Kátia Abreu: "O que me aproxima da presidente Dilma é a concordância de ideias"

Senadora revela que a identificação com a presidente da República se deu exclusivamente por conta da defesa dos interesses do agronegócio. Kátia diz que Lula não tinha uma compreensão tão clara da agropecuária brasileira como Dilma tem.


Ruy Bucar

A senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD), foi uma das vozes mais críticas do governo Lula e hoje se tornou uma aliada de primeira hora da presidente Dilma Rousseff. Questionada sobre o que mudou, a líder do agronegócio ga­rante que não foi ela. “Meu ponto de vista não mu­dou em nada. Os governos anteriores não tinham uma compreensão tão aberta da agrope­cuária brasileira como a presidente Dilma tem demons­trado”, ressalta a senadora, para completar que quem mudou foi o governo do PT. 

Kátia Abreu faz questão de destacar que sua aproximação com a presidente não se deu no campo político-ideológico, e sim no campo das ideias na defesa do agronegócio brasileiro. Mas afirma que considera Dilma uma petista diferente. “Não só eu como um grande segmento do país, não identifica a presidente Dilma como petista na sua essência, ela é quase uma mandatária suprapartidária, que defende os interesses do país de forma racional conversando com todos os segmentos”, de­fen­de a senadora, que afirma ter muitas semelhanças com a presidente da República.

A líder ruralista anuncia que a CNA abriu escritório de negócios na China para tentar conquistar mercado para os produtos bra­si­leiros e captar recursos para fi­nanciamento das obras de in­fraestrutura que o País precisa pa­ra ampliar a sua produção de alimentos. A senadora observa que o Brasil não pode repetir o erro do passado (quando perdeu a Alca) e perder novamente a oportunidade de conquistar um mercado gigantesco. “A China está insistindo para que o Brasil seja o mercado e o parceiro pre­ferencial e eu acho que as iniciativas estão ainda lentas nesse sentido”, reclama a presidente da CNA, dizendo que tem procurado fazer a sua parte.

Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, a presidente da CNA fala ainda da grande transformação que vem acontecendo no campo. A dirigente lembra que no passado o sonho dos governantes era ver o Brasil industriali­zado. “O Brasil tinha vergonha da sua vo­ca­ção rural. Hoje esse jogo virou, ho­je nós somos a fazenda do mundo, só que uma fazenda tecnificada, uma fazenda de inovação, com alta produtividade e que é orgulho para o mundo in­teiro.”

A sra. é otimista com o futuro do Brasil, porém não poupa críticas à burocracia estatal que retarda o desenvolvimento. Por que a sra. defende que a solução para o Brasil passa por um novo eixo de produção (Centro Norte) e uma inversão nos investimentos públicos em infraestrutura, que deveriam se concentrar mais nesta região?
O Brasil não tem outra opção. Se você pegar o Sul do País, especialmente o Sudeste e o Sul, se vai ver que há um limite de produção e que já está chegando a condições de não mais ser ampliado. Então a grande fronteira agrícola do País sem falar em desmatamento, a grande fronteira de melhoria de tecnologia e de aumento da produtividade, é o eixo Centro-Norte do País, em que o Tocantins está num dos locais mais interessantes e importantes dessa logística por conta da Ferrovia Norte-Sul e da Hidrovia Tocantins. Estamos nos referindo à hidrovia e à ferrovia, lembrando do Sul do Maranhão, do Sul do Piauí, do Oeste da Bahia, do Norte de Goiás, Leste de Mato Grosso. Temos uma importância estratégica muito grande para o País por causa da nossa localização. Não tem outra opção, o Brasil precisa investir na logística dessa nova fronteira do agro brasileiro.

