Memórias do Rio Itabapoana (final)

Com o 130 artigo desta série, chegamos ao fim de nossa navegação pelo rio ItaAbapoana, partindo de sua nascente e chagando à foz. Enise Valentini e Dieter Muehe, dois especialistas em dinâmica costeira, explicam que "A planície costeira do Itabapoana, bem encaixada nas falésias do Grupo Barreiras, apresenta na sua porção distal um amplo desenvolvimento de depósitos arenosos marinhos em forma de sucessivas cristas de praia, se localiza inteiramente no estado do Espírito Santo, estando a barra do rio localizada no limite sul deste compartimento, o que sugere um transporte litorâneo residual em direção ao sul (...) O volume do transporte litorâneo residual (resultante) entre a praia de Itabapoana (frente oceânica da planície) e a barra de Guaxindiba indicou um valor de 8.000 m3 dia, dirigido de norte para sul, um valor considerado como elevado, quando comparado com outros trechos da costa do Brasil." (O Litoral do Estado do Rio de Janeiro: uma Caracterização Físico-Ambiental. Rio de Janeiro: Fundação de Estudos do Mar, 1998).Não seria por esta corrente predominante rumo ao sul e pela redução da descarga sólida e líquida do rio que sua foz estaria se deslocando em direção meridional, inclusive devorando construções e parte do bosque de mangue? Note-se que a foz do Itabapoana sofreu um longo desvio em direção ao sul, interpondo-se entre ela e o mar um espigão de areia. As fortes chuvas do início de 2007 arrastaram esta língua arenosa e deixaram a foz desprotegida. O mar avançou e destruiu algumas casas.A população de Barra do Itabapoana espera que o mar forme novamente a faixa protetora de areia ou pleiteia a construção de um espigão de pedra, como na foz do rio Itapemirim e em Barra do Furado. Parece que tudo seria em vão. O problema tem raízes mais profundas. Tudo indica que aconteceu com o Itabapoana o mesmo que aconteceu com o Paraíba do Sul: o rio perdeu vazão com a construção de barragens em seu leito para a geração de energia elétrica. Outras mais se anunciam. Assim, o rio não tem mais competência para enfrentar o mar e manter sua foz em posição perpendicular a ele.O trecho final, então, sofre um desvio para o sul, como acontece também com os ribeirões de Guriri, de Tatagiba, de Buena, de Manguinhos e com os rios Guaxindiba e Paraíba do Sul. Esta corrente de norte para sul vai até a praia de Grussaí, onde se encontra com outra que vem em sentido contrário. Numa situação como esta, só revitalizando o rio.

* Arthur Soffiati é professor da Universidade Federal Fluminense, Doutor em História Ambiental pela UFRJ e colunista/colaborador do Mania de Saúde.

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