Somente dois oradores falaram no sepultamento do Escritor Luiz Lawrie Reid. Eu, representando os Estudantes já que era presidente da FEM, Federação dos Estudantes de Macaé e o Professor Pierre Tavares da Silva Ribeiro que era Diretor do Colégio Estadual "Luiz Reid". Foi um pedido dele a sua esposa Nicla Reid e aos filhos que seu corpo fosse enterrado na cidade onde ele nasceu e amou de uma forma muito especial.
A família de Luiz Reid tinha uma das maiores fazendas em nossa região de Petróleo. Abrangia toda a região dos Bairros da Glória, Cancela Preta, Novo Cavaleiro e ia até a divisa de Macaé com Rio das Ostras. Foi para São Paulo e lá, como empresário e tendo um grande tino empresarial, ganhou dinheiro e, sobretudo fama como Escritor, Poeta e homem de Letras. Jamais deixou de ter um grande carinho com a região onde nasceu. Em seu último conto, Por que saímos da vida sem entendê-la e entramos na morte sem conhecê-la, declara seu amor a nossa cidade de uma forma extremamente carinhosa. Guardo com muito cuidado o original de seu texto que foi enviado pela sua companheira de longos anos e que a ela Rede se dirige "no portal da nova vida", È uma obra inédita que O REBATE, portador de tantas e lindas histórias, tem a felicidade de colocar mundialmente acessada na internet.
Nos anos de 1960 a cidade de Macaé só tinha um colégio de segundo grau. Ou melhor, toda a região de petróleo, com exceção de Campos dos Goitacázes. Era um colégio de nome Colégio Macaense. Imagine os leitores uma cidade de vida ferroviária e uma comunidade sem opções outras a não ser a pesca ou o pequeno comércio. Poucos tinham o privilégio de fazer o curso. Alguns, como o autor e outros conseguiam fazer SENAI na Estrada de Ferro Leopoldina e estudar à noite eu então tinha que pedir "bolsas de estudos na prefeitura".
II
Reid tinha levado para trabalhar com ele em uma de suas empresas um jovem macaense. Ferry J'acourd de Azeredo, recém formado em Direito. A F.E.M. fazia cartas, ofícios para todos com o objetivo de conseguir que a região tivesse um estabelecimento de ensino e que, principalmente este ensino, fosse totalmente gratuito. Passeatas, greves, brigas e muita divulgação chegaram a Escritor Reid que mandou seu secretário até Macaé para estudar a criação de uma Fundação e que ele, caso isso fosse feito, construiria o educandário. O município doou um de seus mais históricos monumentos que era a Praça da Luz onde tinha sido enforcado Mota Coqueiro, autor de um dos mais bárbaros crime de nossa história.
A Federação dos Estudantes de Macaé, que lutava por um ensino totalmente público não aceitava que fosse "doado um imóvel público" para a criação de uma Fundação particular e com o ensino continuando sem pago. Venceu a elite da época e foi criada a Fundação Educacional Luiz Reid que passou a ser a mantenedora do Colégio Luiz Reid...
III
A luta da FEM não parou ai. Uma trégua e, em 1962, voltamos à luta pela transformação do Colégio Luiz Reid em Colégio Estadual. Governava o Estado do Rio de Janeiro Celso Peçanha que vivia às turras com a Assembléia Legislativa. Transformada em Assembléia I e II. De um lado o Deputado Kezen e de outro o Deputado Janotti. Celso queria o apoio dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro para o seu grupo. Cláudio Moacyr dirigia a UFE União Fluminense dos Estudantes e eu, a UFES (União Fluminense dos Estudantes Secundários) que viraria CoFES (Confederação Fluminense dos Estudantes Secundários) Os universitários tinham negociado com Celso. Maioria em troca de cargos de Procuradores do Estado, Fiscais de Rendas ou de Barreiras. Faltavam os secundaristas e fui chamado ao Palácio. Quando todos pensavam que eu e o Armando Barreto, meu secretário voltaria à Macaé com nomeação de Fiscal de Rendas ou outra oferta que nos foi proposta, voltamos com a seguinte resposta: O Governador aceitou nossa exigência. Negamos a oferta de cargos. Ele vai transformar o Colégio Luiz Reid em Colégio Estadual Luiz Reid. Totalmente gratuito e com a incorporação dos funcionários do colégio em funcionários do Estado.
IV
Havia um impasse que o Deputado Hamilton Xavier questionou com a gente numa reunião na ALERJ. "È inconstitucional o Estado administrar um colégio público num terreno particular, ainda mais uma Fundação". Uma reunião foi deita com a Procuradoria do Estado com nossa presença e firmado um documento que A Fundação deixava de ser a proprietário do local doado pelo município.
Seria na época e ainda deve ser hoje, um ato ilegal um município doar uma praça para uma entidade mesmo que não tivesse fins lucrativos e o Estado encampar um colégio em próprio particular.
V
Como Reid continuava mandando alguns donativos para a Fundação Educacional Luiz Reid foi feito uma reunião com as autoridades locais e com os Clubes de serviços, já que Reid era Rotariano. Nesta reunião onde participou o então Prefeito Antonio Benjamim, vereadores, Rotarianos e Maçons foi decidido, por eles, em caráter "estritamente particular" que a Fundação continuaria a existir para "não perder a capa de entidade sem fins lucrativos" e que para que isso não caísse na politicagem em algum futuro, que" a Presidência da Fundação Educacional Luiz Reid fosse ocupado pelos prefeitos eleitos". Reid continuaria a mandar seus subsídios e tudo ficaria como dantes no quartel de Abrantes. Isto é o Estado seria o verdadeiro dono do imóvel por direito e por lei e a Fundação ficaria na dela recebendo alguns donativos, etc. etc. por que então está havendo este murmurinho que "querem tomar salas do COLEGIO ESTADUAL LUIZ REID"? Que é isso, Cara-pálida. Será que o objetivo é transformar este Símbolo de um ensino sério e público num colégio particular e pago? Olhos abertos estudantes de 2007 porque em 1062 fizemos a nossa parte.
Ao lixo da história quem está querendo tirar do POVO seu sagrado direito de um ensino gratuito. José Milbs de Lacerda Gama editor de "O REBATE" www.jornalorebate.com