Engraçado como empregam os diminutivos que nos levam ao sentido de insignificância, sei lá até incomoda dando noção de pouco caso. Já me referi à “pracinha” em texto anterior e agora “prainha do Farol”. Sabemos que o espaço é pequeno, com apenas 120 metros de extensão. No meu tempo de adolescente sempre íamos tomar banho lá. Tempo do biquini duas peças, moda chegada na cidade de interior e onde íamos com timidez deixar o sol apossar-se das partes ainda brancas. Lá era um local reservado e em geral o mar era calmo e suas águas cristalinas era um verdadeiro convite também para a pesca. Saíamos a pé caminhando até a praia de Imbetiba e logo passávamos para praia do Farol. Nessa “prainha” localiza-se a ruína do antigo farol de Macaé, conhecido como Farolito.
“Segundo um trabalho Macaé Síntese Geo-Histórica (ano1990), em 1880 foi inaugurado o farol da Ponta da Imbetiba, obra realizada pela Companhia Estrada de Ferro Macahé e Campos, em benefício da Companhia Macahense de Navegação. O projeto idealizado pelo engenheiro Gustavo Frederico Fischer (1835 – 1909) teve seu planejamento, licenciamento e construção avaliados em dois contos de réis. A edificação objetivava a sinalização para os navios que atendiam as necessidades de transporte de passageiros e cargas no Porto de Imbetiba. Implantado num rochedo costeiro, o Farol Velho está localizado na Praia de Imbetiba, em frente a Ilha do Papagaio. Formado de pedra o monumento possui uma escada externa de acesso ao seu interior, apesar de estar em processo de deterioração, o local oferece boa paisagem aos visitantes.Como símbolo turístico e cultural de Macaé, o Farol pode ser visitado – pela Praia Campista – através do acesso construído pela Petrobras que, também, realizou um tratamento paisagístico nas imediações do monumento.”
Você sabia das informações acima? Que símbolo é este que é esquecido pela sua gente?? É comum um símbolo da cidade nem ser mencionado em prospectos e por estar em lugar de difícil acesso como vão adivinhar? Haja bola de cristal! Porém nos meus achados e perdidos guardo um plástico (vide foto) onde diz: 1630. Não consegui informações precisas. Isto não me ofende. Pelo contrário, só admitindo que ela existe e está presente para se fazer alguma coisa a respeito. Quem souber favor informar.
Ano passado recebi este e-mail: “Memória Macaense.
Quem sou eu? Sou o Farolito (Farol velho de Macaé) que antes da vinda da Petrobras iluminava o caminho dos homens no mar. Recebia sempre a visita dos macaenses e dos turistas que estavam em nossa cidade. Encurralaram-me, quase não posso respirar, o meu acesso é por uma passarela mal construída, cheia de remendos com corrimão de ferro que em pouco tempo será destruído pela maresia, sem iluminação, parece até que Macaé não tem história e nem memória. Quer me ver contente? Para isso basta fazer uma passarela decente, com iluminação adequada, com holofotes coloridos, devolver minha cor original e não esta nova cor mal feita. Minha companhia hoje é apenas o barulho das ondas do mar batendo nas pedras.
Os mais jovens nem sabem que eu existo. Fiquei torcendo quando saiu o boato sobre o fundo artificial na Praia Campista. Falavam que iam construir corais e que com isso minha "prainha" ia ficar mansinha. O comentário era que com a construção dos arrecifes as ondas quebrariam antes dos mesmos e os surfistas iriam se deliciar com as mesmas, assim a praia ficaria própria para banho, mansinha,mansinha. Segundo especialistas vários empresários se interessaram em patrocinar a obra, mas não houve interesse dos órgãos competentes.”
No corre-corre da vida moderna, na falta de informação do que está acontecendo com parte de nossa memória senti remorso por saber ter perdido algo que foi parte da minha vida. E depois de anos fui visitar o farol. Levei-lhe flores e depois as ofereci ao mar para lavar a alma. Quando caminhava em sua direção, senti uma ponta de tristeza ao me flagrar com algo pior, pois não via o porte imponente. Assustei-me e aí a saudade bateu e doeu.Então com dor eu o acarinhei muito como se fosse uma criança, e disse baixinho que as dores passam. Então ouvi sua voz de amor num sussurro misto de dor me dizer: ESTOU VIVO!
Não temos nada que alerte para a existência do mesmo que se encontra escondido na curva de um morro. Querido, perdoe o descaso.Você que já foi nosso brilhante guardião, monumento que representa parte importante na história da nossa cidade. Sabemos que vive e com toda a certeza, a pessoa que germinou sua manifestação de dor e eu que por sorte acolhi fez despertar o desejo te dizer a todos, que o passado seja relembrado para os erros não se repetirem e apesar de solitário e abandonado: É VERDADE, ELE ESTÁ VIVO!! Para saber da sua existência não é preciso bola de cristal para saber, basta ir lá.
Texto e fotos:Tânia Schueler ( 03 de abril de 2007)