Como viabilizar a construção das obras de infraestrutura de transporte multimodal, como hidrovia, ferrovia, rodovias e abertura de portos, sem recursos?
O problema grave na construção de infraestrutura que é a falta de dinheiro pode ser superado tranquilamente com as parcerias, com a iniciativa privada, concessionando, autorizando, licenciando e fazendo o papel do Estado, que são os investimentos. O outro problema gravíssimo que o País enfrenta hoje é a falta de projetos, projeto básico, projeto executivo, porque sem projeto não há como licitar, como levantar custo de obra. Esses projetos, na melhor das hipóteses, levam de oito meses a um ano e meio para ficarem prontos. Então a falta de planejamento do País, dos antecessores, quer sejam estaduais ou fe­derais, beira à irresponsabilidade. Quem é que não está vendo que essa rota do agro vem crescendo nessa direção nos últimos dez anos? Só quem não quis ver. E por que não fez os projetos, por exem­plo, da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, da Hidrovia Tocantins? Por que não abriram os portos para que a iniciativa privada pudesse construir? Tudo isso é muito lento, a burocracia estatal não é fácil de superar, não é só a ausência de recursos e de projetos, é a morosidade na execução deles. Os levantamentos são muito complicados e complexos, são es­truturantes e precisam de um tempo para ser executados, mesmo que sejam licitados pela iniciativa privada. Então são esses dois pontos, a falta de recursos e o maior mal, que é demorar em aceitar o privado. Quan­tos anos de atraso, só no go­verno anterior foram oito anos. Fernando Henri­que fez uma série de concessões, li­ci­tações e autorizações como na energia, na telefonia, que fez o Brasil crescer muito nessa área. Depois tivemos uma paralisia e certa resistência, um preconceito no governo Lula, uma coisa mais ideológica contra as concessões e as parcerias com a iniciativa privada. Agora vem a presidente Dilma, que não tendo alternativa e enxergando que o privado precisa participar para complementar o braço do governo, que não tem recursos suficientes para tanto, tem agido diferente, como temos visto.

A sra. tem olhado com uma atenção es­pecial para a China. O país se tor­na um parceiro importante para o Bra­sil pela capacidade de financiamento e também pelo tamanho do mer­cado? A propósito, a CNA até abriu um escritório na China, por quê?
Há dez anos nós perdemos a Alca [Área de Livre Comércio das Américas]. A Alca foi uma tentativa dos americanos de nos fazer o seu parceiro preferencial. O Brasil não enxergou isso, os EUA abriram essas portas para a China e nós perdemos um grande mercado. Por quê? Porque o Brasil ficou teme­ro­so da entrada no País de produtos in­dustrializados dos EUA. Isso não adiantou nada porque hoje nós estamos assistindo pacificamente a invasão dos produtos chineses, entrando aqui de forma irreversível. Só espero que agora não percamos a segunda oportunidade, talvez uma das últimas, que é o mercado asiático, o mercado chinês. O que vai acontecer? A China está insistindo para que o Brasil seja o mercado e o parceiro preferencial e acho que as iniciativas estão ainda lentas nesse sentido. Enquanto presidente da Confederação da Agricul­tura e Pecuária do Brasil (CNA), eu farei a minha parte, enquanto senadora do Tocantins também farei a minha parte local. Estou indo buscar parceiros para trazer para o meu Esta­do, para que os asiáticos tragam recursos que eles têm de sobra e não têm mais no que investir na China. Eles precisam investir fora de lá. O Tocantins está de braços abertos para esses investimentos, queremos que eles construam as hidrovias. Queremos parcerias com os fazendeiros para plantar eucali­pto, para fazer pecuária de ponta, de tecnologia, para criar carneiro, produzir peixe. Poderemos produzir produtos para fornecer para o próprio Brasil ou para outros países, não necessariamente só a China. E queremos que empresários brasileiros, incluindo os do Tocan­tins, possam ir à China e encontrar mercados novos para os nossos produtos. Não adianta produzir muito e o mercado estar restrito, temos que contar com o mercado bra­sileiro, que é importante para nós, mas precisamos buscar mercado fora do Brasil.

