Terceiro colocado em 2017 e atual líder do ranking LIESA, o Salgueiro em 2018 terá a estreia do carnavalesco Alex de Souza, com o autoral & afro enredo: "Senhoras do ventre do mundo". Que foi extraído de outro do próprio Salgueiro, 7º lugar em 2007, intitulado: "Candaces" do casal de carnavalescos Renato & Márcia Lage que em 2018 trabalhará na Grande Rio. No Salgueiro o casal de carnavalesco desenvolveu o enredo 2009, no último título conquistado pela agremiação intitulado: "Tambor". Já o carnavalesco Alex de Souza que ainda não tem título o consagrar, é egresso da Unidos de Vila Isabel que para o Carnaval 2018 contratou o carnavalesco campeão 2017 pela Portela, Paulo Barros.
Assim, em meio a "pressão" por títulos é correto em termos de marketing o Salgueiro se auto denominar a Academia do Samba, sendo a agremiação vermelho-branco do bairro Andaraí, afilhada da gloriosa Estação Primeira de Mangueira. Esta, depois que se sagrou campeã 2016 na estreia do carnavalesco Leandro Vieira, então egresso da 2ª divisão/Série A, passou a utilizar o equivocado marketing: "A maior escola de samba do Planeta" e o carnavalesco passou a ser considerado, por dirigentes mangueirenses e torcedores-idólatras 'leandrovieiristas' comparável até mesmo ao mais vitorioso com oito títulos e que dá nome à Cidade do Samba, o genial carnavalesco Joãosinho Trinta (1933-2011).
Vale dizer, a autodenominação-marketing Academia do Samba utilizada pelo Salgueiro é correta, não pelo conceito burguês consequentemente elitista da expressão Acadêmicos. Mas, sim porque a comunitária e tradicional agremiação do bairro Andaraí é bem sucedida em seu slogan (nem melhor nem pior, uma Escola diferente) sempre através de apresentações que aliam grandiosos desempenhos na busca por bons resultados. Não por outra razão, além de ser detentora de nove títulos de campeã conquistados na 1ª divisão/Grupo Especial do Carnaval Carioca (1960/3/5/9, 1971/4/5, 1993 e 2009) a partir do vice em 2008, o Salgueiro não mais deixou de voltar triunfalmente no desfile das campeãs.
No ranking LIESA 2013-2017 o Salgueiro lidera com 60 pontos, a Unidos da Tijuca é vice (57), em 3º a Portela (56), em 4º a Beija Flor (53), em 5º a Estação Primeira de Mangueira (37), em 6º a Grande Rio (36), em 7º a Imperatriz Leopoldinense (34), em 8º a Mocidade Independente (27), em 9º a Unidos de Vila Isabel (25), em 10º a União da Ilha (17), em 11º a São Clemente (08 pontos) e em 12º/último lugar a Tuiuti, a Império Serrano mais a Estácio, a Viradouro, a Império da Tijuca e a Inocentes de Belford Roxo (ainda não pontuaram). Pra ter-se ideia da excelência do Salgueiro nos quesitos enredo e samba-enredo, 4º lugar em 2016 quando não 'brigou' pelo título, ambos os quesitos intitulados: "A ópera dos malandros" obtiveram unânimes quatro notas 10.
Por fim, de coautoria dos compositores Xande de Pilares, mestre Demá Chagas, o bamba Dudu Botelho, Jassa, Renato Galante, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, Vanderlei Sena, Ralfe Ribeiro e W. Corrêa, intitulado "Senhoras do ventre do mundo" a íntegra da letra do samba-enredo 2018 do Salgueiro é:
"Senhoras do ventre do mundo inteiro/A luz no caminho do meu Salgueiro/A me guiar…Vermelha inspiração/Faz misturar ao branco nesse chão/Na força do seu ritual sagrado/Riqueza ancestral/Deusa raiz africana/Bendita ela é… E traz no axé um canto de amor/Magia pra quem tem fé/Na gira que me criou. É mãe é mulher a mão guardiã/Calor que afaga poder que assola/No vale do Nilo a luz da manhã/A filha de Zambi nas terras de Angola. Guerreira feiticeira general contra o invasor/A dona dos saberes confirmando seu valor. Ecoou no quariterê/O sangue é malê em São Salvador. Oh matriarca desse cafundó/A preta que me faz um cafuné/Ama de leite do senhor/A tia que me ensinou a comer doce na colher/A benção mãe baiana rezadeira/Em minha vida seu legado de amor/Liberdade é resistência/E à luz da consciência/A alma não tem cor. Firma o tambor pra rainha do terreiro/É negritude... Salgueiro. Herança que vem de lá/Na ginga que faz esse povo sambar".
*jornalista – é militante do MNS e da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a Esquerda Marxista (EM) corrente interna do PSOL.