Ricas? Não sei onde


"Mulheres Ricas": Lydia Sayeg, Débora Rodrigues, Val Marchiori, Narcisa Tamborideguy e Brunete Fraccaroli

Muito já se falou sobre o patético programa “Mulheres Ricas”, que estreou recentemente na Band. Até tentei aguentar e não comentar nada por aqui, mas não dá. Sinto-me ultrajada como espectadora, como mulher e como mulher rica.
Sim, pois em um país como o nosso alguém que tem casa e carro próprios, um emprego em que ganha o suficiente para pagar as contas, viajar com a família uma vez por ano e comer fora de vez em quando pode ser considerado rico.

Portanto, na prática sou uma mulher rica. E, em essência, para lá de rica, uma vez que amo minha família e amigos, adoro meu trabalho e tenho ótima saúde.
Mas me senti perplexa com o programa estrelado por cinco mulheres esquisitíssimas, com atitudes histéricas e infantilóides. Com roupas michas e rostos esticados ou deformados por preenchimento e maquiagem carregada, elas só falam bobagem atrás de bobagem.
Claramente há um enorme erro de conceito ao batizar assim o programa. Conheço muitas mulheres ricas de verdade que jamais se comportaram dessa maneira. Para começar, a maioria dos realmente ricos não apareceria na TV nem se lhe pagassem a sua fortuna em dobro. E não, eles não tomam champanhe o dia todo, mas trabalham. Para aumentar seu patrimônio, claro, mas também criam, desenvolvem e se ocupam de fundações e projetos importantes, pensados para melhorar as condições de vida dos menos favorecidos.
Esse festival de mau gosto, com aviões particulares e grifes manjadas, é coisa de gente sem imaginação, pobre de espírito e ignorante. Os ricos não estão nem aí para isso, uma vez que o que querem é privacidade, coisa que essas pessoas desconhecem completamente.
Ora, é até natural que em uma sociedade midiática e exibicionista como a nossa todos queiram aparecer. No entanto, o que mais me espantou (e entristeceu) foi o fato de diretores de programação de uma TV de grande alcance acharem que é construtivo e edificante exibir esse tipo de conteúdo pobre e, repito, patético.
Um desserviço a todo país, tão carente de boas propostas. E não me venham com o blá blá blá de que dá audiência. Esse vale-tudo na programação é imperdoável. Sem falar que não é divertido: é precário, de mau gosto e cafona. Tudo, menos rico.

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