CANTEIRO DA CIGANA: Estou feliz em estar de volta e neste estar pretendo que todos participem do cantinho da cigana me ajudando com opiniões e artigos.  As críticas, tanto positivas quanto negativas são importantes para nosso desenvolvimento.  Amo vocês Um bello bacini in cuore de la cigana. ( ano 2007)

AGRADECIMENTOS: Agradeço a José Milbs, pela oportunidade de conceder este  espaço para divulgar o meu trabalho e o meu ideal e a todos que me apoiaram neste meu sonho: ajudar adolescentes, mulheres, os injustiçados socialmente através do resgate de  valores.

FERIDAS ABERTAS: - categoria ( sociedade)

Abandono afetivo

Justiça não pode obrigar o pai a amar o filho?

Novos parâmetros para o papel dos pais se transformaram em casos de Justiça. As obrigações se restringem ao sustento? Ou o desenvolvimento emocional também é obrigação legal dos genitores? A ausência de afeto pode ser motivo de indenização por dano moral? Na verdade, não existe dano moral nem situação similar que permita uma penalidade indenizatória por abandono afetivo. O pai deve cumprir suas responsabilidades financeiras. O pagamento regular da pensão alimentícia supre outras lacunas, inclusive sentimentais. Para sustentar o filho, os pais têm que trabalhar, com o objetivo de manter um bom nível de vida até a maioridade ou a formatura na faculdade. Isso já é um ato de afeto e respeito. O laço sentimental é algo mais profundo e não será uma decisão judicial que irá mudar uma situação ou sanar eventuais deficiências. Aconteceu com um estudante que até os seis anos (hoje com 24 anos) mantinha contato com seu pai de maneira regular. Após o nascimento de sua irmã, fruto de novo relacionamento conjugal do pai, este teria se afastado definitivamente e deixado de conviver com o filho. O estudante sempre recebeu pensão alimentícia, mas alegou que só queria do pai o amor e o reconhecimento como filho, tendo recebido apenas ‘abandono, rejeição e frieza’, inclusive em datas importantes, como aniversários, formatura no ensino médio e na aprovação do vestibular. A apelação do filho foi aceita com base no artigo 227 da Constituição. Reza que "a responsabilidade pelo filho não se pauta somente no dever de alimentar, mas se insere no dever de possibilitar desenvolvimento humano aos filhos, com base no princípio da dignidade da pessoa humana". Esse entendimento foi contestado pelo pai. Ele argumentou que o pedido de indenização tem caráter abusivo, que a guarda do filho ficou com a mãe após a separação e que sua ausência se deu em razão de suas atividades profissionais, inclusive fora do país. Assim, a 4ª Turma do STJ afastou o dever do pai de indenizar o filho por abandono afetivo. Outro caso parecido é o do filho italiano do ex-jogador de futebol Diego Maradona. Ele está denunciando o pai por falta de atenção familiar, difamação e danos morais. Em uma edição de seu programa A Noite do 10, exibido pela televisão argentina, Maradona disse que um juiz o obrigou a dar dinheiro a seu filho. E enfatizou: “Mas não pode obrigar-me a sentir amor por ele” A frase forte do ex-jogador resume o limite legal em casos como esse. Isso porque é por demais arbitrário e abusivo pretender que o pai seja penalizado por problemas causados ao filho pela falta de amor, pela falta de companheirismo e até, indiretamente, pela separação. O pagamento correto da pensão alimentícia ao filho, deixando-o em condições de se tornar um homem digno, deve ser considerado como uma forma de atenção. Outros fatores precisam ser levados em conta antes de um julgamento como esse. Alguns deles, como o estabelecimento da guarda à mãe e a vida profissional do pai, já estabelecem, por si só, uma distância entre pai e filho. Assim, a determinação do STJ em afastar as pretensões de dano moral foi extremamente correta e deveria uniformizar as decisões nesses casos. Aliás, esse tipo de pedido é improcedente, não está previsto em lei e, portanto, é inconstitucional. ***Revista Consultor jurídico, 25/12/2005 por Ângelo Carbone (advogado especializado em Direito de Família).
Impacto da Morte da mãe e a solidão: sexualidade precoce? Complexo de Édipo?
”Eu estava entre eles como um que não podia levantar a voz, que não tinha em casa um pai para competir com os deles. Tanto que me enchera de orgulho ao mostrar aos camaradas da escola o meu avô, correntão de ouro e de chapéu do Chile... Ou então a dizer-lhes:- O meu avô tem tantas cabeças de boi...” “Os meninos me olhavam com pena... Deviam-me considerar muito infeliz...” O meu choro era de dor, de vergonha... Lembrava-me dele, sentia sua falta! (Doidinho – José Lins do Rego).
“Não basta alimentar minúscula bocas famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure ao espírito renascente o clima de trabalho necessário à sua grandeza espiritual”.
“O prato de refeição é importante no desenvolvimento da criatura, mas não só de pão vive o homem” (Fonte Viva – Emmanuel psicografia F.C.Xavier).
Acabei com tudo, escapei com vida
Tive as roupas do corpo e os sonhos rasgados na minha saída
Mas saí ferido, sufocando o meu gemido
Fui o alvo perfeito muitas vezes no peito atingido.
Animal arisco, domesticado esquece o risco
Deixar-me enganar e até me levar por você
Eu sei, quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive morrendo aos poucos por amor
Eu sei, que o coração perdoa
Mas não esquece à toa e eu não esqueci
Não vou mudar, este caso não tem solução
Sou fera ferida, no corpo e na alma e no coração! (Fera Ferida: Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
“Eu vejo o futuro repetir o passado, o tempo não pára”...(Cazuza)
 
“Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso ou perverso será o pai inconseqüente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica”.
AS CICATRIZES DE PEDRINHO
Pedrinho menino!No auge dos seus cinco anos e no aconchego do modesto lar,
Descobre seu mundo:o Quintal! Amigos imaginários, pedras e graveto...
Das umidades estampadas no muro surgem seus heróis a lhe acompanhar !
É o Zorro, o homem-aranha, o bat-man...e os malvados: o curinga, o esqueleto...

A mãe e a Avó se revezam! Uma no sustento e a outra na educação!
O protegido da avó , que o protegia do mundo, para este não o magoar
Mimado pela mãe sofrida e doente, omitiram fatos alegando proteção
Inventaram histórias e diante de maiores questionamentos punham a se calar

Pedrinho em idade escolar! Na escola a verdade veio à tona...
Feriu-o profundamente, os amiguinhos de classe não perdoam nada!
Tanto na entrada quanto na saída ouvia sempre: Sua mãe é uma "putona"!
Não conhecia a palavra, mas sentiu-a no coração, como vibração pesada!

Brigou com os amiguinhos...Foi parar na diretoria e assim perdeu a luta !
Questionado, calou-se por não saber explicar e vieram os castigos escolares
Todo dia a mesma história: A mãe de Pedrinho é uma "Prostituta"!!!"Puta"!
Vinha à professora, a diretora para apartarem!Mandavam de dois em dois aos lares.

Um dia demorou a chegar a casa! A avó preocupada, lhe esperava no portão!
Vinha emburrado com o palavrão a soar em sua cabeça a saltar de sua garganta
Fora suspenso e contou tudo a Avó que cedeu seu colo afagando-o com sofreguidão
Calada escutava e calada ficou, a espera da mãezinha que aparecia sempre na janta

À noitinha a mãezinha ao chegar extenuada do trabalho notou a tristeza no ar
Soube à meia voz do acontecido pela avó, foi para a cozinha pensando,chorando
Tinha que contar a verdade e a verdade nem ela sabia! Sentia-se só! Pôs a orar
Ao servir o jantar, ninguém falava ou comia, mas firme em lágrimas, continuou orando.

Amanheceu! Ninguém dormiu, o menino abatido nem se levantou.
A mãe faltou ao trabalho e foi à escola para explicar o ocorrido
Contou das agressões sofridas pelo filho e até de sua vida contou
A diretora entendeu... Tomaria providências e emocionada a abraçou

Pedrinho interrogava a avó e a mãe com o olhar, a espera de uma explicação.
Foi então que se recordou do Pai! Loiro como o sol, olhos azuis, feição serena.
Olhou a mãe e a avó: Uma ruiva e a outra loira!Lembrou-se de seu irmão, sim irmão!
 Ele tinha um irmão, de cabelos claros como os do pai... Se deu conta da sua tez  morena

A diferença entre ele e os outros era bastante nítida, encoberta até então pelo amor.
Lembrou-se de um dia em que. ouvira  gritos da mãe, o choro da avó,a briga dos pais
E aquela palavra pesada e agressiva pronunciada muitas vezes pelo genitor
Depois a saída dele e do irmão e as malas prontas a gritar não adianta mais

Sentou o olhar diferente de seu irmão, um olhar que o fez sentir medo.
O irmão correu para o portão sem lhe falar e sem se despedir
Mas o Pai parado à sua frente, a fitá-lo e, num ímpeto, tremendo.
Beijou-o e abraçou-o com ternura, um olhar novo a surgir.

Olhou-o com amor, mas não disse nada e saiu... Depois veio o aconchego da avó
Colocou-o em seu colo quente envolvendo-o em amor enquanto as lagrimas a cair
A mãe passou chorando desfigurada, sem entender o porquê de tudo, olhava-o com dó.
A avó orava enquanto refletia... resolveu assumir o neto, ajudar a filha e o neto assumir

Tudo isto Pedrinho lembrou... quantos anos tinha? Acho que três anos então
Ninguém precisou lhe contar nada! Adivinhou tudo! Agora nada era segredo
Sua pele morena, seus cabelos enrolados, o preconceito, o racismo, a agressão.
Sentiu-se orgulhoso de sua avó e de sua mãe e principalmente de si: era negro

Sumiu por cerca de três horas! Olhou a mãe e avó, mas estava tranqüilo e sereno.
Olhou para seu lar, achegou-se a ambas e estreitou-as em um abraço bem demorado.
Selaram um pacto silencioso e passaram a conviver em paz!Ele ainda pequeno
Teve que amadurecer e passou a agüentar as gozações dos amigos calado

Claro que algumas vezes perdia a compostura e partia pras agressões, lutava.
Em casa vinha uma leve reprimenda e por amor a ambas passou a ignorar
Podiam lhe provocar, podia lhe gozar que isto não mais importava.
Mas a ferida... Ah a ferida aberta, doída , custava a fechar

Dava início às dores morais: escondidas durante o dia, à noite se mostravam em vão.
As feridas sangravam, dando inicio a um choro silencioso, comovedor.
Às lagrimas deslizavam pelas faces morenas que ele enxugava com as costas da mão
Sentia-se impotente diante das feridas abertas, abertas pela sociedade... quanta dor

O tempo passa tudo passa, a vida passa, isto deveria passar, mas sempre voltava.
Pedro cresceu, estudou, se empenhou em ser o melhor, mas ficaram pequenas cicatrizes.
A Avó falecera, a mãe doente não se decidia a partir, pois no intimo esperava...
Esperava o que? Uma grande transformação para seu filho de dias mais felizes

Ele trabalhava e estudava, ao chegar a casa sorria para a mãe, que via tristeza no olhar.
Nos lábios o sorriso, mas no olhar a tristeza estampada, que ela fingia não saber.
Pensava esconder seu estado espiritual da mãe... Ledo engano! De tanto amar
Nada se esconde de uma mãe, então ela orava e pedia que adiasse a hora de morrer.

