A transposição do rio São Francisco – a quem irá beneficiar?

Com 2.800 km de extensão e banhando uma superfície de cerca de 641.000 km2  - 7,5% da superfície brasileira -  em cinco estados da federação, o rio São Francisco nasce no estado de Minas Gerais, na Serra da Canastra e deságua no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Apresenta dois trechos navegáveis: o médio, com cerca de 1.370 km de extensão, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) - Petrolina (PE) e o baixo, com 208 km, entre Piranhas (AL) e a foz, no Oceano Atlântico.

O projeto de transposição prevê a construção de dois canais próximos à foz do rio: um na direção leste, que captará água junto á Barragem de Itaparica, no nordeste da Bahia, junto à divisa com Pernambuco e a levará para o interior de Pernambuco e Paraíba e outro na direção norte, abastecendo o sertão do Ceará e do Rio Grande do Norte, com a captação sendo feita nas imediações da cidade de Cabrobó (PE). Para abastecer os dois canais, a Agência Nacional de Águas - ANA - nos informa que o desvio total de água para os dois canais será de apenas 26 metros cúbicos de água por segundo, ou 1,4% da vazão do rio, que é de 1.850 metros cúbicos por segundo firmes na foz.
É possível abastecer com a água do Rio São Francisco até a cidade de Fortaleza, no extremo norte da região e outras cidades do nordeste. É mesmo viável implantar um ou vários projetos de irrigação nessa região com a mesma água, gerando condições de vida e empregos para os nordestinos. Até aqui, entretanto, não nos foi dito como a água do São Francisco será utilizada e chegará à porta dos milhares de nordestinos carentes que formam a maioria dos 6.800.000 habitantes da região, pessoas que sofrem nos períodos de seca e que realmente precisam dessa água para sobreviver.
Exemplos vivos do sucesso da irrigação são os projetos de produção de frutas, implantados às margens do “Velho Chico” em Petrolina (PE) e outras regiões como Pirapora (norte de MG) e que abastecem o Brasil de uvas - produzindo três safras por ano - além de melões, bananas e mangas. Isto sem falar nos excelentes vinhos brancos produzidos na região, a partir de parreirais irrigados. O que o Brasil precisa é de aumentar suas plantações irrigadas às margens do São Francisco, gerando o aumento da área produtiva, fixando e beneficiando o povo nordestino.
O que até agora ninguém esclareceu é que projetos serão implantados e a quem beneficiarão. A falta de informação e a tradição brasileira de privilegiar as elites permitem supor que, uma vez mais, o povo comum ficará de fora. É possível mesmo admitir que se implantarão no Sertão do nordeste mega-projetos irrigados para a produção de oleaginosas, tais como o babaçu, o dendê ou a palma, afeitas ao clima local, para a produção em larga escala dos chamados biocombustíveis em lugar da produção de alimentos e do abastecimento das populações da área.
A ausência de informações, por parte do governo, permite prever que vultosos interesses políticos e financeiros estão mais uma vez envolvidos. É real hoje o interesse de capitais estrangeiros na compra de grandes áreas de terra no Cerrado brasileiro para a produção de soja e outras oleaginosas que irão abastecer de combustíveis renováveis as economias do chamado Primeiro Mundo. Com a transposição, é lícito crer que o mesmo grau de interesse ocorrerá para com as terras irrigadas do Sertão nordestino.
A se confirmarem essas previsões sombrias, mais uma vez, o povo do Nordeste será trapaceado e excluído das benesses que trarão riqueza e boa vida aos mesmos de sempre.
Oxalá eu esteja equivocado!

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