo silêncio mortal. Não deixe de ver!
Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.