Os verdadeiros vampiros estão de volta

Não é do século 19 que vêm os vampiros. A lenda é bem antiga e está presente em várias civilizações. No ocidente, quem deu vida consistente ao vampirismo foi Bran Stoker, com o romance Drácula, publicado em 1897. A inspiração vem do príncipe Vlad Tepes, nascido em 1431. Rei de um país correspondente à atual Romênia, com o título de Vlad III, ele passou à história como um homem que tratava seus súditos e seus inimigos com extrema crueldade, decepando-lhes as mãos e os empalando vivos. Seu pai, Vlad II, era membro da uma sociedade cristã chamada Ordem do Dragão, criada por nobres para defender a cristandade dos turcos otomanos. Dragão, em romeno, é dracul. Draculea significa filho do dragão. Vlad III ficou conhecido como Draculea, daí Drácula.

O romance de Stoker ganhou os quadrinhos, o teatro e o cinema, gerando obras renomadas. A primeira foi o filme Nosferatu (1922), de Friederich Wilhelm Murnau. Também inspirado em Drácula, Nosferatu (do grego nosophoros) significa o não morto, o morto vivo, o portador de pragas. Em 1931, a estória ganhou seu mais famoso intérprete na pessoa de Béla Lugosi, aliás mencionado em 30 dias de noite. E outros mais vieram, com Werner Herzog (Nosferatu, 1979), Francis Ford Coppola (Drácula de Bran Stoker, 1992), Neil Jordan (Entrevista com o vampiro, 1994) etc.

Bem provavelmente a partir de Richard Matheson, autor do livro Eu sou a lenda (1954), criaturas sobrenaturais, como vampiros e zumbis, adquiriram uma explicação natural: elas seriam vítimas de alguma doença transmitida por vírus. Assim, George Romero mudou a natureza dos zumbis com o filme A noite dos mortos vivos (1968). A trilogia de Blade (1998, 2002 e 2004), baseada em quadrinhos, consolidou a figura do novo vampiro.

É então que nos vemos diante de 30 dias de noite, quadrinhos escritos e desenhados por Steve Niles e Ben Templesmith que revivem os vampiros tradicionais, aqueles condenados a não morrer e a se alimentar de sangue humano. Poderosos e melancólicos, ao mesmo tempo. Concomitantemente, desejosos de morrer e de viver, racionais e animais. Sam Raimi teve a intenção de transportar os quadrinhos para o cinema, mas optou por ficar como produtor, junto com Robert G. Tapert, deixando a direção a cargo de David Slade. O roteiro foi escrito pelo próprio Steve Niles com a colaboração de Stuart Beattie e Brian Nelson.

30 dias de noite (30 days of night, Nova Zelândia/EUA, 2007, 113 minutos) é um legítimo filme de terror, com a presença do sobrenatural aterrorizando as pessoas naturais. No vilarejo de Barrow, Alasca, o ponto habitado mais setentrional dos Estados Unidos, acima do círculo polar ártico, o sol se põe por trinta dias no inverno. A maioria dos moradores vai passar férias em lugares mais tépidos do país. Ficam apenas os responsáveis pela manutenção da cidade. A neve toma conta de tudo, e a sua brancura forma um contraste magnífico com o vermelho do sangue. Jo Willems, o diretor de fotografia, aproveitou bem este jogo de cores.

Um grupo de vampiros famintos escolhe o local para atacar as pessoas e se fartar de sangue. Marlow (Danny Huston), o líder do grupo, indaga: "como não descobrimos este lugar há cem anos!?" A invasão dos seres sobrenaturais colhe a população de surpresa. O xerife Eben Oleson (Josh Hartnett), sua ex-esposa Stella (Melissa Jorge) e auxiliares não sabem lidar com um caso completamente inédito no lugarejo, até porque ninguém mais acredita em vampiros nem está preparado para enfrentá-los. Foi casualmente que Eben usou um machado para se defender de um ataque e descobriu que, separando a cabeça do corpo dos vampiros, eles morrem. Esta já tinha sido a ordem do chefe deles: sugar o sangue das pessoas, mas, logo em seguida, decapitá-las para que não se tornem mais um de nós.

A devastação é quase total. O grupo de vampiros tem uma caracterização gótica e triste pelas mãos da figurinista Jane Holland. A branca neve fica manchada com o vermelho do sangue. Os charmosos vampiros vagam pela cidade atrás de alimento sob o comando de Marlow, a grande estrela do filme, com sua inteligência, inquietude e arrogância. Ele quer deixar claro para os sobreviventes a veracidade da existência do vampirismo, mas, ao mesmo tempo, deseja o extermínio de todos. Josh Harnett, uma nova revelação de Hollywood, segura o filme, mas não tão bem quanto Huston.

Sempre haverá quem discorde da opinião do crítico acerca de um filme que custou 32 milhões de dólares e gastou 70 dias de filmagem. Proponho que não acreditem na minha opinião.

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