POR FAVOR, ALGUÉM ABRA A PORTA PARA DILMA

Dilma Roussef termina o ano sem ter conseguido entrar em todas as dependências do Planalto, muitas delas essenciais. A presidente é petista, mas pensa como tucana, age como tucana e não tem a menor idéia de para onde vai. Sobrevive das políticas sociais do governo Lula - que são compensatórias ainda que importantes e seriam muito mais se associadas a formação política - e acha mesmo que somos mais fortes que o Reino Unido.

Um exemplo desse pragmatismo tucano, que é hipócrita e contrário aos interesses do Brasil e brasileiros, foi a posição do governo na questão líbia. O Brasil não aprovou o genocídio cometido pela OTAN e pelos Estados Unidos - esplendidamente relatado pelo jornalista Mário Augusto Jakobskind em seu livro LÍBIA BARRADOS NA FRONTEIRA - O que não saiu na mídia sobre a invasão da Líbia - e consumada a barbárie assentou-se à mesa com os comensais dos destroços daquele país, centenas de milhares de mortos, a maioria civis, na tentativa de levar uma parte do botim.

O leque de alianças - como gostam de dizer os comentaristas políticos do óbvio - não só enfraquece o governo, a presença de Sarney e outros em qualquer base aliada desmoraliza qualquer governo.

Toda a disputa para votar um orçamento à feição do governo teve a ver com o pagamento da dívida pública. Cerca de 49% das receitas vão para pagamento dessa dívida. Os servidores públicos ao contrário do que se possa imaginar não dançaram. Os donos do baile são os banqueiros e as grandes corporações empresariais.

São os sócios majoritários do Estado brasileiro desde os tempos de Cabral e hoje de forma consolidada desde a privataria tucana que Lula não reverteu na ilusão que podia levar a turma na conversa.

Empresários como Eike Batista, grupos como Norberto Odebrecht e outros são donos do Brasil ao lado dos grandes bancos e do latifúndio.

A política econômica do governo é dentro dos padrões traçados pela nova ordem econômica vigente, o que chamam de globalização, a mesma que faliu a Europa Ocidental e os Estados Unidos.

Essa conversa fiada de sexta potência é que deve estar estimulando os britânicos, piratas por natureza, a acelerar o processo de ocupação do estado de Roraima, onde exploram e pirateiam a maior jazida de nióbio em todo o mundo. É estratégico nos dias atuais e o governo brasileiro não tem a menor idéia do que fazer, ou vontade de fazer.

É a sexta potência. De que não sei.

O processo de recolonização do Brasil caminha a passos acelerados. É só andar por uma rua qualquer, numa cidade qualquer e olhar o nome de empresas estrangeiras, ou brasileiras aculturadas, já no esquema, qualquer birosca, com um grande letreiro de FOODS.

A integração latino-americana se perde na política externa de um chanceler fraco, curiosamente com o sobrenome de Patriota. Cristina Kirchner dá banho em Dilma Roussef e até a FIFA faz o que bem entende para transformar a Copa do Mundo de 2014 num evento mais lucrativo ainda do que já é.

Falar em corrupção é redundância. A corrupção é parte do capitalismo. Um não vive sem o outro, são indispensáveis entre si.

O que se diz da presidente, a propósito de sua mania de gritar com assessores, é fato, revela o seu real tamanho político. Menor que o cargo que ocupa. Produto das circunstâncias, do momento político, aquele em que Lula elegeria até um poste e o único poste ao alcance da mão era Dilma Roussef.

O cerco que a mídia de mercado, podre e venal, faz sobre o governo é exatamente por encontrar brechas que permitem a revistas impressas em esgoto, caso de VEJA, ou jornais imundos como O GLOBO, transformá-las em imensos buracos e ali jogar figuras no mínimo complicadas como foi o caso do ministro Orlando Silva, acometido de "complexo de Ricardo Teixeira".

As eleições municipais de 2012 serão um sintoma claro da falência do modelo político e econômico brasileiro. PT, PSDB e PMDB, cada qual com seus adereços (PPS, PR, PTB, PSD, etc) vão lotear as prefeituras e o principal partido do governo vai começar a amargar o caminho de volta para a oposição.

Não esteve e não está à altura de sua história, de seus compromissos. Não pela militância, que se esvai a cada dia, mas pela cúpula, que se associa a cada dia aos grupos podres da política brasileira.

Saiu a borduna entrou a alienação.

O ser humano transformado em robô. Freqüentador de faculdades ou universidades corporativas, onde aprende que a vida se resume a colocar garrafas de cerveja em engradados de forma mais rápida e permitir assim maior acumulação do grande capital, acreditando piamente que a "empresa é nossa, somos parte dela".

Parte de que cara pálida?

Os grandes bancos estão, literalmente, comprando as praias ditas selvagens do litoral brasileiro para transformá-las em grandes resorts, grandes condomínio, a era da privatização das praias.

O governo? Nem tem idéia disso, ou se tem é porque alguma necessidade se impôs em termos de aliança.

Judiciário? César Peluso, presidente do STF, só entende de auxílio moradia, 700 mil reais embolsados, ele, Lewandowsky e outros (vários no STJ), tudo de forma indevida e crise de juizite suspendendo as investigações do CNJ - Conselho Nacional de Justiça.

Abram as prisões. A bandidagem age impunemente nos vários poderes do Estado, da República.

Do jeito que vai, breve, como já escrevi várias vezes, o JORNAL NACIONAL, o da mentira, apresentado em inglês, com legenda para os incautos que acreditam nas "verdades" dos donos.

E haja pimentão regado a agrotóxico para alimentar o brasileiro de cada dia.

Não se trata de oposição. É outra conversa. É organização, formação e luta nas ruas, a recuperação do movimento sindical, a força dos movimentos sociais, do contrário a sétima potência vai fincar sua bandeira em todo o estado de Roraima e sua majestade Elizabeth II passará a reinar por ali oficialmente. Isso porque nominalmente já o faz.

Acho difícil Dilma Roussef acertar as chaves para abrir as portas da realidade político e econômica do Brasil. A presidente foi revolucionária no período da ditadura, mas como tantos outros, involuiu no período da alienação. Iniciou o ano dando receita de panqueca no programa de Ana Maria Braga.

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