NEM PINTADO ARRUDA SERRA QUER FHC POR PERTO

Um artigo publicado em alguns jornais brasileiros e de autoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, domingo de Páscoa, conta histórias da carochinha sobre seu papel “decisivo” na eleição de Tancredo Neves para a presidência da República.

O ex-presidente escreveu o artigo com o intuito de chamar o ex-governador Aécio Neves às falas, já quem em Minas Gerais, abertamente, se fala na chapa DILMASTASIA – Dilma presidente e Anastasia governador –.

Mais ou menos como dizer que deu contribuição decisiva para a eleição de Tancredo em 1984.

A primeira mentira aparece de saída. Tancredo não gostava de Fernando Henrique. Achava-o oportunista. Rejeitou FHC para seu ministério.

É uma característica de FHC.

Candidato ao Senado em 1976 numa sublegenda do MDB a vitória foi de Franco Montoro, ficou como suplente e virou senador em 1982 com a eleição de Montoro para o governo de São Paulo.

Já àquela época se manifestava visível a divisão do MDB entre quercistas (Quércia foi eleito vice-governador na chapa de Montoro) e o grupo de Mário Covas. Ulisses Guimarães, conquanto não tivesse arestas com Covas, não se alinhava em seu grupo, tanto que, mais tarde, Covas saiu do MDB, já PMDB e disputou a presidência no PSDB em 1989 sendo Ulisses um dos candidatos. Collor foi o eleito.

FHC foi eleito senador em 1986, quando eram renovados dois terços do Senado e em função da extraordinária votação de Covas. Em torno de sete milhões de votos. Foi o segundo colocado.     

A ruptura do grupo com o partido e a fundação do PSDB se deu entre outras coisas e fatos na percepção que o comando partidário permaneceria em mãos de Ulisses Guimarães e Quércia, que viria a ser eleito governador em 1986.

Há um episódio que foi contado na seção PAINEL do jornal FOLHA DE SÃO PAULO que atesta o oportunismo, mau caratismo é o termo exato de FHC. As eleições de 1986 foram disputadas – governo do estado – por Orestes Quércia, Paulo Maluf e Antônio Ermírio de Moraes.

FHC candidato ao senado pelo PMDB apoiava Ermírio (PTB) e não comparecia a um só ato de campanha de Quércia. Foram as últimas eleições disputadas antes da introdução do segundo turno e Ermírio liderava, Maluf era o segundo colocado, Quércia o terceiro numa pesquisa de intenções de voto, mas todos próximos.

Num debate quatro dias antes da eleição Maluf e Ermírio se atracaram, o debate foi tirado do ar e Quércia na volta fez um discurso de “eu tenho programa, eu não estou aqui para brigar”. Virou na quinta a eleição que seria no domingo.

No sábado pela manhã, quando fazia panfletagem numa montadora de automóveis da grande São Paulo, em companhia do escritor Fernando Moraes, Quércia percebeu que de um carro descia FHC, até então apoiando Ermírio. O fato valeu o seguinte comentário de Fernando – “não tenho dúvidas que você está eleito, olha quem chegou” –. O faro oportunista detectara a mudança no quadro eleitoral.

Em 1989, quando Collor de Mello foi eleito presidente da República questionou publicamente seu companheiro e candidato do seu partido, o PSDB, por ter dado apoio a Lula no segundo turno. FHC defendia que o partido se mantivesse neutro, à distância e só quando o fato se consumou, o apoio a Lula, é que fez declarações nesse sentido.

Não participou de um só ato de campanha, ao contrário de Covas.

Já estava, desde quando se auto-asilou no Chile, cooptado pela Fundação Ford – uma espécie de braço da iniciativa privada norte-americana no governo dos EUA –. Foi um dos poucos asilados a manter intactos seus salários de professor universitário mesmo tendo sido aposentado pelo AI-5. O salário integral, diga-se de passagem, ao contrário de outros, que recebiam proporcional.

Nunca foi incomodado pela ditadura quando retornou ao Brasil. Se havia um cabo Anselmo – símbolo de traidor -, havia também um “general Anselmo, no caso FHC. Serra era o seu Sancho Pança, apesar da magreza.

Há um episódio pouco comentado pela mídia, lógico, é venal, comprada, o da nomeação de José Serra para o ministério do Planejamento no primeiro mandato e no início do governo de FHC. Serra se opôs a Malan e acabou sendo forçado a se demitir. A explicação de FHC ao subordinado foi a mais simples – “eu não tenho como demitir o Malan agora –. Claro, Malan fora indicado por Wall Street, pelo governo dos EUA dentro do projeto neoliberal.

E antes de ser ministro de Itamar tentou “salvar” o governo Collor aceitando o convite para ser uma espécie de primeiro-ministro. Nunca perdoou Covas por ter se oposto a isso.

Ministro das Relações Exteriores de Itamar arranjou uma base segura para sua escalada até a presidência. Dias antes, perguntado por um jornalista se seria candidato à reeleição ao Senado, riu e disse que “nem sei se vou conseguir ser eleito deputado”.

Agarrou a chance, ludibriou o ex-presidente (a vaidade de Itamar é sem tamanho e caiu no conto do FHC). Virou ministro da Fazenda, candidato a presidente e foi autor de um golpe de estado branco, a reeleição, na compra de deputados e senadores para aprovação da emenda constitucional que permitiu sua recondução, tudo dentro do projeto neoliberal.

Foi aqui, foi na Argentina com Menén, no Peru com Fujimori, enfim, funcionários designados para os países latino-americanos pelos EUA.

A conversa fiada do artigo se atribuindo papel decisivo na eleição de Tancredo além de mentirosa, falsa, mais uma viagem megalomaníaca de um ex-presidente que não se conforma com os altos índices de rejeição dos brasileiros, tem o objetivo de atrair Aécio, dizer ao mineiro que “eu elegi seu avô” e ao mesmo tempo mostrar a José Serra, antigo escudeiro que pode ser útil.

Serra e o PSDB não o querem nem pintado. Sabem que onde aparece espanta votos.

FHC é o símbolo pronto e acabado do mau caratismo, do oportunismo e hoje é só um monte de poeira num almoxarifado dos que traíram companheiros de luta e o próprio Brasil.
publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS