CACHOEIRA TRANSFORMA CPMI E POÇA D’ÁGUA

Imputar a Carlos Cachoeira a responsabilidade pelo fracasso de seu depoimento na CPMI que investiga a sua participação numa grande quadrilha que assalta cofres públicos é esquivar-se de outra responsabilidade, a dos deputados e senadores da Comissão – a maioria – que, entre outras decisões, esquivou-se de convocar os governadores Marconi Perilo (PSDB/Goiás), Agnelo Queiroz (PT/Brasília) e Sérgio Cabral (PMDB/Rio de Janeiro), além do diretor da DELTA, o tal Cavendish e da quebra do sigilo bancário da DELTA em todo o território nacional, restringindo-o a região CENTRO/OESTE.

Carlos Cachoeira usou um direito previsto na Constituição. É muito mais sensato questionar Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula, por estar na defesa do acusado num período inferior a cinco anos em relação ao tempo que ocupou o Ministério da Justiça. Ou pouco mais. Não importa.

É só lembrar o exemplo de Evandro Lins e Silva no processo de impedimento de Collor de Mello, ou quando era ministro do Supremo Tribunal Federal, para estabelecer a diferença de comportamento entre figuras que ocuparam cargos públicos (Evandro Lins e Silva foi ministro no governo João Goulart).

Ou, se formos mais longe, Sobral Pinto na defesa de Luís Carlos Prestes durante a ditadura Vargas e de presos políticos durante a ditadura militar. Protagonista inclusive de um célebre e exemplar pedido de direitos mínimos a Prestes (tamanha a barbárie da Polícia de Vargas, anos mais tarde um dos seus esbirros, Felinto Muller foi líder na ditadura militar), escorado nas leis internacionais de proteção a animais. Esgotados todos os recursos sobrou aquele.

Estabelecida essa premissa, a decisão de orientar Cachoeira a não falar é constitucional. Falar por que se a CPMI ao não convocar os governadores e o diretor da DELTA (que estava em Paris com a turma de Cabral) tenta, visivelmente, proteger políticos de situação e oposição?

Foi aí que Cachoeira transformou a CPMI numa poça d’água.

Um detalhe na cobertura da GLOBO NEWS. Quando os deputados Chico Alencar e Protógenes Queiroz falaram houve um corte para algumas “entrevistas” óbvias com um deputado do PSDB e outro do PT. A fala dos dois parlamentares que buscam sobrepor, junto com outros poucos, não chegou até aos telespectadores.

É sabido que a mídia de mercado, podre e venal, está empenhada em manter a poça d’água até que se evapore totalmente no afã de proteger a revista VEJA, parte da quadrilha de Cachoeira. O temor que investigações sérias, completas, cheguem também à REDE GLOBO, ao grupo GLOBO. Vale dizer proteger VEJA é proteger ao conjunto da mídia podre e venal, o temor que as investigações abram portas que querem manter fechadas. Aí bota a Xuxa para falar, inclusive porque o jogador Herrera deu uma banana para o FANTÁSTICO. “Música, música para que? Quero música não”. Inadmissível para uma quadrilha construída na ditadura, com direito a atentado terrorista e que se imagina num Olimpo.

A não convocação do diretor de VEJA, Policarpo das Quantas (empregado da revista e de Cachoeira) é um ato de submissão dos parlamentares, inclusive alguns que ficaram arrotando independência em suas falas, todas voltadas para exibir uma atuação pública que não corresponde à dos bastidores, das articulações do clube de amigos e inimigos cordiais.

O argumento que existem indícios sobre corrupção envolvendo Cachoeira, a DELTA e políticos na região CENTRO/OESTE se esvai nas fortes evidências contra os governadores Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral. E, de repente, por que não Aécio que nomeou uma prima de Cachoeira para um cargo em seu governo – Minas – ou as ligações lá atrás de Cachoeira e José Roberto Arruda em Brasília, que atingem em cheio o esquema de campanha de José Serra em 2010 e vínculos dos governos tucanos no estado na capital – São Paulo – no esquema de caixa dois?

