UM NOVO DESPERTAR

O fim da ditadura militar no Brasil não significou e nem significa que tenhamos uma democracia no que esse princípio representa. O regime democrático é tutelado desde os primeiros momentos e mesmo o governo Lula foi forçado a fazer concessões e a fechar os olhos a privilégios para sustentar-se.

Não conseguiu bater de frente com a estrutura política e econômica controlada pelas elites brasileiras. E muitas vezes as concessões custaram caro. A extrema-direita apenas recolheu-se aos porões onde torturava e matava presos políticos e começa a sair desses ambientes sombrios para tentar um lugar ao sol, onde possa deitar seu veneno, répteis que são. Traiçoeiros que são.

Um desses setores convoca manifestação para agosto e entre as reivindicações estão o fim do auxílio reclusão. É ele que permite a famílias de condenados sustentarem-se e é o princípio da recuperação e da inclusão, que, no mínimo faz parte da condição de humanos. Querem ver extinta essa condição, quando a maior deles deveria fazer parte do grupo.

Os professores do estado do Rio de Janeiro governado pelo corrupto Sérgio Cabral – as provas são públicas – tentaram ocupar a Secretaria de Educação para forçar o diálogo. Foram duramente reprimidos pela organização terrorista Polícia Militar inclusive com gás de pimenta.

Deveriam ter procurado o escritório da ex-mulher do governador ou o apresentador de televisão Luciano Huck para conseguir alguma coisa.
São especialistas em fraudar as leis para alcançar seus objetivos.

Professores do ensino fundamental em todo o País são tratados como objetos. Em Minas, nos oito anos de governo de Aécio Neves a situação tanto da categoria, como da educação sofreu retrocessos impressionantes a favor, lógico, dos grandes empreiteiros e banqueiros que cercam o ex-governador e continuam a cercar o atual simulacro de governador Antônio Anastasia.

Cabral é o contrário de Anastasia. Anda pelas próprias pernas.
Transformou, como o fez Anthony Garotinho e depois sua mulher Rosinha, a máquina estatal em propriedade privada dele e de seus amigos (Eike Batista, etc, etc).

Deve ter sido em solidariedade a Eike que chamou os bombeiros de “vândalos”.

Cabral é um escárnio, como Anastasia é um fantoche. Ao tempo que governava São Paulo José Serra determinou à PM que reprimisse os protestos de professores na capital paulista. Não admitia, como não admite ser contestado em sua condição de divindade.

Se voltarmos alguns séculos atrás vamos nos deparar com uma classe política semelhante à que viveu na decadência do império romano, embora não sejamos um império. Políticos podres, venais, corruptos, todos num clube fechado de amigos e inimigos cordiais, a adorar bezerros de ouro. É só olhar para a cadeira de presidente do Senado e lá está o “imortal” José Sarney.

Cada um se acha um deus, cada um constrói estátuas de suas “realizações” enquanto oprimem os trabalhadores e se fartam no festim da corrupção proporcionado pelo capitalismo e sua sanha predadora.

Um dos mais covardes e desumanos dentre os torturadores, o coronel Brilhante Ulstra, ex-chefe do DOI/CODI em São Paulo, é hoje colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO e fala em democracia, valores humanos liberdade.

Professores recebem salário de fome, são recebidos pelos governos estaduais com Polícia Militar (organização terrorista que garante os privilégios das elites) e gás de pimenta.

O governador Sérgio Cabral, em avião de empresário favorecido com contratos milionários em seu governo, viaja para a Bahia com a amante e amigos.

O despertar da luta dos professores em vários estados da Federação. O ressurgir do movimento estudantil em sua plenitude indo às ruas protestar contra governos corruptos e comprometidos com elites podres, a soma desses fatos mostra o reencontro do brasileiro com a luta popular.

A única alternativa possível para que possamos alcançar a democracia lato senso.

Para impedir ou evitar que governos – como o de Dilma – sejam eleitos com compromissos que deixam de lado por conta de alianças políticas espúrias num modelo desenhado e definido para não ir a lugar algum que não o desejado pelos principais acionistas do Estado brasileiro (banqueiros, empresários e latifundiários).

Discutem a reforma política dentro de um espectro – como manter inalterados os seus privilégios.

Têm o controle da mídia privada podre e venal.

Lutam entre si no arremedo de democracia que temos para ter às mãos a chave do cofre.

A própria Lei Áurea que aboliu a escravidão já foi revogada num despacho de uma juíza em Brasília concedendo medida liminar a exploradores de trabalhadores escravos, para não “prejudicar a colheita da cana”.

Não é só o estado do Rio que vive a situação de um governador que se banha na corrupção e nos desmandos. São muitos nessa condição. O Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e outros.

Os escândalos de Sérgio Cabral, no entanto, se tornaram de tal forma públicos, que não existe alternativa que não buscar afastá-lo – a ele e ao vice-governador –. Desde o fim do mandato de Leonel Brizola o estado do Rio tem sido vítima de quadrilhas que se elegem para o cargo. Brizola foi o último governador a ter compromissos com o povo, com a dignidade no exercício do cargo.

Um desses quadrilheiros, Moreira Franco, é ministro de Dilma Roussef.

O modelo está falido, o mundo institucional é podridão em todos os sentidos, os três poderes se acham contaminados e dominados pelos principais acionistas do País.

A luta pela democracia ainda não se esgotou e vai ser travada nas ruas em manifestações como a dos professores do Rio. Não importa que sejam mobilizadas feras/bestas para reprimir.

Importa que a luta é fundamental, é pela sobrevivência.

É na cidade e no campo.

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