Especialistas alertam sobre os principais riscos de acidentes e óbitos nas estradas e sugerem ações simples para evitá-los
Motivadas por férias escolares, festividades e a alta temporada de verão, muitas famílias devem arrumar as malas e pegar estradas nas próximas semanas. A espera por momentos de lazer pode dar lugar a alguns transtornos e até mesmo tragédias, sobretudo por conta do aumento do tráfego nas rodovias. Segundo o DATASUS, órgão do Sistema Único de Saúde, em todo Brasil, mais de 3,5 mil pessoas morrem por mês no trânsito. Em dezembro, principalmente nos últimos dias do ano, o número chega a aumentar 12%.
A começar pela estatística do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), que indica que 90% dos acidentes de trânsito no Brasil são causados por falhas humanas, os fatores associados à negligência estão entre os mais praticados por motoristas. Verificar as condições de pneus e estepes antes das viagens, por exemplo, diminui os riscos de perda de controle do veículo ao transitar nas estradas. Outra atitude negligente é a falta de utilização de cadeirinhas e dispositivos de segurança, que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são equipamentos capazes de reduzir a mortalidade entre 70% e até 80% das crianças.
O uso de celular ao volante é mais um ato preocupante. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) indicam que esta é a terceira maior causa de fatalidades de trânsito no país, responsável por tirar a vida de cerca de 150 pessoas diariamente. Segundo a especialista em simuladores de direção e diretora da ProSimulador, Sheila Borges, essa conduta também pode ser mudada. "A segurança das pessoas deve ser tratada como prioridade. Bastam quatro segundos com o carro a 80 km/h para acontecer um acidente grave. Esperar até a próxima parada em algum posto ou encostar o veículo em área permitida para responder mensagens e fazer ligações é uma ação simples que pode fazer toda a diferença e ajudar a preservar vidas", orienta.
Excesso de velocidade
No ano passado, de acordo com um levantamento divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), somente nas rodovias federais foram registrados 89,3 mil acidentes graves, que resultaram em 6,2 mil mortes e 83,9 mil feridos. Destas eventualidades, o excesso de velocidade foi responsável por pouco mais de mil óbitos e 9,6 mil feridos.
Para a especialista em educação digital e diretora da Procondutor, Claudia de Moraes, a conduta imprudente está inserida na cultura do motorista brasileiro. "Infelizmente, quando dirigem com a velocidade acima do permitido, os condutores acreditam que nada pode acontecer e que ultrapassar o limite é normal. Porém, em um simples desvio de atenção no percurso ou até mesmo por conta da pressa, ele não enxerga um motociclista no ponto cego, um pedestre ou animal nas vias e isso pode trazer consequências irreparáveis", afirma Claudia.
Condições das estradas são obstáculos
Ainda que as falhas humanas tragam os maiores prejuízos no trânsito, existem também outras causas que contribuem com infrações e acidentes, como a precariedade das rodovias em algumas regiões, má sinalização, buracos, entre outros.
Segundo a especialista em mobilidade humana e gerente do Instituto Mobih, Viviane Chaves, departamentos e órgãos de trânsito podem contribuir ainda mais com a diminuição desses índices. "Debater medidas que tragam segurança e chamar a atenção da sociedade para o número de acidentalidade e mortes no trânsito por meio de mais campanhas de conscientização e ações educativas seriam fundamentais para mudar esse cenário", conclui.