A morte não era nada para ela! Sabia que a vida continuava! Mas seu filho era tudo
Pedro formou-se em direito com louvor, na formatura a mãe assistia agonizante.
Orgulhosa e feliz porque seu filho vencera as dificuldades, a pobreza, o mundo.
Quando este lhe entregou em homenagem o diploma, ela ficou radiante!

Na saída, algo inesperado aconteceu, um desconhecido o chamou!
A mãe soltou um gemido, o reconhecera. era o seu marido, o Pai
Este abraço o rapaz, pediu perdão de joelhos e chorou.
Diante de tamanha emoção Pedro abraçou-o... ouviram um ai!

A mãe sucumbira de vez, era chegada a sua hora estava agonizante.
Ambos correram ao seu auxílio, chorando o Marido pediu-lhe perdão.
Não sabia da vida, não sabia de nada... mas aprendera,antes era ignorante
Pai e filho imploravam que ela vivesse, mas já era tarde, pediram em vão.

Ela sorriu, relembrou suas dificuldades e relembrou suas alegrias, estava radiante.
Abraço o filho e ao pé do ouvido pediu que aceitasse o Pai com muito carinho
Depois, chamou aquele que a abandonara e perdoou o marido errante.
Partiu em paz... Missão cumprida agora poderia seguir o seu caminho

Após o enterro, pai e filho estavam ainda mais unidos, alma e coração.
Explicou-lhe que na sua família havia um negro um rei raça africano
Um médico lhe disse que isto poderia acontecer de geração para geração
Um filho podia herdar dos avós longiquos a origem biológica, sem engano.

E seu filho herdara do avo paterno a origem, por isto da tez morena, o cabelo enrolado.
Sempre amou o filho, a dor de deixá-lo fora insuportável! Pior era a cobrança familiar, da sociedade a lhe exigir atitudes de homem; traído, sentia-se magoado e isolado.
Decidiu partir deixar tudo!Levara um filho consigo deixando o resto a solucionar

Já se passara muito tempo quando a explicação veio através deste médico tardiamente
O outro filho morrera adolescente, de infecção!E para distrai-lo passou a conversar
Contou a historia de um casal que brigavam, pois de três filhos negros um era diferente.
Era branco! A esposa foi ao hospital verificar uma possível troca da criança para provar

Diante de pesquisas e exames, a verdade apareceu cientificamente.
Ambos tinham na família descendentes de alemães, aliviando os pais.
Explicado o constrangimento à sociedade, voltaram mais unidos que antigamente.
Ele então narrou sua história e foi incentivado a pesquisar as origens reais

Quando, através de uma tia soube do bisavô tudo foi confirmado posteriormente.
Mas sempre se lembrava da família que deixara, porque tudo se engana.
Menos o coração!E o dele, por mais que ansiava esquecer, lembrava o filho amado.
O final de Pedro foi feliz e diferente

A mãe, a Avó e o irmão, na outra vida os velavam com muita emoção.
Pedro resolveu advogar, mas somente para aqueles que consideravam inocente.
Aliados ao trabalho, Pai e filho resolveram lutar contra a discriminação.
Liberdade, fraternidade e igualdade... palavras que só entende aquele que viveu e sente

Pedro constituiu família, teve uma boa companheira e filhos... seus e adotivos
O pai, orgulhoso e redimido, o ajudava na construção de um orfanato.
Ninguém entendia o emprenho de todos, mas eles próprios sabiam os motivos.
Embora auxiliados pelos que já partiram e por Deus, as cicratizes existem de fato.

Mas eram elas, as tais cicatrizes, que os ajudavam a ajudar.
Pois muitas vezes deparamos com dificuldades em nossas vidas
E ai de nós se não fossem as feridas e cicatrizes a nos impulsionar
Ensinando-nos que existem alegrias e tristezas e que as feridas
São como uma escola onde se você não estuda a lição de ano não vai passar
Repetirá sempre até compreender a lição, não decoradas, mas aprendidas.