A sra. enxerga o Tocantins como uma solução para o País não só pe­la sua localização, mas pelo enorme potencial que tem para a produção e, sobretudo, a diversificação de pro­dução. O Brasil já se deu conta da importância estratégica dessa região? 
Eu gostei da expressão “o Tocantins é solução”. É solução para ele próprio e para o Brasil. As evidências são muito grandes e as coisas não se escondem por muito tempo. Potencial hídrico, irrigável, portanto,  ninguém tem maior do que nós. Ninguém tem uma logística tão completa como teremos nos próximos dois anos, que é a fina­lização da Ferrovia Norte-Sul, a duplicação da Belém-Brasília (BR-153) que seja até Palmas, mas nós vamos lutar para continuar até Araguaína. Ninguém terá tantas con­dições atrativas como o Tocan­tins. Então não depende mais de mim, dos to cantinenses, é questão tão óbvia e tão clara que basta chegar a hora certa e esperar que esses modais sejam complementados e fazermos a nossa parte. O que precisamos fazer nesse mo­men­to? Primeiro, como presidente da CNA, estou criando para a presidente Dilma um projeto de ampliar a irrigação no País. O Tocantins é o Estado que deverá ser mais privilegiado, não por minha causa ou por causa da presidente, simplesmente porque nós temos o maior potencial irrigável do Brasil, o dobro do segundo colocado. Segundo, já que somos o maior e melhor potencial hídrico do País, por que não ter aqui um centro de excelência em irrigação e agricultura de baixo carbono? Ninguém tem mais direito de ter esse centro do que o To­can­tins, por essas condi­ções que acabei de citar. Então teremos no Tocan­tins um centro internacional de ir­riga­ção, um centro tecnológico de irrigação, a escola técnica de irrigação e agricultura de baixo carbono. E, numa parceria do governador Siqueira Campos com a CNA, estamos reestruturando a Unitins [Univer-sidade do Tocan­tins], para que ela também atenda essa demanda de agricultura de baixo carbono especializada em irrigação. Teremos todas as condições tecnológicas e onde tem tecnologia, tem sustentabilidade. Quando a iniciativa privada vem sem inovação e tecnologia, tende a se enfraquecer, a se fragilizar, quando o suporte tecnológico e de mão de obra não estão juntos a tendência é virar uma situação de balão e não de âncora.

A sra. classifica a piscicultura como o melhor negócio hoje no País. Porque o Tocantins, com tanta água, não tem produção de peixe tão significativa?
Atribuo principalmente à falta de vontade política para fazer as coisas acontecerem. Hoje temos o maior centro de tecnologia, que é a Em­brapa, em aquicultura e pesca, o na­cional é aqui. Dos cinco maiores rios do País, dois estão aqui, o Ara­guaia e o Tocantins. Temos todas as boas condições, uma posição central de distribuição de produção tanto nacional como internacional. Então o que era e é o grande empe­cilho é a licença ambiental. A licen­ça normalmente tem sido exigida num ponto praticamente impossí­vel de ser reali­zado. Então a licença ambiental é importante, mas não pode ser impeditivo de geração de emprego e renda para as pessoas, isso é um crime de lesa-pátria. Per­der uma natureza gigante como a nossa e as pessoas não poderem se aproveitar dela. Se o Tocantins só tivesse gente de classe média, de classes A e B, ficaríamos quietos e não diríamos nada, mas nós temos uma grande maioria do povo nas classes D e E e muitos ainda na ex­trema pobreza. Não se justifica que essas licenças ambientais sejam tão morosas e dificultadas como tem sido nos últimos anos. O governador Siqueira Cam­pos tomou uma decisão muito importante e eu o louvo por isso, na licitação para in­formatizar não só o Naturatins co­mo também o Itertins. É outro pon­to de crise, a falta de titulação de terras. Esses órgãos já estão sendo informatizados para a superação dessa burocracia. Infeliz­mente ainda existem pessoas no serviço público, não é a maioria, que criam dificuldades para vender faci­li­dades. Sou contra qualquer tipo de distorção no serviço público do Tocantins, é a minha obrigação denunciar e denunciarei todas as vezes que for necessário, até em benefício dos servidores que são honestos, que não podem levar a má fama de certos grupos que ainda tendem a praticar atos que não estão em conformidade com a lei. Estamos num mutirão de licenciamento ambiental, o nosso objetivo é chegar até dezembro — será o presente de Natal que vamos dar ao Tocantins — com mil licenças ambientais para piscicultores. Já fizemos 100, neste mês vamos entregar mais 100 e agora estamos acelerando. Estamos em várias cidades recolhendo a licença, as documentações para que possamos chegar a dezembro com essas mil licenças emitidas.

A sra. desmistifica um pouco a ideia do agronegócio ser só para exportação e ser uma produção de elite. O grande mercado dos produtos brasileiros é o interno. O agronegócio brasileiro que tem muito demanda para crescer dentro e fora do País?
O Brasil tem vários privilégios. Há 40, 50 anos o sonho do bra­si­lei­ro, dos governantes era que o Brasil fosse um grande país industrializado, tinha vergonha do ruralismo, da sua vocação agropecuária. Hoje esse jogo virou. Nós somos a fa­zen­da do mundo, só que uma fa­zenda tecnificada, uma fazenda de inovação com alta produtividade e que é orgulho para o mundo in­teiro. Esse jogo foi virado e nos orgulha assistir a China ser o país da indústria, a Índia ser o país dos ser­viços e nada nos tira o orgulho de ser a grande fazenda produtora de ali­mentos do mundo. É extraor­diná­rio, nós temos clima, água, solo, tudo o que faz com que possamos continuar nessa jornada. Nos próximos 20 anos nenhum país no mundo vai produzir mais que nós os principais produtos necessários a toda população mundial, isso tudo por conta do nosso potencial e principalmente da tecnologia. Por que algumas indústrias no País estão dando ré e o agronegócio subindo tanto? Qual a diferença se nós moramos no mesmo país, pa­gamos os mesmos impostos, temos as mesmas estradas esburacadas, os mesmos portos ineficientes, porque o agro foi e algumas indústrias não conseguem ir? As palavras-chave são pesquisa, inovação e tecnologia. O agro investiu aí e por isso supe­rou esses custos do Brasil, essas barreiras, esses obstáculos, o que alguns não tiveram a oportunidade e não tiveram a visão de fazê-lo.

