DILMA ROUSSEF - SER DIFERENTE DE LULA

É óbvio que Dilma Roussef não foi indicada candidata do PT à presidência da República para ser uma continuação de Lula num sentido pessoal. Vale dizer uma presidente de mentirinha, como na Rússia, onde Putin por não poder ser reeleito elegeu um fantoche e guardou para si o cargo de primeiro-ministro.

Foi escolhida para dar continuidade a um programa de governo. Dar continuidade a um programa de governo significa avançar na direção dos objetivos pretendidos pelo PT.

Se eleita presidente da República numa campanha onde o nível foi o mais baixo de toda a história das campanhas presidenciais no Brasil, tem o compromisso de buscar aqueles objetivos traçados lá atrás, no momento que Lula fez suas opções, mesmo porque, foi ministra chave no governo atual.

Estilo pessoal é outra história, não tem nada a ver com isso.

A entrevista da presidente eleita do Brasil ao jornal norte-americano THE WASHINGTON POST foi lamentável sob todos os aspectos. Dilma manifestou posições contrárias às do atual governo e em momentos que as decisões foram tomadas quando estava no governo como ministra chefe do Gabinete Civil.

É hora de lembrar as palavras ditas ou não por Lamarca, mas que ficaram registradas. "É uma víbora".

Criticar o voto brasileiro na ONU sobre a questão dos direitos humanos no Irã soa cinismo. Estava no governo. Não se trata de analisar o voto, mas a posição de Dilma pós eleição.

Manter o ministro da Defesa Nelson Jobim depois de conhecidos os documentos do site WIKILEAKS que ligam Jobim a interesses de empresas e governo norte-americano soa como capitulação diante das pressões de Washington, que se acentua com a noticiada substituição do chanceler Celso Amorim.

Amorim é visto como formulador da política externa do governo de Lula e Dilma foi parte chave nesse governo em dois ministérios. Há menos de uma semana foi escolhido por uma revista de prestígio internacional como o sexto pensador de políticas globais na atualidade.

Ou seja, tira Pelé e coloca Joaquinzinho.

É uma velha história que o jornalista Sandro Moreira contava. Campeão carioca de futebol o Fluminense, um torcedor foi comparar o seu time com o campeão paulista, o Santos. Quando chegaram ao camisa dez o santista foi claro. "Nessa não há dúvidas, Pelé". Resposta do tricolor - "sei não, o Joaquinzinho está batendo um bolão".

No caso de Dilma não se trata de paixão futebolística, mas de retrocesso claro, puro e simples, na escolha e em sua entrevista ao THE WASHINGTON POST.

Dilma é a primeira mulher eleita para governar o Brasil. Isso é um feito e uma conquista que não é exclusiva dela, das mulheres, mas de todos os brasileiros.

Desde o primeiro turno das eleições presidenciais, com toda a baixaria da mídia e do candidato tucano se sabia que o grande eleitor era Lula. Delfim Neto, por exemplo e no caso insuspeito, chegou a afirmar que "o presidente Lula elege um poste".

E Lula optou por escolher o poste mais pesado dentro todos que poderia escolher. Dilma Roussef.

A campanha de Dilma foi de silêncio quase absoluto ou então "eu e o presidente Lula".

A responsabilidade que a presidente eleita assumiu ganhou contornos diferentes no segundo turno, seja pela perspectiva - nos primeiro momentos - de reação do candidato José Serra, seja pelo volume de apoios recebidos por Dilma de forças à esquerda. Nem tanto vontade, mas opção pela continuidade das políticas de Lula e avanço em muitos dos campos dessas políticas, já que Serra seria um retrocesso sem tamanho.

É o que se espera.

Quando uma das figuras mais exemplares da luta contra a ditadura o ex-deputado Milton Temer se assusta com a entrevista concedida pela presidente eleita ao THE WASHINGTON POST está externando o susto de todas as forças populares que supunham e querem continuar a supor não que Lula tenha um fantoche, mas que as políticas de Lula vão se complementar em avanços proclamados pela própria Dilma quando candidata.

O diabo é que até agora só susto. Franklin Martins é deixado de lado e o Ministério das Comunicações vai para a GLOBO no melhor estilo dos governos Sarney, Collor, Itamar (o que pensa que foi presidente) e FHC. O próprio Lula ao escolher o senador Hélio Costa.

Nelson Jobim não tem condições morais para permanecer no Ministério da Defesa. Os dados revelados nos documentos vazados pelo WIKILEAKS tiram o chão do ministro. Está comprometido até o último fio de cabelo com interesses de potência estrangeira.

As declarações do escolhido ministro das Relações Exteriores criticando o Irã se opõem às políticas do governo Lula, do qual o novo ministro era parte (Secretário Geral do Itamaraty).

O pior de tudo, no entanto, foi a entrevista da presidente eleita que, na prática, é apenas a confirmação dessas escolhas desastradas, desses primeiros passos trôpegos e que revelam uma disposição de se distanciar de Lula (até aí o problema é dos dois), mas principalmente, de linhas mestras do governo Lula.

E essas linhas mestras foram e são compromissos assumidos em campanha eleitoral.

O argumento de setores petistas que a presidente eleita conseguiu diminuir a presença do PMDB no governo, eliminando parte dos apoios fisiológicos, não resiste a um sopro.

Nelson Jobim está onde? Vai para um cargo chave, decisivo num mundo globalizado e num momento de crise do neoliberalismo, onde o poder militar em países como o Brasil começa a sair das cavernas e se mostrar fiel a princípios que nortearam 1964, o ano do início do grande pesadelo de vinte anos do Brasil e brasileiros. Uma história ainda não totalmente contada e nem plenamente resolvida.

Dilma Roussef, desde sua eleição, dá mostras que a chance de equívoco por parte dos brasileiros é real. José Serra perdeu, mas ninguém sabe se passou a usar saias.


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