Há cerca de duas semanas o tesoureiro geral da Arquidiocese do Rio de Janeiro foi preso pela Polícia Federal no aeroporto internacional do Galeão quando tentava embarcar para a Europa com mais de 80 mil euros não declarados e pertencentes aos cofres daquela Arquidiocese. Segundo declarações que prestou aos policiais, o dinheiro - oriundo das doações de fiéis - seria para ajudar sua família.
No final da semana passada o candidato José FHC Serra compareceu a um culto evangélico onde entoou hinos, orou com os pastores e proclamou as virtudes morais do grupo. Nesta terça-feira o candidato José FHC Serra foi à basílica de Aparecida, confessou e comungou e ainda de quebra contou com farta distribuição de panfletos à porta da igreja de Nossa Senhora de Aparecida e sermão do bispo D. Serafim pedindo que os fiéis "votem com consciência".
É uma espécie de mix cristão, católico/evangélico, que transforma as eleições no País em guerra santa, com a conivência de alguns cardeais, bispos e pastores, numa busca por poder, numa caminhada pelo retrocesso político, econômico e social do Brasil.
Só faltou Marcelo Rossi. Podia ter aproveitado a oportunidade e descido de um cadillac antigo, da sua coleção, acrescentado alguma coisa aos direitos autorais dos CDs que lhe permitem a construção de mansões no céu.
Transformam a fé num espetáculo barato e vulgar de venalidade e subserviência a elites econômicas e políticas brasileiras, mostrando todo o aparato totalitário de boa parte dos dignatários da Igreja Romana.
O panfleto distribuído à porta da basílica era responsabilidade da Regional Sul da CNBB.
O que não percebem é que desde a ascensão de João Paulo II a Igreja Católica Romana começou a enfrentar um processo de declínio inevitável e acelerado rumo à Idade Média.
O arcebispo da Paraíba, D. Aldo Pagotto gravou vídeo distribuído à larga no Youtube afirmando que a candidata Dilma Roussef tenta implantar no Brasil uma "cultura da morte". Refere-se ao aborto. Venal, o arcebispo sabe que o candidato José FHC Serra regulamentou o aborto em portaria à sua época de Ministro da Saúde, mas o problema não é o aborto, é o caixa e o poder.
Aborto é mero pretexto para líderes religiosos corruptos e comprometidos com o que há de mais atrasado no Brasil, a serviço de latifundiários, banqueiros, grandes empresas, a turma de sempre.
Breve, nas melhores lojas do ramo, as de artigos religiosos, cintos de castidade para preservar a família, a moral e os bons costumes.
D. Aldo Pagotto, ligado à quadrilha OPUS DEI - controla o Vaticano - proíbe sacerdotes de sua Arquidiocese de participar de atividades políticas, mas assume atitudes e posições políticas. Em eleição anterior gravou um vídeo de apoio ao candidato a governador Cássio Cunha Lima, do PSDB. O dito foi cassado por corrupção. Este ano, 2010, fez declarações públicas contra a impugnação da candidatura de Cássio Cunha Lima por conta da lei da ficha suja. Ou limpa, como queiram.
Desviar o debate de temas de importância para os brasileiros. Criar comoção e sensacionalismo para evitar esse debate. Usar a influência da religião em favor do banditismo explícito de José FHC Serra, todas essas trapaças só fazem mostrar a face atual da Igreja Católica.
A cúpula é ligada ao que há de mais perverso e cruel, mais atrasado, mas nunca por princípios, pelo contrário, por poder e dinheiro.
Dois mil anos de história que com erros e acertos - como em qualquer setor - são jogados fora por bispos e cardeais inescrupulosos.
D. Aldo Pagotto, como boa parte dos arcebispos do Brasil, acredita que é possível retornar aos tempos do pelourinho, das chibatas, dos capitães do mato e transformar o país numa grande fogueira onde triunfe a Inquisição em pleno século XXI.
É o resultado do papado de João Paulo II e do atual, Bento XVI. Em ambos, diretores do banco/bando do Vaticano foram presos por crimes como lavagem de dinheiro. Perguntem ao papa sobre os doadores colombianos envolvidos em tráfico de drogas.
A rigor há uma Igreja subterrânea que tenta sobreviver a essa onda fascista. Seja em D. Demétrio, seja em outros bispos e padres anônimos que assistem estarrecidos esse desfile de hordas nazi/fascistas montadas no poder das elites políticas e econômicas.
Esse filme foi visto em 1964 com o golpe militar.
Mistura de TFP com Carismáticos, fiéis ludibriados, sustentando o poder e a gloria de mistificadores como Marcelo Rossi e outros.
Quando um arcebispo como D. Aldo Pagotto faz declarações e grava vídeos tomando posição partidária como o fez, não está pensando em Cristo, em solidariedade, em amor ao próximo, em liberdade, em vida, em nada disso. Pensa apenas no poder, no dinheiro que entra no caixa.
No golpe militar desfechado em Honduras, ano passado, o cardeal hondurenho celebrou missa no palácio do governo saudando os militares. Centenas de corpos de hondurenhos estavam nas ruas como conseqüência da quartelada.
Não duvido nada que líderes religiosos fascistas num futuro não tão distante assim proponham a troca da padroeira do Brasil - é negra - por outra, branca e de olhos azuis.
O Brasil corre o risco de transformar-se na primeira república fundamentalista cristã em todo o mundo, na criminosa irresponsabilidade de líderes católicos e neopentecostais chafurdando-se na ostentação e luxo do poder.
E à frente um político venal e corrupto como José FHC Serra.
A religião está sendo transformada em instrumento de opressão e barbárie.
Os fiéis são massa de manobra.
Vítimas do terror religioso. Do medo infundido por líderes comprometidos com a corrupção, o atraso e os interesses dos "donos", os senhores de escravos.
É a volta dos barões da terra.
