Dualidade
Andréia de Oliveira*
Nas paredes do castelo de minhas recordações,
Tua presença viva e fresca,
Tal qual a tinta que escorreu do pincel do artista em seu dia de glória.
Curioso desleixo nas gotas do desatino a salpicar em linha e tons,
Para além dos contornos da moldura do destino.
Acredito que toda obra prima guarda um quê de imperfeições ,
Como o Adão de Michelangelo retratado após o seu gozo lúdico da separação.
Criador e criatura recriam o amor e o amante;
O instante do êxtase inicial sublimado pelos acenos constantes e distantes;
A reproduzir as juras dos enamorados de outrora.
Na angústia do retorno adiado brotam as ilusões na certeza,
Das verdades filosóficas presentes das rosas desabrochadas,
No vaso d’água sobre a mesa.
Assim como elas guardam a memórias das raízes fincadas;
Também os borrões da parede trazem a perspectiva das formas;
Na incessante e voraz dualidade dos sopros de vida.
Contradições minha e tua,
Da terra e do homem,
Do pai e do filho!
Agora entendo a promessa que fizestes diante das cores dispersas da tela!
Do regresso dos ângulos retos do quadrado ao círculo;
Do reencontro das águas da chuva com as ondas;
Das partes contidas no todo.
Andréia Melo de Oliveira é baiana, nascida na cidade em Jequié, sudoeste baiano, residindo atualmente na Capital baiana. Tem trabalhos publicados na antologia poética “Poemas de Mil Compassos” da “Coleção Literatura Clandestina (Clube de Autores) e na antologia “Poetas Contemporâneos” (Câmara Brasileira de Jovens Escritores). Em outubro desse ano, teve um trabalho premiado com menção honrosa pela participação do “IV Concurso Literário da Academia de Letras do Recôncavo” – ALER . Participará ainda do “Panorama Literário Brasileiro 2009/2010”, antologia a ser lançada em dezembro de 2009 também pela CBJE, que reunirá os mais belos poemas do ano, catalogando em seus seletivas. Escreve também no blog Voos da alma: http://voosdaalma.blogspot.com/