ELEIÇÕES NO BRASIL

O ex-governador Minas Bias Fortes dizia que em matéria de eleições "o feio é perder". Bias tentou duas vezes chegar ao governo do seu estado. Perdeu a primeira para Milton Campos e ganhou a segunda derrotando Bilac Pinto, da ex-UDN. Assim que tomou posse mandou colocar uma vaquinha nos jardins do Palácio da Liberdade. Gostava de leite fresco no café da manhã.

Sua irmã era casada com seu arqui adversário, José Bonifácio Lafaiete Andrada e ambos tinham base na cidade de Barbacena. Os Andradas chegaram ao Brasil em navio chapa branca na frota de Cabral. Estão encastelados até hoje em todas as sinecuras que conseguem no poder público.

No governo de FHC saíram de um estado quase falimentar para uma prosperidade sem tamanho à custa de concessões não totalmente legalizadas para explorar o "ramo" educação, na febre privatista dos tucanos.

Andradas talvez sejam os remanescentes mais antigos das elites políticas e econômicas do Brasil. Devem ter deixado, lógico, um rabinho qualquer em Portugal.

José Bonifácio, o cunhado de Bias, foi presidente da Câmara e líder da ditadura militar. Um dia um deputado pediu a ele que fosse "menos Zezinho e mais Andrada". Esse Andrada aí e o José Bonifácio original, chamado "o patriarca da Independência". Toda regra tem exceção.

Um deles, Martim Francisco, ministro da Fazenda de D. Pedro I, foi ao teatro e colocou o chapéu sobre uma cadeira vazia. No fundo do chapéu o seu pagamento do mês. Levaram o chapéu e o dinheiro do ministro. Foi digno o bastante para não receber o salário outra vez.

Agüentou o tranco naquele mês.

O terceiro e último Andrada com vestígios de seriedade foi outro Martim Francisco. Advogado, optou por ser técnico de futebol. Foi campeão na Espanha, técnico de clubes de prestígio no Brasil e inventor do esquema 4-2-4 em substituição ao velho WM.

Eleições no Brasil de hoje trazem tão somente um modelo mais sofisticado de "feio é perder".

Tucanos (PSDB), DEM e PPS, representantes da mais ordinária elite política e econômica do País, o esquema FIESP/DASLU, levam essa regra ao máximo. Jogaram os escrúpulos por terra e deitaram ramas sobre a mídia privada.

FHC foi o ponto culminante desse esquema podre e José Arruda Serra é a ameaça que paira sobre o Brasil de hoje.

Tem apoio de Marina da Silva no papel de sou, mas quem não é. Ou como diz Plínio de Arruda Sampaio, "você não aprendeu a pedir demissão". No caso de Marina é o faz de conta que estou na disputa, no duro mesmo quero eleger Serra.

Em Minas, em 1960, Magalhães Pinto, banqueiro e um dos mentores do golpe militar, disputava com Tancredo Neves o governo do estado. Quando viu que poderia ser derrotado, inventou uma terceira candidatura, a de Ribeiro Pena, um Andrada no estilo.

Ganhou e Ribeiro Pena foi presidente de bancos estatais durante todo o governo Magalhães.

Era a Marina da época.

Eleições no Brasil sempre mostraram um lado apaixonado na mídia privada. Mas por um lado só também. A extrema-direita. Um ou outro eventualmente discrepava da orientação geral do esquema FIESP/DASLU. E essa paixão é prostituta, com perdão das prostitutas. Paga regiamente.

JK foi eleito contra a vontade das organizações GLOBO (à época jornal e rádios), FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO e outros menores.

Jânio recebeu apoio entusiástico dessa gente.

Mostra a predileção por trêfegos, corruptos, etc. Um crime organizado num patamar diferente de Beira-mar. Rima, mas é típico de um fenômeno de nossos tempos, os condomínios fechados.

Onde tudo é possível.

O espetáculo proporcionado pela mídia nas duas últimas semanas que antecedem ao dia da votação é deprimente.

Denúncias ao léu, inconseqüentes, sem conteúdo, tudo visando manter os privilégios de banqueiros, grandes empresas e latifúndio intocáveis.

Pesquisas montadas e orquestradas para induzir o eleitor a situações irreais, enfim, a degradação vendida em bancas de jornais e revistas e entrando na sala do cidadão comum pela telinha da GLOBO.

Não chegaram ainda ao máximo em termos de falta de escrúpulos. Falta Boninho, diretor do BBB, o bordel televisivo, explicar quem é vadio/vadia nesse processo para que seja aquinhoado ou aquinhoada com água suja, tudo ao talante de Narcisa Tamborindeguy, mas depois das duas, que a moça não acorda antes.

Os afazeres noturnos não deixam. A limpeza moral da cidade.

O glorioso exército da salvação.

A deles.

O porta-voz principal é William Bonner, aquele que acha que os telespectadores do jornal que edita e apresenta, o JORNAL NACIONAL, são como Homer Simpson, o idiota honesto de uma série produzida nos EUA.

Onde mais?

A expectativa dessa gente é que possam produzir um milagre, eleger Arruda Serra e a partir do dia primeiro de janeiro do próximo ano o inglês passe a ser a língua nacional, sejamos mais uma estrela na bandeira dos EUA e a grafia do nome Brasil passe a ser BRAZIL.

Aí privatizam tudo e a PETROBRAS vira corporation de qualquer coisa.

Venderam a VALE, a EMBRAER, vendem o que for preciso no afã de agradar Wall Street.

Eleições no Brasil têm sido assim historicamente. Varia apenas o tempo, o espaço.

Num é que a GLOBO conseguiu a proeza de misturar maioria absoluta, metade mais um, com maioria de dois terços, chamada qualificada? Pois é, no caso da Venezuela Chávez venceu tem maioria absoluta, mas segundo a GLOBO não, perdeu.

É por aí que fabricam um monte de Arruda Serra em série. É por aí que tomam conta do Brasil.

Já ouvi tucano lamentando que Londres perdeu a graça depois do fim do fog. Está sentado e aboletado em cargo público a despeito de ser um dos artífices do mensalão.

É a tal de democracia. D. Kátia Abreu vociferando pela ordem e pela lei. No caso dela, é trabalho escravo em suas fazendas.

Termina no domingo, ou deve terminar.
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