Para não dizer que eu não falei de flores

Sem cuidar do efeito estufa, a queima de combustíveis de origem fóssil prossegue sendo polêmica. Os milhões de carros de passeio em todo o mundo usam gasolina, que é uma mistura de n-heptano (C7H16) com iso-octano (C8H13) em seus motores. No Brasil, ela ainda recebe a adição de etanol (C2H6O). Em nosso caso, para efeito de simplificação, vamos considerar a gasolina totalmente composta por n-octano (C8H18). Assim, a reação de combustão da gasolina é:
C8H18 + 12,5 O2  8 CO2 + 9 H2O
Aplicando a Lei de Lavoisier, concluímos que 112 g de gasolina reagem com 400 g de oxigênio produzindo 352 g de CO2 e 162 g de água.

Como resultado disto, cada litro de gasolina queimado no motor de um veículo libera 2,357 kg de CO2 para a atmosfera (para um rendimento da reação igual a 100%). Como a reação de combustão não tem um rendimento de 100%, a quantidade de CO2 liberada é menor. Admitindo-se um rendimento de 85%, a massa de CO2 liberada para o ar será de 2 kg de CO2 por litro de gasolina consumido.

Nas grandes cidades, com trânsito congestionado, o consumo médio de um veículo a gasolina é de cerca de 7 km/l. Assim, a cada quilômetro percorrido, um carro de passeio lança na atmosfera 2 kg divididos por 7 km, ou seja, 286 g/km. Admitindo que cada veículo percorre 30 km por dia, em média, nessas cidades, teremos uma massa de 286 g/km x 30 km, o que resulta em 8,5 kg por veículo por dia.

Supondo uma cidade com cerca de 3 milhões de veículos como São Paulo, Pequim ou Bombaim, o despejo total de CO2 no ar será de 8,5 kg x 3.000.000 ou 25.500 toneladas de CO2 por dia ou ainda 9,3 milhões de toneladas/ano em cada uma dessas cidades.

Em 2009 foram fabricados 61 milhões de carros de passeio, em plena crise do sistema. Pode-se, assim, supor que a capacidade instalada permite produzir 70 milhões desses veículos. Assim, nos últimos 10 anos foram produzidos 700 milhões de veículos que, somados aos mais antigos (cerca de 20% da frota) perfariam um total de 840 milhões de veículos. Desse total é lícito supor que apenas 15% circulem fora das zonas urbanas.

Com os números anteriormente determinados chegamos ao assombroso número de 6,1 milhões de toneladas de CO2 emitidas diariamente ou 2.21 bilhões de toneladas por ano contando-se somente os veículos de passeio nas cidades. Se a estes acrescentarmos os veículos de carga, veículos de transporte coletivo, aviões, navios e a indústria seguramente poderemos somar mais 30% a esse total, perfazendo 2,87 bilhões de toneladas de CO2 anuais.

O volume da atmosfera até 3000 m de altitude (onde vivem 97% da população do planeta) é de 1.544.883.169 km3.

Com base no número de veículos fabricados na última década, o volume de gás carbônico é de 2,87 bilhões de toneladas de CO2 ou 0,2% de CO2 na atmosfera a mais por ano. Sendo conservativo e mantendo a situação, teremos em 2020 1% de CO2 na atmosfera (equivalente a 5% do oxigênio hoje presente no ar). Mantida a situação por mais uma década teremos em 2030:
2% de CO2 na atmosfera (equivalente a 10% do oxigênio hoje disponível). Estes números não consideram o CO2 lançado no ar nas décadas anteriores à última.

O ser humano foi projetado para respirar uma mistura de 78% de nitrogênio com 21% de oxigênio. À medida que essas proporções são alteradas pela intervenção nociva de nossa "civilização"- em especial a parcela de oxigênio, responsável por inúmeros processos vitais em nosso organismo - mais afetada é a saúde da espécie humana e de outras espécies, incluindo as árvores, flores e frutos, que dependem do ar para sobreviver.

Estes números assumem que o gás carbônico está distribuído igualmente por toda a atmosfera do planeta. No entanto, sabemos que não é assim. Nas grandes metrópoles sua concentração é bem maior fazendo que seus habitantes sejam submetidos a um maior grau de agressão à sua saúde.

Há, portanto, que repensar urgentemente nosso modelo energético global para evitar a destruição da vida no planeta, em nome de um desenvolvimento, diria eu trágico, não fosse também cômico por contraste.

Após esta exposição, cabe a pergunta: quem vai acabar primeiro? O petróleo e o carvão ou a vida na Terra?
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