O JOGO POLÍTICO DOS MENSALÕES

É difícil não imaginar que Lula não recebeu um esquema pronto para comprar deputados e senadores montado durante os oito anos de governo FHC e principalmente a partir da compra da reeleição. Um golpe branco contra a democracia. Aqui e na Argentina.

A expressão clube de amigos e inimigos cordiais serve apenas para demonstrar a ferocidade da luta pelo botim que é governar um País como o Brasil, ou um dos 26 estados da Federação e mais o Distrito Federal.

Candidato a presidente da República na última eleição indireta Paulo Salim Maluf perguntou a Roberto Campos se valia a pena investir 100 milhões de dólares, à época, para comprar votos no Colégio Eleitoral (deputados, senadores e deputados estaduais representando assembléias legislativas). A resposta foi simples. “É claro, você vai investir 100 milhões e ganhar no mínimo um bilhão ao final de quatro anos. Não existe nada tão rentável quanto ser presidente do Brasil”.

Lula começou a capitular quando assinou a carta de intenções do governo FHC, falido, junto ao Fundo Monetário Internacional. A avaliação sobre assinar ou não passou apenas pelo critério eleitoral. Pensar nos danos causados ao Brasil e no que vinha sendo defendido em praça publica nem passou pela cogitação do comando petista, então todo ele concentrado em mãos de José Dirceu.

A prometida auditoria da dívida externa, por exemplo, foi para o espaço ali.

Lula preferiu dizer aos banqueiros internacionais que não fugiria do modelo traçado pelo neoliberalismo apesar do discurso eleitoral sinalizar outra direção.

Começou o governo presa fácil de bancadas de partidos como o PMDB, ainda hoje uma frente de “negócios” – com raras exceções, os sobreviventes do MDB. Agarrado pela bancada ruralista que queria a todo custo introduzir o cultivo de transgênico e matar a perspectiva de reforma agrária, de uma agricultura sadia e a evangélicos e suas distorções e ambições de transformar o Brasil numa das primeiras repúblicas declaradamente evangélicas do mundo.

Capitulou.

Não se pode dizer que não tenha tido alternativa. Foram oferecidas por antigos companheiros, todos rejeitados e, quem tiver boa memória vai se lembrar do rompimento do presidente com o intelectual Chico Oliveira, durante longos anos seu mentor e quem lhe deu um mínimo de formação política. Transformou o instinto, o faro do líder sindical em consciência política.

Hoje aperta a mão de Paulo Salim Maluf, o do investimento de 100 milhões de dólares, procurado pela INTERPOL em vários países e responsável por desvios de bilhões nos cofres públicos da Prefeitura de São Paulo e no governo do estado, tudo para derrotar outra bandido, José Serra..

Dilma Roussef nesse jogo todo foi alguém que sobrou ao final dos dois mandatos com condições de se eleger escorada na popularidade de Lula. Pouco antes o ex-ministro da ditadura Delfim Neto tecia loas a Lula e dizia que “Lula elege até um poste”. Chamar Dilma de poste seria um exagero. Uma temeridade. Mas afirmar que a presidente tem as mãos algemadas nesses acordos políticos tecidos para manter o clube de amigos e inimigos cordiais intacto não é nenhum exagero.

O PT hoje é um PSDB diferenciado e nada além disso. A disputa entre Lula e FHC é disputa de egos e muito mais por conta de FHC, um desastre absoluto em tudo e por tudo. E começa agora a surgirem as revelações de esquemas semelhantes ao mensalão petista no mensalão mineiro que sustentou candidaturas tucanas em todo o Brasil.

Fernando Henrique Cardoso seguiu a risca a receita neoliberal. Entregou o que pode, o que não podia e só não privatizou o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras por falta de peito, sentiu que não conseguiria e poderia provocar uma grave crise política.

Lula não mudou nada. Manteve todas as privatizações, inventou o que Ivan Pinheiro – secretário geral do PCB – chamou apropriadamente de “capitalismo a brasileira” e descobriu o caráter eleitoral do bolsa família. O que poderia ser um programa de formação e conscientização virou um grande “coronel” político nacional.

Dilma começa a sentir o fim do milagre. Para se ter uma idéia, além da crise que se abate sobre Europa (viveu séculos explorando outros povos, colonizando, agora não sabe como se sustentar) uma seca sem precedentes, ou por outro, semelhante à outra de 1930 se abate sobre vários estados norte-americanos, reduz a produção de alimentos e vai se estender a todo o mundo, seja mostrando a falência do modelo imposto pelo agronegócio, seja custando os olhos da cara ao cidadão comum em qualquer canto, na tal da globalização.

Vamos vender mais etanol, hoje controlado por grupos estrangeiros. Mas e daí? Vamos comer etanol?

Para que haja corruptos e preciso que haja corruptores. O Estado brasileiro é controlado por grandes banqueiros, grandes corporações, latifundiários e se FHC era escancaradamente o representante dessa gente, Lula e Dilma olham para outro lado quando cometem asneiras neoliberais e sabem, ambos, que estão levando o País a uma situação de dependência política e econômica sem saída se persistir o atual modelo.

Eu ouço, por exemplo, candidatos a prefeitos de grandes cidades brasileiras falarem em investimentos de grandes empresas para gerar empregos, criar perspectiva de futuro, essa demagogia rotineira de toda eleição, mas não vejo nenhum deles falar em como, onde, ou mostrar o caminho das pedras, porque isso não existe.

É hora de repensar o modelo político e econômico e encontrar um caminho que Lula pregava nos idos da ditadura militar e pelo qual Dilma lutou, foi presa e torturada.

O que um STF – Supremo Tribunal Federal – vai decidir, qualquer que seja a decisão se um dos seus ministros e maçã podre, comprovadamente. Gilmar Mendes, funcionário de Daniel Dantas e doido para colocar Carlos Cachoeira na rua.

Por que a mídia crucifica o governo Lula, as figuras do governo Lula e deixa de lado o governo FHC, as figuras do governo FHC?

Disputa de botim, só isso.

Dilma foi lá tentar vender receita de panqueca no programa de Ana Maria Braga, não deu certo. As panquecas eram insuficientes para o apetite pantagruélico da quadrilha GLOBO.

O próprio FHC reclamou da voracidade dessa mídia de mercado.

Estamos diante de uma farsa. Não se instalou a CPI das privatizações quando há provas sobejas de corrupção. Pelo contrário, Dilma mandou a base petista ficar fora do esquema para não complicar mais, uma espécie de bandeira branca, sem perceber que vai sendo engolida por uma quadrilha mais esperta, melhor organizada, que vai abocanhando fatias do seu governo e imobilizando-o com a cumplicidade do comando do seu partido e do ex-presidente, doido para voltar ao Palácio nas eleições de 2014.

Sim, clube de amigos e inimigos cordiais. O negócio é a caneta que nomeia um Moreira Franco para a Secretaria de Assuntos Estratégicos em substituição a um embaixador do porte de Samuel Pinheiro Guimarães, e a chave do cofre.

A bem da verdade, a turma só pára de se devorar para uma breve tomada de fôlego, pois logo voltam à lide e à disputa. Governo, PT, PSDB, Dilma, Lula, FHC, Serra, bancada ruralista, bancada evangélica, PMDB, GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, Aécio, os mesmos protagonistas de sempre e sobra, sempre também, para o trabalhador.

É a farsa do jogo do mensalão, ou dos mensalões. São vários.

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