Sedentarismo e poluição afetam, cada vez mais, as grandes cidades. Foto: Banco Mundial
Em algum lugar do futuro na América Latina carros circulam pelos ares, casas inteligentes possibilitam que um simples estalar de dedos acenda as luzes, as cidades são limpas e sem tráfico de drogas e as enfermidades não passam de uma má recordação. Já na realidade, em pleno século 21, habitantes de metrópoles como Buenos Aires, Cidade do México e Bogotá se queixam nas redes sociais da “criminalidade a qualquer momento”, falta de mobilidade urbana e saúde para todos.
A realidade da América Latina e de boa parte do resto do mundo é muito distante das primeiras cenas futurísticas, que parecem ter sido tiradas de algum roteiro de Hollywood ou dos livros de ficção. Em um contexto no qual 80% dos latino-americanos (mais de 400 milhões de pessoas) vivem nas cidades, os desafios estão postos à mesa: reduzir a poluição, as desigualdades sociais e incorporar novas tecnologias nas áreas de transporte e saúde.
“Fazer com que nossas cidades sejam mais habitáveis e possam contribuir com um planeta mais sustentável. É preciso ter uma visão estratégica de desenvolvimento, saber quais são suas necessidades e a vontade de seus cidadãos”, opinou o produtor de conteúdo para internet do Banco Mundial, Robert Valls, em artigo publicado no El País, no qual reuniu os pensamentos de alguns dos especialistas da instituição financeira sobre o assunto.
Novas tecnologias
“As novas tecnologias podem favorecer modelos de mobilidade mais eficientes, que não interfiram na equidade dos espaços públicos”, destacou Verónica Raffo, especialista em transporte do Banco Mundial. Valls citou que algumas cidades latino-americanas já contam com algumas iniciativas que merecem destaque, entre elas, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
“O sistema de teleférico do Rio de Janeiro conecta, em 16 minutos, os habitantes do Complexo do Alemão ao resto da cidade. Já Buenos Aires, com seu sistema de compartilhamento de bicicletas Ecobici, que é gratuito, realiza mais de 5.000 viagens por dia”, exemplificou Valls. Ele lembrou que um dos problemas centrais da região é a quantidade abundante de veículos. “Sendo que em uma cidade como Buenos Aires, o automóvel fica parado durante 75% do tempo e 90% dos carros transportam apenas uma pessoa”, observou.
Saúde, o grande desafio
O artigo de Robert Valls alerta também que a aglomeração em grandes centros urbanos implica estilos de vida que geralmente são sedentários e representam riscos à saúde, que incidem desde a qualidade da água até a poluição do ar, sonora e doenças infecciosas. “As megacidades tem uma importância estratégica em nível mundial, porque os problemas de saúde possuem uma transcendência global. Exemplos claros são os vírus HIV e H1N1, o acidente nuclear no Japão o furacão Katrina em Nova Orleans”, ressaltou Luis Péres, especialista em saúde do Banco Mundial.
Nessa linha, as doenças infecciosas e as enfermidades crônicas provocadas pelo estilo de vida sedentário (o consumo de álcool e tabaco, por exemplo) se apresentam como as principais ameaças à saúde das grandes cidades. O cigarro, por exemplo, mata 5,6 milhões de pessoas a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Contudo, na opinião de Valls, os avanços técnicos, novamente, ganham força nesse terreno. Ele citou o médico Luis Carnigia, diretor de relações institucionais do Hospital Garraham, em Buenos Aires, segundo o qual “a saúde está se adaptando aos novos tempos”. “Os processos médicos hoje são mais eficientes graças a mecanismos como as consultas à distância, ou conferências via telefone. São novas ferramentas adaptadas a novos estilos de vida”, concluiu Robert Valls.
* Com informações do El País.
** Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)