E tem motivos para furar todos os dias infernizando a vida de vizinhos, de quem esteja por perto.
O julgamento do goleiro Bruno é uma das razões. O sujeito se assenta diante da tevê, aberta ou fechada e o fato ganha dimensões maiores que quaisquer outros, neste momento fura-se a casa inteira. Com os “especialistas” e os olhares estudados e teatrais dos apresentadores, somos todos advogados, promotores, juízes e jurados.
O sistema está salvo.
Um jornal tido como sério nos EUA, blog, afirma que Bento XVI é gay e tem um padre como amante. Teria sido esse o motivo da renúncia, à medida que pressionado por outros cardeais. Pio XII tinha uma governanta que nos seus últimos dias sequer deixava os cardeais se aproximarem do seu quarto.
A pressão em si não é pelo fato de ser ou não ser, isso é irrelevante, mas pelo conjunto da hipocrisia católica e cristã de um modo geral, diante de algo que é exatamente um furo equivocado e que atingiu um cano no desastre das furadeiras.
A mídia é uma tragédia deliberada no mundo do espetáculo e se justifica o apresentador do JORNAL NACIONAL, maior show de notícias da tevê brasileira, ter dito que o telespectador é um idiota completo ao rotulá-lo de Homer Simpson. Um sujeito preguiçoso, quase amoral, sem vontade própria e sem a menor noção da realidade que o cerca.
Alienar, alienar, até que todos gritem aleluia e saiam às ruas munidos de furadeiras prontos a consertar o que quer que seja.
Bonner não falou isso diante de alunos e professores de jornalismo provocando reação sem ter consciência disso.
“É óbvio que se o nosso mundo é um caótico, sem sentido e absurdo, o universo Simpson ainda é pior. Pense na loucura que testemunhamos com um episódio após a outro. Jasper confunde as pílulas de sexta-feira com as de quarta e imediatamente se transforma numa criatura parecida com um lobisomem. O senhor Burns tem ao mesmo tempo 72 e 104 anos de idade; Maggie consegue atirar no senhor Burns (nota, é um bebê que não fala); tia Selma acha um marido atrás do outro; Marge e o chefe Waggun têm o mesmo tom de azul de cabelo; e ninguém fica mais velho” (Mark T. Conrad, OS SIMPSONS E A FILOSOFIA, editora Madras, 2004, São Paulo)
É exatamente o que a tevê tenta fazer ao gerar o caos do nada, exibir a tragédia das furadeiras em papas, Brunos, mortes dramáticas, exibir as vísceras e passar a sacolinha para que banqueiros, grandes empresários e latifundiários continuem a pairar acima de todos os furos e furadeiras e se continue acreditando que Lula é enviado divino e FHC foi algo além de gerente de interesses dos verdadeiros deuses, donos das verdadeiras furadeiras.
Grandes lobisomens.
Aí, tanto pode surgir um Bento XVI, como um Malafaia da vida, ou um Edir Macedo cantando em coro com Marcelo Rossi no programa da Xuxa, nada é impossível, tudo se mistura e vira pó, o grande risco é terminar na forma de Luciano Huck o amigo de Aécio, aquele que é amigo do procurador geral e pode roubar a vontade.
Joaquim Barbosa quer presteza na Justiça. Encarnou-se na figura, a despeito do encalhe das máscaras com seu rosto no tríduo momesco como se dizia no velho jornalismo.
É impressionante o número de furadores e furadoras, armados de furadeiras, a citar Nietzsche, sem saber que o pensador recomendava que se levasse um chicote quando num encontro com alguma mulher.
A mídia é a tragédia do nada sobre legiões de adoradores da telinha e das verdades conformadas e formatadas na versão Homer Simpson. Não foi sem conhecimento de causa que William Bonner disse o que disse.