A CNA escalou até o Pelé para ajudar na missão de explicar o agronegócio para o brasileiro. O que a sra. espera da campanha Agro Brasil?
Estou muito animada porque Pelé também é produtor em São Paulo. O  ator Murilo Benício é pro­dutor no Rio de Janeiro. Eles  estão todos emocionados com essa campanha. Pelé vai a Uberaba na abertura da expo­sição comigo e vai também à China levar a sua mensa­gem do quanto o produto brasileiro é de confiança, que nós somos cam­­peões em dois campos, no da bo­la e no do alimento. Ele é o maior embaixador que nós po­de­ríamos ter, já é um grande amigo e está nos representando também.

Porque a sra. abriu mão de ser candidata a governadora para apoiar a pretensão do secretário de Rela­ções Institucionais, Eduardo Siquei­ra Campos, aceitando a compor a sua chapa como candidata à reeleição, conforme declaração do vice-governador João Oliveira?
A política, infelizmente, está sendo muito antecipada no Brasil até por parte do governo federal. É um equívoco tremendo. A grande maioria dos estados, e o Tocantins não é diferente, não resolveu a última eleição ainda. Nós devemos ao eleitor tocantinense a última eleição, muito há por fazer e eu vejo essa ansiedade e essa angústia do governador Siqueira Campos, de estar com as mãos atadas, de ter perdido tanto tempo com dificuldades financeiras e econômicas que o Estado passou, e tentando cumprir ainda seus compromissos de campanha. É uma temeridade, até um desrespeito ao governador atual, não interessa se é aliado ou não, um desrespeito ao mandato atual, a antecipação por parte de alguns com relação à campanha eleitoral. Ainda estou na última eleição e, portanto, me recuso a entrar nessa de antecipar uma eleição sem terminar a outra. Eu me sinto na obrigação e no compromisso de fina­li­zar essa última campanha. Só vou de­cidir em abril do ano que vem se serei candidata ao go­verno, ou ao Senado, ou a vice, ou a deputada federal, estadual ou a nada, quem sabe. O mundo é tão dinâmico, a política é tão dinâmica, e o que eu quero fazer é ter sempre na minha mão um instrumento de políticas com espírito público, poder servir, poder trabalhar pelo meu Estado, poder acrescentar, colaborar. O lugar onde estarei pouco importa, o que importa são as intenções, os projetos, a vontade, a obstinação em fazer. Graças a Deus, isso nunca me faltou.

Depois do parecer da Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) o governo passou a encarar o Rced como uma ameaça real. Qual o impacto na gestão do julgamento do Rced, que pode cassar o mandato do governador Siqueira Campos?
É ruim porque traz preocupação. Tudo que possa trazer um desvio de energia que não seja do interesse do Estado, prejudica. O governante é humano, ele vai também dispensar sua energia para se proteger e proteger o seu mandato. Isso dispersa o foco, que é a população, o nosso trabalho e o desenvolvimento do Tocantins. O que tenho conversado com os advogados me tranquiliza muito, não só com os advogados do governador e do João Oliveira, o vice-governador, mas também advogados especialistas, que não deixam de olhar a situação para nos orientar e nos dar uma opinião, então eu estou tranquila. Todos têm me garantido que a situação é confortável do ponto de vista de provas, documental. Participei da campanha de Siqueira Campos, fui coordenadora administrativa e sei o que nós passamos com falta de di­nheiro. Havia semana que nós tínhamos dificuldade para ter o dinheiro do santinho da semana. Não fui candidata a nada, não estou sendo acusada de nada, apenas dou meu testemunho legítimo de quem participou de uma campanha feita na penúria, com muita dificuldade. Não sei onde houve abuso de poder, mas eu confio na Justiça, que vai dar a sua última palavra com relação a todos, não só ao governador Siqueira Campos.

