A psicanalista informa que neste primeiro semestre o projeto contemplou seis escolas. No trabalho direto, ela, com a colaboração da estagiária Soluara Rodrigues, fica em contato com alunos e pais. O sociólogo Favaron cuida da capacitação dos professores. Palestras, exibições de filmes, conversas informais e escuta terapêutica fazem parte do trabalho.
Atenção especial é dada à prevenção porque, de acordo com Rossana, a abordagem dos traficantes é feita a crianças e cada vez mais cedo. "Tive um paciente de oito anos de idade que já teve contato com o crack. Falam demais em necessidade de locais para tratamento, mas é preciso falar em prevenção", alerta.
De acordo com a metodologia do projeto, nos primeiros encontros com os alunos são passadas informações de prevenção contra as drogas. Em seguida, é a vez de ouvir as experiências de cada um e depois há contato com os pais. Paralelamente, os professores são capacitados (em encontros duas vezes por semana) para lidar com a questão em sala de aula.
Nesses primeiros meses, a experiência já se mostrou muito rica, revela Rossana. Em uma escola, por exemplo, um grupo de alunos que integrava uma gangue teve a iniciativa de procurar a psicanalista em busca de ajuda. "No início me chamavam de psicopata, riscavam meu carro. Mas houve mudança. As mães contam que alguns passaram a ajudar em casa, avisam quando vão sair", diz.
Quando concluir o trabalho em Maranguape - a previsão é de um ano - a intenção da psicanalista é ampliar o projeto para outros municípios. Ela acrescenta que também participam do projeto a advogada Ana Cláudia Alencar, dando assessoria jurídica, e o professor Odailson da Silva.
O Secretário de Educação de Maranguape, Gilvan Paiva, explica que o projeto ainda está no início e por isso não há dados estatísticos conclusivos. "Posso dizer da nossa preocupação com a drogadição e o projeto vem dar mais condições para discutir formas de enfrentamento do problema. É preciso preparar as escolas e uma questão dessa ordem envolve a necessidade de integração com as famílias", diz.
Rossana Brasil Kopf, psicanalista do Projeto Jovens com Qualidade de Vida