Se elas se abrem e sangram existe um remédio muito salutar
É fácil e de nada nos exige a não ser o ato de amar
As cicratizes nos lembram que existem pessoas inocentes
A espera que amenizemos suas feridas que ainda estão quentes
Mas que com o tempo se fecharão para u m novo caminhar 

 

CANTINHO DA CIGANA: Feliz 2007 para todos. e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. - Fone (11) 71080938
 Estou feliz em estar de volta e neste estar pretendo que todos participem do cantinho da cigana me ajudando com opiniões e artigos.  As críticas, tanto positivas quanto negativas são importantes para nosso desenvolvimento.  Amo vocês Um bello bacini in cuore de la cigana. ( 28/12/2007)
FERIDAS ABERTAS: Abandono afetivo
Justiça não pode obrigar o pai a amar o filho? Novos parâmetros para o papel dos pais se transformaram em casos de Justiça. As obrigações se restringem ao sustento? Ou o desenvolvimento emocional também é obrigação legal dos genitores? A ausência de afeto pode ser motivo de indenização por dano moral? Na verdade, não existe dano moral nem situação similar que permita uma penalidade indenizatória por abandono afetivo. O pai deve cumprir suas responsabilidades financeiras. O pagamento regular da pensão alimentícia supre outras lacunas, inclusive sentimentais. Para sustentar o filho, os pais têm que trabalhar, com o objetivo de manter um bom nível de vida até a maioridade ou a formatura na faculdade. Isso já é um ato de afeto e respeito. O laço sentimental é algo mais profundo e não será uma decisão judicial que irá mudar uma situação ou sanar eventuais deficiências... (falta de atenção familiar, difamação e danos morais, etc.). Em uma edição de seu programa A Noite do 10, exibido pela televisão argentina, Maradona disse que um juiz o obrigou a dar dinheiro a seu filho. E enfatizou: “Mas não pode obrigar-me a sentir amor por ele” A frase forte do ex-jogador resume o limite legal em casos como esse. Isso porque é por demais arbitrário e abusivo pretender que o pai seja penalizado por problemas causados ao filho pela falta de amor, pela falta de companheirismo e até, indiretamente, pela separação. . Assim, a determinação do STJ em afastar as pretensões de dano moral foi extremamente correta. Aliás, esse tipo de pedido é improcedente, não está previsto em lei e, portanto, é inconstitucional. ***Revista Consultor jurídico, 25/12/2005 por Ângelo Carbone (advogado especializado em Direito de Família).
Impacto da Morte da mãe e a solidão: sexualidade precoce? Complexo de Édipo?”Eu estava entre eles como um que não podia levantar a voz, que não tinha em casa um pai para competir com os deles. Tanto que me enchera de orgulho ao mostrar aos camaradas da escola o meu avô, correntão de ouro e de chapéu do Chile... Ou então a dizer-lhes:- O meu avô tem tantas cabeças de boi...” “Os meninos me olhavam com pena... Deviam-me considerar muito infeliz...” O meu choro era de dor, de vergonha... Lembrava-me dele, sentia sua falta! (Doidinho – José Lins do Rego).
“Não basta alimentar minúscula bocas famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure ao espírito renascente o clima de trabalho necessário à sua grandeza espiritual”.“O prato de refeição é importante no desenvolvimento da criatura, mas não só de pão vive o homem” (Fonte Viva – Emmanuel psicografia F.C.Xavier). “Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso ou perverso será o pai inconseqüente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica”.
AS CICATRIZES DE PEDRINHO
Pedrinho em idade escolar! Na escola a verdade veio à tona...
Feriu-o profundamente, os amiguinhos de classe não perdoam nada!
Tanto na entrada quanto na saída ouvia sempre: Sua mãe é uma "putona"!
Não conhecia a palavra, mas sentiu-a no coração, como vibração pesada!

