De lá pra cá, as coisas ficaram ainda mais complicadas. Além do que já existia e não conseguia funcionar, foram criadas a Fundação Trianon (separada da Fundação Oswaldo Lima), o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural e a Gerência de Cultura. Por um breve momento, o Conselho Municipal de Cultura ressuscitou, vinculado à Fundação Oswaldo Lima. Uma comissão foi criada para reformulá-lo e caminhava bem quando foi surpreendida por uma lei publicada no Monitor Campista reformando o Conselho com apenas caráter consultivo.
Hoje, o Departamento de Divisão Cultural não mais existe. A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima cuida de literatura, música, artes plásticas e de cinema, basicamente. Conta com um Conselho Editorial formado por três membros que se reúnem trimestralmente. Teoricamente, o Conselho de Cultura a assessora. Uma de suas atribuições é promover shows e cuidar dos eventos do Farol e outros mais. O teatro, enquanto manifestação artística, fica por conta da Fundação Trianon, que administra os teatros Trianon e de Bolso. O Conselho de Patrimônio Cultural tem atribuições consultivas, deliberativas e executivas. As executivas tiram-lhe o caráter de conselho. Existe ainda a Gerência de Cultura, vinculada diretamente ao prefeito.
Nos 18 meses em que permaneci ao lado de Diva Abreu, nosso propósito foi organizar o setor de cultura, tirando-o desta confusão. Primeiramente, formulamos uma política pública orgânica de cultura, com caráter bastante democrático. Concebemos uma Secretaria Municipal de Cultura com duas grandes divisões: a de patrimônio cultural e a de promoção cultural. O Conselho de Cultura teria um caráter consultivo e deliberativo a assessorar a Secretaria, e a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima ficaria subordinada à Secretaria para dar-lhe agilidade na captação e aplicação de recursos.
Todo o arcabouço de política e estrutura cultural foi discutido em duas ou três reuniões com os setores interessados. Tudo em vão, pois o prefeito da época não tinha a mínima sensibilidade para uma reforma desta envergadura. Sobraram apenas, de tudo, o Prêmio de Cultura Alberto Ribeiro Lamego e a Casa de Cultura José Cândido de Carvalho, em Goitacases. Esta seria a primeira de oito em todos os quadrantes do município, aproveitando as abandonadas estações da Rede Ferroviária não só para revitalizá-las, mas também para horizontalizar a cultura.
Com a intenção de apenas colaborar para uma melhor organização do setor, vejo a necessidade de uma grande reforma que o simplifique e que o faça funcionar melhor. Continua premente uma política municipal de cultura instituída por lei. A idéia de uma Secretaria Municipal de Cultura está cada vez mais viva. Dentro dela, haveria um Instituto de Patrimônio Cultural e um Instituto de Promoção Cultural, já que não cabe ao município produzir cultura diretamente. Para assessorar o primeiro, deve ser criado um Conselho Municipal de Patrimônio Cultural com atribuições consultivas e deliberativas apenas, pois a atribuição executiva deve ficar com o Instituto. Por sua vez, o Conselho Municipal de Cultura ou de Promoção Cultural, também com caráter consultivo e deliberativo, assessoraria o Instituto de Promoção Cultural.
Para completar, duas fundações: a primeira ligada ao Instituto de Patrimônio Cultural e a segunda, subordinada ao Instituto de Promoção Cultural. O Conselho Editorial da Fundação Cultural Jornalística Oswaldo Lima teria suas atribuições absorvidas pelo Conselho Municipal de Cultura e seria dissolvido. Assim, creio eu, acabaria esta fragmentação da área de cultura, que só dificulta a proteção e a promoção culturais. De tempos em tempos, escrevo sobre este tema. Suspeito que vou continuar a escrever até o fim da minha vida.