Eu quero tudo sem a desventura
de bravejar sem que ninguém escute,
mas um bafejo vem da noite escura
dizendo:
LUTE!
E a ilusão, que ao presente emoldura,
faz-me temer antes que a fera ruja
o seu bafejo de verdade pura
dizendo:
FUJA!
Em paralelepípedo sem norte
meu pé de vento nesse vão se vira.
A fera horrível, no planeta, gira
dizendo:
MORTE!
Mas num milissegundo de fulgência
A consciência, impondo-se luzida,
vergasta a fera e dissolve a demência
dizendo:
VIDA!
Foge assustada a que assustava os seres
do Eu que é TU, ELE, NÓS, VÓS, ELES.
A consciência rebenta os espelhos
dizendo:
VELHOS!
Já sem o louco enfiado entre nós,
para que a si o meu corpo retome,
sorrio-me abraçando-me a sós,
dizendo:
Livingstone!
Livingstone Pinheiro de Rezende
São João de Meriti - 03/06/2008