Brigou com os amiguinhos.. Foi parar na diretoria e assim perdeu a luta!
Questionado, calou-se por não saber explicar e vieram os castigos escolares
Todo dia a mesma história: A mãe de Pedrinho é uma "Prostituta"!!!"Puta"!
Vinha à professora, a diretora para apartarem!Mandavam de dois em dois aos lares.

À noitinha a mãezinha ao chegar extenuada do trabalho notou a tristeza no ar
Soube à meia voz do acontecido pela avó, foi para a cozinha pensando,chorando
Tinha que contar a verdade! Mas, a verdade nem ela sabia! Sentia-se só! Pôs-se a orar
Ao servir o jantar, ninguém falava ou comia, mas firme em lágrimas, continuou orando.

Amanheceu! Ninguém dormiu, o menino abatido nem se levantou.
A mãe faltou ao trabalho e foi à escola para explicar o ocorrido
Contou das agressões sofridas pelo filho e até de sua vida contou
A diretora entendeu... Tomaria providências e emocionada a abraçou

Pedrinho interrogava a avó e a mãe com o olhar, a espera de uma explicação.
Foi então que se recordou do Pai! Loiro como o sol, olhos azuis, feição serena.
Olhou a mãe e a avó: Uma ruiva e a outra loira!Lembrou-se de seu irmão, sim irmão!
 Ele tinha um irmão, de cabelos claros como os do pai... Deu-se conta da sua tez morena

A diferença entre ele e os outros era bastante nítida, encoberta até então pelo amor.
Lembrou-se de um dia em que. ouvira gritos da mãe, o choro da avó,a briga dos pais
E aquela palavra pesada e agressiva pronunciada muitas vezes pelo genitor
Depois a saída dele e do irmão e as malas prontas a gritar não adianta mais

Sentou o olhar diferente de seu irmão, um olhar que o fez sentir medo.
O irmão correu para o portão sem lhe falar e sem se despedir
Mas o Pai parado à sua frente, a fitá-lo e, num ímpeto, tremendo.
Beijou-o e abraçou-o com ternura, um olhar novo a surgir.

Olhou-o com amor, mas não disse nada e saiu... Depois veio o aconchego da avó
Colocou-o em seu colo quente envolvendo-o em amor enquanto as lagrimas a cair
A mãe passou chorando desfigurada, sem entender o porquê de tudo, olhava-o com dó.
A avó orava enquanto refletia... resolveu assumir o neto, ajudar a filha e o neto assumir

Tudo isto Pedrinho lembrou... quantos anos tinha? Acho que três anos então
Ninguém precisou lhe contar nada! Adivinhou tudo! Agora nada era segredo
Sua pele morena, seus cabelos enrolados, o preconceito, o racismo, a agressão.
Sentiu-se orgulhoso de sua avó e de sua mãe e principalmente de si: era negro

Teve que amadurecer e passou a agüentar as gozações dos amigos calado
Claro que algumas vezes perdia a compostura e partia pras agressões, lutava.
Em casa vinha uma leve reprimenda e por amor a ambas passou a ignorar
Podiam lhe provocar, podia lhe gozar que isto não mais importava.
Mas a ferida... Ah a ferida aberta, doída , custava a fechar

Dava início às dores morais: escondidas durante o dia, à noite se mostravam em vão.
As feridas sangravam, dando inicio a um choro silencioso, comovedor.
Às lagrimas deslizavam pelas faces morenas que ele enxugava com as costas da mão
Sentia-se impotente diante das feridas abertas, abertas pela sociedade... quanta dor

O tempo passa tudo passa, a vida passa, isto deveria passar, mas sempre voltava.
Pedro cresceu, estudou, se empenhou em ser o melhor, mas ficaram pequenas cicatrizes.
A Avó falecera, a mãe doente não se decidia a partir, pois no intimo esperava...
Esperava o que? Uma grande transformação para seu filho de dias mais felizes

A morte não era nada para ela! Sabia que a vida continuava! Mas seu filho era tudo
Pedro formou-se em direito com louvor, na formatura a mãe assistia agonizante.
Orgulhosa e feliz porque seu filho vencera as dificuldades, a pobreza, o mundo.
Quando este lhe entregou em homenagem o diploma, ela ficou radiante!

