Quarenta anos atrás

    Em 1967, fui convocado pela terceira vez a prestar o serviço militar e fui aprovado. Foi um ano decisivo na minha vida. Eu tinha 20 anos de idade e muitos planos intelectuais. Embora manifestasse alguns fervores políticos, tais como admirar Carlos Lacerda, apoiar o Golpe de 1964, chorar com a morte de John Kennedy e sofrer eventualmente de surtos socialistas, eu era meio indiferente a assuntos da esfera política.

O serviço militar e a Guerra dos Seis Dias, entre Israel, Síria, Jordânia, Egito e Palestinos levaram-me para uma esquerda não-marxista e independente. Em junho de 1967, quando a guerra-relâmpago foi deflagrada, o 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, no Leblon, onde eu servia, não chegou a entrar de prontidão, mas ficou de sobreaviso. Eu quis conhecer o motivo de nossa mobilização. Busquei informações nos jornais e nunca mais perdi de vista os conflitos no Oriente Médio.

    Creio que, se Israel não proclamasse unilateralmente sua independência, em 1948, a partilha da Palestina resultaria em dois Estados independentes de pleno direito: o Israelense e o Palestino. Na segunda guerra, em 1956, a interferência dos Estados Unidos e da União Soviética forçaram Israel a voltar às bases de 1948.

    No entanto, em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou as Colinas de Golan, na Síria, a Cisjordânia, na Jordânia, Jerusalém Oriental, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, no Egito. Milhares de palestinos foram obrigados a se refugiar nos países vizinhos. A maioria, em três gerações ou mais, continua fora de seu país de origem. Enquanto isto, Israel iniciou progressivamente a instalação de colônias judaicas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Nenhuma resolução da ONU levou Israel a arredar pé das terras ocupadas.

    Mais tarde, o Sinai foi devolvido ao Egito por acordo. Os palestinos foram os grandes perdedores. Após a vitória de 1967, os judeus, habitantes de Israel e de outros países do mundo, encheram-se de otimismo e assumiram uma postura por demais arrogante. Logo depois, surgiram os problemas. Os territórios palestinos ocupados transformaram-se em verdadeiros barris de pólvora. O mesmo aconteceu ao sul do Líbano, onde se instalaram refugiados palestinos. Israel ficou tão deslumbrado com seu poder militar que não se deu conta dos problemas criados.

    As tendências políticas entre os palestinos radicalizaram-se. Nas terras ocupadas, houve levantes dos habitantes palestinos — as intifadas. No sul do Líbano, ataques de refugiados se sucederam até Israel invadir a área por longo tempo, numa guerra sangrenta. Ainda no sul do Líbano, concentrou-se a organização Hizbollah, que, ao seqüestrar dois soldados israelenses, mereceu um ataque de Israel, em 2006. Pode-se considerar o conflito entre israelenses e Hizbolah como a quinta guerra árabe-israelense. O conflito terminou sem vencedores formais, o que significou uma derrota para Israel e uma vitória para o Hizbollah.

    Atualmente, a situação acumulada radicalizou as posições políticas, com ataques terroristas por parte de palestinos, resistência dos colonos judeus a se retirarem das terras palestinas e a acentuação do direitismo no governo de Israel. Não pouparei os países árabes, que, desde 1948, ajudaram a usurpar os palestinos. Não pouparei nem mesmo os palestinos, dirigidos por corruptos da Fatah e por extremistas do Hamas.

    A maioria da população palestina da Faixa de Gaza é que sofre com os dois e com a pressão de Israel. Com 1,5 milhão de habitantes, Gaza apresenta uma das maiores densidades demográficas do mundo. Faltam território, água, energia, condições dignas de vida e independência política a Gaza. Embora Israel aponte a Autoridade Nacional Palestina como prova da autonomia política dos palestinos, ela não passa de uma farsa.

    Há muito passou a hora de Israel e de os Estados Unidos, seu grande aliado, encontrarem uma solução para o conflito. E esta solução, diante da situação, só pode ser a existência de dois Estados para dois povos.

 

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