Muito se tem dito e escrito acerca dos problemas ainda existentes com a geração de energia renovável, a partir de fontes de energia limpas, e que têm dificultado a implantação de um programa sustentável com custos aceitáveis.
Antes de nos determos nos custos meramente econômicos e financeiros de semelhante programa alternativo é preciso que se avalie os custos sociais e humanos do modelo atual, além dos prejuízos causados ao planeta pelo atual modo de geração de energia. Não faz o menor sentido para sociedades lideradas por mulheres e homens minimamente inteligentes prosseguir no atual quadro de geração de energia. São avassaladores os números e as previsões que contraindicam o modelo vigente, baseado em fontes de energia de origem fóssil (petróleo, gás e carvão), nuclear e mesmo hídrica. Não há registro de iniciativas visando quantificar esses prejuízos para que se possa compará-los com a opção pela energia renovável. Absurdamente, divulgam-se apenas os custos financeiros do emprego dessas fontes como ferramenta de comparação.
Felizmente, começam a surgir vozes apresentando alguns números que desmentem os dogmas até aqui inquestionados da inviabilidade dos custos do uso de fontes de energia renováveis.
O Brasil tem capacidade para produzir combustíveis alternativos a partir de diversas espécies oleaginosas. No entanto, a título de exemplo, vamos avaliar a produção de óleo a partir do dendezeiro. Dadas as características climáticas do sudeste da Bahia, o dendezeiro mostra-se como a cultura mais promissora para produção de óleo e sua conversão em biocombustível. Neste processo, o óleo vegetal e o álcool, na presença de um catalisador ácido ou básico, resultam na obtenção de biocombustível e glicerina. Esta última, constitui-se em um subproduto com usos múltiplos na fabricação de tintas, adesivos, produtos farmacêuticos e na industria têxtil, agregando valor ao produto primário – o óleo vegetal - sendo este um inegável ganho econômico.
Vantagens adicionais da produção de biodiesel referem-se à possibilidade de utilização em motores de ciclo diesel puro ou em misturas com óleo diesel em diferentes proporções, redução da emissão de poluentes, num balanço energético positivo e na redução da importação de petróleos leves e diesel refinado, propiciando sensível economia para o País, além de gerar empregos no setor agrícola e industrial.
Estudos comparativos realizados com o preço médio da tonelada de óleos vegetais no mercado europeu, no período de 1982 a 2001, indicaram que o óleo de dendê apresenta menor custo de produção que os óleos de coco, colza, girassol e soja.
O custo de produção de biodiesel a partir de óleo de soja, ao preço de US$ 480,00/t, é de 17 a 27% maior que o diesel mineral, dependendo da região produtora, chegando a atingir o preço final de R$ 1,72 a 1,76/litro, em simulações de produção em uma fábrica de 400 t/dia. Tomando-se estas mesmas especificações em relação ao tamanho da unidade agro-industrial, o biodiesel produzido a partir do óleo de dendê, ao preço de US$ 286.00/tonelada, será de R$ 1,06/litro de biodiesel, portanto bastante competitivo em relação ao preço atual do óleo diesel.
Números como esses são propositalmente escondidos do conhecimento público. Não interessa às corporações do petróleo e a muitos governos com elas alinhados a sua divulgação Até aqui, a desculpa para a poluição era o custo da solução. Felizmente a solução renovável já é hoje mais eficiente do ponto de vista econômico e ambiental. Não há mais desculpa.