O governo Dilma Roussef anunciou a criação de uma força tarefa para prevenir e enfrentar o que chama de "desastres naturais". O Brasil, um país com dimensões continentais, devastado por chuvas/enchentes e seca.
As empresas que concorrem com a VALE ao prêmio de pior empresa do mundo em termos ambientais e sociais são uma mineradora norte-americana, a sul-coreana SAMSUNG, uma japonesa de energia, um banco britânico e a SYNGENTA (que atua no Brasil com aval do governo), empresa suíça voltada para o agronegócio.
A indicação da VALE ao seleto grupo de quadrilhas de grande porte foi feita pela ARTICULAÇÃO INTERNACIONAL DOS ATINGIDOS PELA VALE (INTERNATIONAL NETWORK OF PEOPLE AFFECTED BY VALE), tudo por conta da organização brasileira REDE JUSTIÇA NOS TRILHOS, com sede no Maranhão (território controlado pela máfia Sarney), em parceria com as ONGs internacionais AMAZON WATCH e INTERNATIONAL RIVERS.
No relatório que anuncia as empresas concorrentes ao prêmio a PUBLIC EYE AWARDS afirma que a "a VALE tem uma longa história corporativa caracterizada por condições de trabalho desumanas, violações de direitos humanos e destruição ambiental".
A justificativa das organizações que levaram o nome da VALE à disputa do prêmio se escora na afirmação sobre "os inúmeros impactos ambientais, sociais e trabalhistas causados na última década pelas atividades da corporação no Brasil e no mundo".
A privatização da VALE foi parte do governo de Fernando Henrique e um dos maiores "negócios" já realizados no mundo da corrupção. Enriqueceu o ex-presidente, o ex-governador de São Paulo José Serra, sua filha e o banqueiro Daniel Dantas, esses num primeiro plano - propinas/comissões de vulto - e outros em planos menores.
O livro A PRIVATARIA TUCANA do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ignorado pela grande mídia e líder de vendas em todas as listas "mais vendidos" no País, mostrou que na prática se processou uma grande entrega de patrimônio público em nome da chamada "nova ordem política e econômica", o neoliberalismo, da qual FHC era um dos mais privilegiados servidores.
Quando a mídia de mercado reage a projetos de democratização do setor com a farsa da "liberdade de expressão", reage na tentativa de impedir - parte que é das grandes quadrilhas que controlam o Brasil e o mundo de um modo geral, quase que absoluto - que as pessoas tomem conhecimento da realidade.
Dão choque de Big Brother Brasil, um bordel televisivo, um programa de pornografia explícita em canal aberto. Uma nova característica do ser humano, compelido a expor em público suas vísceras, num processo de dominação e alienação que tendo como pano de fundo o espetáculo, acelera a desumanização desse ser, objetivo básico do capitalismo. Uma espécie de fundo do poço existencial com efeitos especiais.
Numa dessas séries de tevê geradas a partir dos EUA, num interrogatório feito pelo detetive/mocinho a um criminoso latino condenado por tráfico de drogas e preso em penitenciária de "segurança média", num dado momento o criminoso afirma que a cobrança da dívida de outro criminoso, esse em liberdade, é perfeitamente normal. E explica - "estamos nos EUA, é capitalismo. Quem deve tem que pagar, do contrário prejudica os negócios".
Em Minas Gerais é possível arranjar licença ambiental para qualquer tipo de atividade. Desde o governo de Aécio Neves a FEAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DO AMBIENTE - autoriza qualquer negócio se paga a devida propina. O procurador do órgão, curiosamente, ou não - não existe coincidência -, além de tucano se chama joaQUINZINHO. A despeito dos esforços não chegou ainda a joaVINTINHO. Isso é coisa para a turma de cima. A aberração Antônio Anastasia, por exemplo.
Desde o primeiro suspiro do universo, uma tragédia em si do ponto de vista da Física, "desastres naturais" são comuns e serão sempre. O que não significa que seus efeitos mais diretos (como agora as enchentes e a seca no Rio Grande do Sul) não possam ser evitados.
Em primeiro lugar a absoluta complacência de governos municipais, estaduais e federal - falo do Brasil - com interesses das grandes corporações (hoje o agronegócio e a mineração são devastadores, sem controle algum), de bancos e do latifúndio. Governos aqui têm operado em função de um modelo que chamam de progresso, de Brasil potência, que, entre outras coisas, propicia a plena e absoluta devastação ambiental (com o aval de um deputado que se afirma "comunista", PC do B, Aldo Rebelo e seu parecer sobre o Código Florestal).