A sra. foi uma das críticas mais acirradas do governo Lula, mas tem uma boa parceria com a presidente Dilma Rousseff. O que mudou: a sra. ou o governo do PT?
Eu continuo a mesma pessoa, quem mudou foi o governo do PT. Não só eu como um grande segmento do país não identifica a presidente Dilma como petista na sua essência, ela é quase uma mandatária suprapartidária, que defende os interesses do País de forma racional, conversando com todos os segmentos, governadores de todos os partidos. Comigo não é dife­rente. A nossa aproximação se deu principal e exclusivamente por conta da CNA, dos interesses do setor agropecuário, daí nasceu uma relação muito amigável. Relação que vem se estreitando justamente pela identificação de pontos de vistas. Então o meu ponto de vista não mudou em nada. Os governos anteriores não tinham uma compreensão tão aberta da agropecuária brasileira como a presidente Dilma tem demonstrado hoje e eu, que sempre fui ferrenha defensora do setor agropecuário, seria a primeira a acusar e apontar aquilo que não tivesse sendo correspondido pelo setor agropecuário. O que está me aproximando da presidente Dilma é exatamente a coincidência dos pontos de vistas, somos muito parecidas na forma de trabalhar e nos objetivos, naquilo que temos para frente. Claro que ela é muito superior a mim, é a presidente da Re­pú­blica, não estou querendo me ali­nhar a uma presidente, apenas do ponto de vista de trabalho, de conteúdo, de performance, de raciona­lidade, de pragmatismo, eu acho que nós temos semelhanças.

A sra. é considerada uma das personalidades mais influentes do País. Imaginava chegar tão longe?
Sinceramente, nunca imaginei que pudesse chegar até aqui. Sem­pre reconheci o meu esforço, o meu empenho, sempre tive na mi­nha cartilha pessoal interna ser obs­tinada. Fui assim desde muito cedo, obstinada pelo trabalho e pelas minhas convicções. Isso nunca mudou em nada, mas chegar aonde cheguei, o mínimo que precisa resultar disso é benefício a quem me levou até lá. Primeiro, a Deus, fazendo o bem às pessoas, não articulando maldade contra ninguém, perseverando na religião, na minha fé, que eu tenho muita, e fazendo com que o ensinamento da Bíblia possa ser uma prática constante na minha vida, estender a mão àqueles que mais precisam. É o que eu tento fazer todos os dias, como ser humano, como mu­lher, como cidadã.

Essa é a retribuição que eu tenho a dar a Deus por tudo que ele tem feito por mim. Obedecendo a ele piamente, fazendo a caridade, estendendo a mão a quem precisa, sendo solidária, tendo compaixão pelas pessoas. Do ponto de vista político, pragmaticamente, é tentar resolver os problemas do Tocan­tins. Não reclamo de dificuldades com relação ao relacionamento com o governo, não reclamo de nada, só agradeço a vida que tenho, ao mandato que tenho. Tudo é tão pequeno diante da grandeza de onde estou que eu não tenho direito de reclamar de nada, de tratamento, de relacionamento, isso é muito pequeno, diante do tamanho das coisas que precisam ser feitas. Deixo isso de lado, às vezes fico um pouco brava, aqui, acolá, mas nada tira o meu foco, que é diminuir a pobreza, fazer do Tocantins um Estado de excelência e inovação, fazer do Tocantins uma excelência em irrigação, em agricultura de baixo carbono, em profissões tecnificadas, no combate ao câncer de mama e colo de útero, é ter os melhores índices, treinar a mão de obra para o meu Estado, combater a febre aftosa. É esse é o meu foco. É isso que nós temos que almejar. A classe política do Brasil às vezes se consome dentro dela própria, não passa de 10%, menos de 10%, que se fecha em copas em detrimento de 80% da população. Esse casulo precisa ser quebrado, podem dizer que eu converso pouco com os políticos, eu gosto de todos, não tenho problema com ninguém, mas eu tenho que fazer o meu papel, ir à luta, trabalhar. Se tenho pouca condição e pouco tempo para o diálogo, pode ser uma falha minha, mas a minha consciência está tranquila. Às vezes posso falhar com um amigo, com a falta de diálogo mais assíduo, mas eu não falho com o povo. Minhas intenções e objetivos estão no lugar certo, na sociedade, nos 80% que precisam de nós.

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