Na saída, algo inesperado aconteceu, um desconhecido o chamou!
A mãe soltou um gemido, o reconhecera. era o seu marido, o Pai
Este abraço o rapaz, pediu perdão de joelhos e chorou.
Diante de tamanha emoção Pedro abraçou-o... ouviram um ai!

A mãe sucumbira de vez, era chegada a sua hora estava agonizante.
Ambos correram ao seu auxílio, chorando o Marido pediu-lhe perdão.
Não sabia da vida, não sabia de nada... mas aprendera,antes era ignorante
Pai e filho imploravam que ela vivesse, mas já era tarde, pediram em vão.

Ela sorriu, relembrou suas dificuldades e relembrou suas alegrias, estava radiante.
Abraço o filho e ao pé do ouvido pediu que aceitasse o Pai com muito carinho
Depois, chamou aquele que a abandonara e perdoou o marido errante.
Partiu em paz... Missão cumprida agora poderia seguir o seu caminho

Após o enterro, pai e filho estavam ainda mais unidos, alma e coração.
Explicou-lhe que na sua família havia um negro um rei raça africano
Um médico lhe disse que isto poderia acontecer de geração para geração
Um filho podia herdar dos avós longínquos a origem biológica, sem engano.

E seu filho herdara do avo paterno a origem, por isto da tez morena, o cabelo enrolado.
Sempre amou o filho, a dor de deixá-lo fora insuportável! Pior era a cobrança familiar, da sociedade a lhe exigir atitudes de homem; traído, sentia-se magoado e isolado.
Decidiu partir deixar tudo!Levara um filho consigo deixando o resto a solucionar

Já se passara muito tempo quando a explicação veio através deste médico tardiamente
O outro filho morrera adolescente, de infecção!E para distraí-lo passou a conversar
Contou a historia de um casal que brigavam, pois de três filhos negros um era diferente.
Era branco! A esposa foi ao hospital verificar uma possível troca da criança para provar

Diante de pesquisas e exames, a verdade apareceu cientificamente.
Ambos tinham na família descendentes de alemães, aliviando os pais.
Explicado o constrangimento à sociedade, voltaram mais unidos que antigamente.
Ele então narrou sua história e foi incentivado a pesquisar as origens reais

A mãe, a Avó e o irmão, na outra vida os velavam com muita emoção.
Pedro resolveu advogar, mas somente para aqueles que consideravam inocente.
Aliados ao trabalho, Pai e filho resolveram lutar contra a discriminação.
Liberdade, fraternidade e igualdade... palavras que só entende aquele que viveu e sente

Pedro constituiu família, teve uma boa companheira e filhos... seus e adotivos
O pai, orgulhoso e redimido, o ajudava na construção de um orfanato.
Ninguém entendia o emprenho de todos, mas eles próprios sabiam os motivos.
Embora auxiliados pelos que já partiram e por Deus, as cicratizes existem de fato.

Mas eram elas, as tais cicatrizes, que os ajudavam a ajudar.
Pois muitas vezes deparamos com dificuldades em nossas vidas
E ai de nós se não fossem as feridas e cicatrizes a nos impulsionar
Ensinando-nos que existem alegrias e tristezas e que as feridas
São como uma escola onde se você não estuda a lição de ano não vai passar
Repetirá sempre até compreender a lição, não decoradas, mas aprendidas.

Se elas se abrem e sangram existe um remédio muito salutar
É fácil e de nada nos exige a não ser o ato de amar
As cicratizes nos lembram que existem pessoas inocentes
A espera que amenizemos suas feridas que ainda estão quentes
Mas que com o tempo se fecharão para u m novo caminhar

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