Lula, por exemplo, tentou fugir do esquema geral e criou o que Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB - Partido Comunista Brasileiro) chama de "capitalismo a brasileira". Resulta num sub-imperialismo em relação a países da América do Sul e nem por isso, porque Dilma já se inseriu de volta ao modelo traçado por Washington, detém um outro processo, o de transformação do Brasil num grande entreposto do capitalismo internacional.
Não existem mais nações, como as conhecíamos, na nova ordem. Mas bancos, grandes corporações empresariais e latifundiários (um adereço que bancos e empresas carregam, mesmo que sejam colocados nas mesas do fundo do salão por não conhecerem ainda garfo e faca e ao tomar café levantem o mindinho contrariando as regras básicas de "etiqueta").
E um imenso poder bélico capaz de um outro desastre, esse um desastre absoluto. A destruição do planeta cem vezes se necessário for, para "manter a ordem e a democracia cristã e ocidental".
Cidades "crescem" de forma desordenada, à mercê da luta pela sobrevivência que cada cidadão trava consigo e os seus. Espaços são ocupados sem qualquer preocupação do Poder Público, muitas vezes o grande incentivador na demagogia do voto nas eleições seguintes. Governos estaduais se transformam em gerências regionais dos "negócios" dos donos e o Governo Federal (como um todo, Executivo, Legislativo e Judiciário) formam um grande clube de amigos e inimigos cordiais, movido a alianças espúrias e inconseqüentes.
Que se dane o andar de baixo é a máxima dos que controlam o poder e seguida à risca por seus "servidores".
Exceções são mínimas, pouquíssimas. E sem forças suficientes para deter o processo predador. As grandes massas estão voltadas para a edição do BBB, acreditando piamente no JORNAL NACIONAL e chorando a saída de Fátima Bernardes.
Como prêmio de consolação têm - a despeito da baixa audiência - Ana Maria Braga oferecendo receitas mágicas, inclusive uma da presidente, para o gáudio do domingo, para substituir o frango assado e o macarrão.
O noticiário dos canais aberto e fechados da REDE GLOBO, a maior do País, tem mostrado cenários de devastação provocados pelas chuvas/enchentes e pela seca, o paradoxo do "gigante deitado eternamente em berço esplêndido". Não falam uma linha sequer sobre o desvio de recursos federais para a FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO, agência de lavagem de dinheiro do grupo, obra do governo de Sérgio Cabral. Recursos para combate aos "desastres naturais".
E nem tocam nas origens de tamanhas tragédias. Preferem mostrar crianças que salvaram ursinhos de pelúcia, idosos que choram a perda de anos de trabalho e homens e mulheres limpando com rodos e vassouras a dor do abandono e do desprezo, no show do capitalismo em todas as suas faces.
Uma força tarefa para prevenir e enfrentar "desastres naturais". Arrombada a porta coloca-se a tranca.
De quebra vão pespegar uma grande medalha no peito de Eike Batista, responsável por grandes crimes ambientais, mas senhor de terras e castelos. Proprietário de deputados, senadores, governadores, etc.
Há um fenômeno típico do capitalismo que começa a se manifestar com força no Brasil. O das praias privadas. Grandes condomínios de grandes empreiteiras associadas a grandes bancos, cercados de cercas e seguranças por todos os lados.
Sobra o piscinão de Ramos.
"Desastres naturais" e todas as suas conseqüências, falo de enchentes e secas são incúria dos governos que, por sua vez, são representantes do modelo político e econômico.
Criou-se um "deus", a televisão. A mídia de mercado como um todo O importante é salvar o aparelho - qualquer que seja o modelo - e assistir ao drama do vizinho. Não vai demorar muito e vão começar os shows em benefício dos desabrigados e desalojados. Basta um desabrigado e um desalojado, muitos deles, levar um quilo de alimento não perecível.
Ou então, ouvir Edir Macedo e suas quadrilhas explicarem a "vontade divina". Mas lá de Miami.
Esses não são "desastres naturais". E podem ser eliminados com organização popular e objetivos definidos de luta. Do contrário breve estaremos todos debaixo de fortes correntezas capitalistas. E concorrências/licitações para "reconstruir" o que foi destruído, mas, lógico, a comissões que variam de joaQUINZINHO a joaVINTINHO, ou seja, de FHC/Serra a Cabral/Alckimin, com garantia de setecentos mil reais de Cesar Peluso, Ricardo Lewandowsky e decisões de Marco Aurélio Mello. Sem esquecer Sarney. Ou os discursos "patrióticos" do general Heleno, nascido no Brasil, naturalizado norte-americano em sua passagem pelo Haiti.