Em 1940, o juiz de todos, apita e dá início ao primeiro tempo do
jogo em que, a grande atração, era um jogador de nome José Rangel.
Filho de um cortador de cana em Carapebus, José começou, ainda novo, a
desenvolver a mesma profissão do pai. Vendo que, a cidade quanto à
profissão, era pequena para ele que almejava muito mais, José, aos 13
anos, partiu sozinho para o Rio de Janeiro. Lá chegando, num mundo
totalmente diferente, teve que enfrentar o frio, a fome e tudo de ruim
que vem do mundo das ruas, pois sem dinheiro, às vezes, dormia embaixo
dos viadutos.
Mesmo vivendo lado a lado com a bandidagem, mas, de boa índole,
nunca se envolveu com o mundo do crime, preferindo trabalhar nos bares
da vida. Vendo que, na capital, sem estudos e conhecimentos, iria
continuar balconista para o resto da vida, José já com saudades do seu
povo, voltou para Macaé, mas com despedidas. Foi assistir no Maracanã o
seu time de coração, o Flamengo, dar uma goleada de 5 X 2 no eterno
rival Fluminense e após, sambou até as madrugas, na quadra de samba da
mangueira.
Quando o Juiz apitou o inicio do segundo tempo de jogo, já conhecido
como Zé Mengão, começou a trabalhar no bar imperatriz, antigo ponto de
ônibus de Macaé. Acostumado à chuva e aos ventos de quando vivia
embaixo dos viadutos, José mandou tirar as portas e janelas do bar que,
a partir daquele momento, iria funcionar 24 horas. Os donos do bar
vendo em José um funcionário exemplar o premiaram com um título de
sócio do Tênis Clube, o melhor clube da cidade.
Seu Aristóteles que tinha um bar em frente e querendo partir para
outro negócio, ofereceu ao Jose um bom salário para que fosse para o
seu bar. A proposta era boa e José aceitou. Logo no primeiro dia mandou
tirar as portas e janelas; aumentando em muito, o faturamento.
Com experiência adquirida e visão empresarial, há 35 anos atrás, na
Av. Rui Barbosa, inaugurou o bar Zé Mengão. Com o melhor café da
cidade, o espaço virou encontro de políticos, de torcedores e ponto de
referência. Foi tão bem sucedido que o ex canavieiro conheceu o Brasil
e o mundo quando viajou ao velho continente europeu.
José como o time do Flamengo, é muito guerreiro. Fez gol de todos
os tipos. É bem sucedido como empresário e chefe de família e que,
agora, a partir do dia 23 de janeiro, fecha as portas do seu bar para
um merecido descanso, mas, nos deixando órfãos de um lugar para prosear
e conversar sobre o cotidiano da nossa cidade Macaé. Vai José, você
venceu os dois tempos do jogo com suas jogadas mirabolantes e, o juiz,
gostando do jogo, vai demorar no apito final.
Guto Sardinha