Missão Voyager

Em 1977, a Nasa lançou ao espaço duas sondas, a fim de explorar zonas pouco conhecidas no Sistema Solar. A missão das Voyager permitiu aos cientistas avolumarem seus conhecimentos a respeito do universo observável, expandindo os horizontes da própria humanidade. Há dois anos, a Voyager 1 entrou para a história como o objeto construído pelo homem a alcançar a maior distância do Sol já registrada – cerca de 18 bilhões de km. Em breve, com o esgotamento das baterias, ela iniciará sua tarefa mais duradoura: levar nossa memória adiante.

Carl Sagan, uma das mentes brilhantes envolvidas no projeto, convenceu a equipe da Nasa a orientar a Voyager 1 para tirar uma última foto da Terra. O resultado é uma obra de arte antropológica, que instila a reflexão. Naquele pálido planetinha azul, um pontinho insignificante no meio da imensidão, nós prevalecemos. Ali jaz cada pessoa que você amou, tudo o que você conheceu. Cada ato de carinho de um pai para um filho. Cada enorme injustiça. Cada religião orientada pela crença e fé. “É ali, é a nossa casa, somos nós”, disse Sagan.

Reunindo uma equipe multidisciplinar, a Nasa carregou as Voyager com uma mensagem da humanidade para outras civilizações. As sondas guardam um disco de ouro nominado ‘The sounds of earth’, que manterá reminiscências terrestres circulando pela imensidão por milhões de anos. Quem sabe, num futuro distante, outras espécies do universo não encontrem tal arquivo de nossa existência?

Os discos foram gravados com fragmentos da identidade de nosso planeta. O som de uma baleia. O choro de uma criança. Saudações em mais de 59 línguas humanas, além de outras importantes informações sobre a vida na Terra. Tudo isso ecoará por milhões de anos. As sondas poderão continuar sua missão quando já estivermos extintos. Diante de um vaticínio como esse, creio que uma mensagem tão etérea é algo pessoal. O que você diria?

Eu diria que nossa raça foi capaz de grandes episódios, para o bem e para o mal. Mas existiu amor. Eis um sentimento que transcende o universo, indo mais longe que qualquer sonda da Nasa. Um ato de amor é tudo que os extraterrestres precisam saber sobre nós. A infelicidade, a tristeza, a violência... que fiquem enterradas bem fundo no passado. Somos muito mais que isso. Todos nós. Boa sorte às Voyager em sua tarefa de levar nossa história adiante. O infinito deve ser belíssimo.

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