O desenvolvimento de uma economia baseada em baixas emissões de carbono é perfeitamente possível e até mais econômico para o planeta do que o atual modelo baseado em combustíveis fósseis.
Atualmente, apenas 13% da demanda mundial de energia primária é suprida pelas fontes renováveis. De acordo com uma pesquisa elaborada pelo Centro Aeroespacial da Alemanha, por encomenda do Greenpeace e da Comissão Européia de Energia Renovável (EREC, na sigla em inglês), investimentos agressivos em fontes renováveis poderiam resultar em uma indústria com faturamento de US$ 360 bilhões anuais.
A adoção de fontes alternativas de energia é fundamental para combater as mudanças climáticas, que já estão alterando ecossistemas e provocando cerca de 150 mil mortes por ano. Um aquecimento global médio de 2°C ameaçará milhões de pessoas com o aumento de fome, malária, inundações e escassez de água. O principal gás responsável pelo efeito estufa é o dióxido de carbono (CO2), produzido pela queima de combustíveis fósseis para a geração de eletricidade e transporte.
O cenário da Revolução Energética tem como meta para 2050 a redução de 50% das emissões mundiais de CO2, em relação aos níveis de 1990, a fim de manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C. A eficiência energética tem o papel principal na redução destas emissões. O estudo considera a adoção de padrões rígidos de eficiência, essenciais para a redução da demanda energética e também para a redução dos custos energéticos globais. Esta redução pode ser obtida em indústrias, residências e nos setores comercial e público.
Quando se fala em eficiência energética não se pode deixar de mencionar, de modo particular, a presença dos combustíveis de origem fóssil, especialmente o petróleo como fonte de energia. Da produção mundial de petróleo, cerca de 65% são destinados ao transporte (gasolina, querosene de aviação e óleo diesel). Os motores de combustão interna empregados em veículos, aeronaves e navios têm uma eficiência térmica baixíssima - da ordem de 25 a 30% - tornando inevitável que, para a evolução em direção a uma economia baseada em baixas emissões de CO2, esses motores sejam progressivamente eliminados do mercado.
Na direção oposta a este esforço para caminhar em direção a uma economia baseada em baixas emissões de carbono operam as indústrias do petróleo, do aço, de plásticos e sua tributária, a indústria automobilística. Cada vez mais os automóveis deixam de ser um bem de uso para se transformarem em símbolo de "status". Campanhas publicitárias bilionárias incentivam seu consumo e uso, mesmo em condições contraindicadas, como o é o seu uso para o transporte individual e para percorrer pequenas distâncias.
Também na contramão desse movimento está o Brasil com a descoberta do pré-sal, ao apostar todas as suas fichas no sujo negócio do petróleo. Apesar de não saber ainda o volume de óleo contido nessas reservas nem seu custo de produção, qualquer brasileiro mediano está contaminado pela expectativa do pré-sal num momento em que o mundo saudável planeja exatamente um mundo com menos petróleo e, num futuro não muito longínquo, um mundo sem petróleo.