Resumo da história. A maioria dos deputados e senadores dos principais partidos de oposição e do governo está preocupada em blindar seus membros, seus agregados (caso de Sérgio Cabral explícito na mensagem telefônica de Cândido Vaccarezza), percebendo que uma investigação séria, plena, responsável, arrebenta com o institucional, o modelo político e econômico que nos é imposto na farsa de mudanças que não existem, o clube é de amigos e inimigos cordiais, chega inclusive a Gilmar Mendes no STF. É só voltar aos dois habeas corpus concedidos a Daniel Dantas e a farsa da gravação de seu gabinete, explicitamente uma conversa com Demóstenes Torres, lá chamado por ser capaz de qualquer trapalhada, ou crime para sobreviver e receber. O que implicaria mais ainda a revista VEJA, porta-voz da dupla à época dos fatos (a Operação Sathiagraha pelo então delegado Protógenes Queiroz).

Se de um lado é possível perceber a ação responsável e íntegra dos deputados Chico Alencar e do próprio Protógenes (ainda que limitado pelo seu partido, o PC do B), mais dois ou três, o resto entra no balaio da impunidade e da farsa a cores e ao vivo, basta, para quem assistiu, perceber o riso franco e envergonhado de Cândido Vaccarezza, o do “você é nosso”, referindo-se a Sérgio Cabral.

O que faz Collor de Mello na CPMI, por exemplo? Nada além de buscar vingança contra a revista VEJA. Ora, VEJA é parte de uma quadrilha de porte nacional, tem vínculos com o crime organizado, é porta-voz do crime organizado e Collor é apenas um ex-chefão aposentado mas nem tanto desse crime (e pior, rifado pelo próprio crime organizado, naquela história de entregar anéis para salvar os dedos.

Os dedos estão aí e com novos/velhos anéis, pois nunca se foi a fundo em nada nessa história de CPIs, ou CPMIs. Fatosque fica muito claro desde que transmitidos ao vivo pela televisão.

A intervenção da jornalista da GLOBO em estúdio, para “explicar” porque a sessão não poderia ser transformada em administrativa como proposto por alguns, foi um primor de nada. Foi como um locutor esportivo afirmar que o gol aconteceu porque a bola ultrapassou a linha e foi ao fundo das redes. O esclarecimento foi dado pelo próprio presidente da CPMI pouco antes do início da fala de dois parlamentares, um contra e outro a favor, como manda o regimento (que nessas horas serve também para salvar bandidos).

Bandido como depoente? É óbvio. Mas quantos bandidos do lado de lá dos “investigadores” cada qual agradecendo mentalmente ao advogado Márcio Thomaz Bastos por ter mandado Cachoeira silenciar usando um direito constitucional? Nem de longe estou questionando esse direito, é legítimo, porque não existe só Cachoeira.

O pior que poderia ter acontecido seria Carlos Cachoeira abrir a boca. Não ia sobrar nem pena para contar sobre o tufão que varreu de cena esse modelo político e econômico. Cachoeira é uma ponta. E a Norberto Odebrecht?Ou a Queiroz Galvão? Ou a OAS? Ou a Andrade Gutierrez? Será que não inocentes? Será que agem sem permear o Estado com corrupção, com propinas, com verbas para campanhas de deputados e a turma do clube, os amigos? E os bancos? E o latifúndio?

A Queiroz Galvão, por exemplo, é uma quadrilha muito maior que a de Cachoeira e com muito mais competência na bandidagem, já que escapa imune e impune a qualquer investigação, ou tentativa de.

Quantos prefeitos não estarão envolvidos com a DELTA? O da minha cidade está. A DELTA ganhou três licitações aqui. É em Minas Gerais e ele é tucano, chegou a ser líder da bancada federal quando deputado federal.

Aí quebra o sigilo na região CENTRO/OESTE e pronto?

Cá entre nós a pergunta mais atilada feita a Carlos Cachoeira foi sobre se ele tinha um palpite para o bicho que vai dar. Muitas milhares devem ter saído carregadas, haja descarrego.

E a CPMI virou poça d’água.

A registrar a agitação do deputado Anthony Garotinho na tentativa de imputar culpas a Sérgio Cabral. O porco falando do toicinho. Cá entre nós, com essa dupla, mais César Maia e Eduardo Paes o Rio não sobrevive muito tempo.

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