Pouca gente sabe que temos uma dama que fez história no Teatro
Brasileiro. Era mesmo uma macaense que saindo de Macaé, brilhou nos
conhecimentos da vida teatral no Rio de Janeiro. Dona Odhila Araujo,
mãe de Cordely. Esta talvez mais conhecida por ser jovem e habitar em
nosso cotidiano. Cordely como sua mãe também fez Teatro. Eu sempre
ouvia falar em dona Odila por Tutuca e Jojó. A gente andava junto desde
os tempos de estudante e sempre Ruy me falava de suas tia, irmã de sua
mãe.
O teatro veio para esta macaense como para a maioria dos grandes em
suas várias profissões. Chegou a ela como vendedora de ingressos e
projetou-se no palco pelo talento que soube desenvolver na filha
Cordely. Ainda morando em Macaé e, quase chegando aos 100 anos, ela
mesma me contou o que falo e escrevo.
II
O Rio de Janeiro nos anos 40, mais preciso em l943, viu chegar alguns valores do interior que fizeram histórias. Dona Odhila foi uma delas. Trabalhando no antigo Rex e Capitólio esta mulher, nascida na Rua Alfredo Backer numero l, em Macaé, mudaria de cidade e de vida e, se firmaria com brilho na história do Teatro Brasileiro.
Teatro Glória na Cinelândia perto do Amarelinho fazendo bilheteria e secretariando os mais famosos artistas da época foi se firmando e formando sua historicidade. Era o tempo em que se selava os ingressos e conheciam os freqüentadores por nomes e por cadeiras. O teatro do Rio engatinhava.
No Fênix como secretária, depois foi com Dulcina e Odilon para o Teatro ginástico da Graça Aranha; Ela sempre que se referia ao Odilon ainda usa o doutor Odilon.
Assim esta pequenina mulher macaense foi sendo pilar na teatrologia nacional onde sua filha Cordelly trabalhava nas peças de Nelson Rodrigues amigo pessoal de dona Odila de quem fala que era uma pessoa muito perguntativa. Nelson gostava de secar as pessoas com pergunta. Fala isso e sorri. Por 12 anos ficou com Dulcina e o Dr. Odilon.
Depois Meson de France. Eva Tudor, sempre vinha até Macaé visitá-la e Odhila ainda tem saudades do Rio, de sua casa em Copacabana e Lido onde se reuniam os seus amigos de teatro. Rodolpho Mayer, Floriano Faissal, Iara Cortes, Dayse Lucidi, Jece Valadão. Agildo Ribeiro, Paulo Nosling são alguns dos seus amigos recordativos.
Falava com sensibilidade especial sobre Sérgio Cardoso e relatava que foi com Sérgio, que Tarcísio Meira teve seu primeiro papel no teatro.
Acentuava:"Acho que o mais lindo do teatro é quando a companhia viaja". Conheceu o Brasil todo nas companhias que trabalhou. Cordelly trabalhou em 7 gatinhos de Nelson Rodrigues e ela fala com orgulho de seu neto Cláudio José Araújo Motta que ela criou e hoje é um dos mais renomados químicos do país e que leciona mestrado nas Ufrj.
Este seu neto é um dos mais importantes expoente do mundo em sua formação. Estudou no Luiz Reid nos anos 70. Orgulha- se de ter sido amiga de Agildo Barata e Ney Braga. Ë irmã de dona Odiléa mãe de Jojó, Julinho e Tutuca. Seus últimos dias foram vividos na Rua Conde de Araruama.
Vizinha de António Parodi ela viveu seus encantados dias de belas recordações. O olhar fixamente preso no belo do Rio de Janeiro e suas recordações faziam de dona Odilha a mais autentica das harmonias com o belo.
Sua morte foi a morte de uma história viva da cultura do teatro brasileiro...