ANARQUIA MILITAR, DESCASO E INDULGÊNCIA PALACIANA
Os brasileiros têm acompanhado
pela imprensa, indignados e estarrecidos, a anarquia que se instalou no setor
aéreo e atingiu também o turismo, serviços, comércio, alguns casos de saúde
(transplantes e cirurgias cardíacas, por exemplo) e tudo mais que dependa da
aviação.
O governo federal que aí está num
“dolce-far-niente”, lento e indeciso, costuma acusar o antecessor, que foi
péssimo e lesa-pátria, ao invés de agir. Mas não é melhor que o outro. Jogou
fora o primeiro mandato “Lulinha Paz e Amor com os BANQUEIROS” e não fez
os investimentos mínimos necessários para que o País funcione, não só no setor
aéreo, mas em toda a infra-estrutura nacional.
Importantes setores, como o
rodoviário, o ferroviário, o portuário,o
habitacional, o urbano e o de segurança e tudo mais que significasse
gasto ou investimento continuaram no mais completo e criminoso abandono como
abandonado estava à época dos anos FHC – o Entreguista. E Lula, o Continuísta,
teria preferido rasgar todos os orçamentos e permitido a seus dois ministros do
“planejamento, orçamento e gestão” (que se sucederam no primeiro mandato), os
Doutores Guido Mantega e Paulo Bernardo, que pusessem em contingência tudo que
vissem pela frente para que pudessem pagar juros aos seus patrões banqueiros e
fazer uma reserva monetária insana numa dívida nebulosa e inexplicável que o
“governo da mudança” jamais se dignou a detalhar e explicar ao povo brasileiro
o que encontrou e o que pretende fazer. E o “governo democrático e popular”
jamais deu uma satisfação, igual a todos os outros.
Em 2006 foram realmente gastos ou
investidos no setor aéreo (civil e militar) somente 1% (UM POR CENTO) do
que estava previsto e reservado. Não é falta de verba ($$$) é falta de vergonha
na cara e impunidade. Deu no que deu.
E os Congressistas coniventes com
essa situação, pois o orçamento nacional discutido na casa é meramente
autorizativo e não obriga o governo a cumprir uma só linha do que está ali, com
responsabilidades mínimas. Apenas diz o que poderá ou não ser gasto. Já está
mais do que na hora de os Parlamentares ao invés de discursos inflamados
alterarem a lei e que o orçamento passe a ter cumprimento OBRIGATÓRIO
pelo executivo com a devida fiscalização. Hoje é uma peça de ficção, um
teatrinho. Que trabalhem com a mesma rapidez e ferocidade com que
desavergonhadamente aumentam seus próprios salários, aliás, a discussão que
eles mais gostam no Parlamento.
A desadministração dos barbudos
empurra com a barriga essa crise há muitos e muitos meses. Era o caos
anunciado. Não apenas há seis meses quando o controle aéreo implodiu, mas ainda
no primeiro mandato que sucedeu “a coisa FHC”.
A desídia começou pelo desastre
na escolha dos três ministros da defesa que até o momento tentaram intermediar
a relação entre os militares com o poder civil. Esse fracasso vem desde a
criação do Ministério da Defesa no então americanizado governo tucano. O
primeiro ocupante no mandato petista, o senhor José Viegas, diplomata de
carreira cuja ligação com a área militar desconhecemos, bem que tentou alertar
sobre os problemas na Infraero, Varig, orçamento da aeronáutica, questões de
manutenção, re-aparelhamento das três forças e soldo defasado. Mas não teve
apoio nem político nem administrativo, foi abandonado e não conseguiu (nenhum
civil conseguirá!) se firmar no “comando” da área militar. Seus relatórios e informes
foram jogados numa gaveta, a julgar pelos desdobramentos.
O cargo de Ministro da defesa é
anacrônico e já deveria ter sido extinto, pois teria sido criado para que o
Presidente da República não tivesse o desgaste de despachar diretamente com os
comandantes militares empossados como Ministros, considerando as demandas
reprimidas da área militar, importante para uma nação que se quer
desenvolvida, e as negativas do governo em atender tais demandas no
orçamento que, por certo, não considera prioritárias. Mas o desgaste está sendo
muito maior. Um verdadeiro desastre.
Isto sem falar no fantasma dos
“governos de exceção” que, por um lado, teria algum receio à época da primeira
eleição do atual Presidente, antes da posse, fato divulgado e alardeado por setores
da imprensa da elite econômica, esta sim, preocupada com seus cofrinhos num
eventual “governo de mudanças”. Do outro lado teríamos a “esquerda” no governo
colocando a área militar no ostracismo como uma espécie de punição ou
revanchismo.
Mais do que uma “simples” crise
dos controladores de vôo, o que aparece é uma ponta de iceberg que envolve TODO
o sistema de aviação do Brasil, a começar com a displicência “deste” governo
(para dizer o mínimo) com a lenta e dolorosa agonia da VARIG.
O partido dos sindicalistas,
ocupadíssimos em ocupar cargos de confiança e em fazer alianças políticas
espúrias, deve ter entendido que aviação “É COISA DAS ELITES”, sem a mínima
intervenção numa questão estratégica. Aos olhos daqueles era um problema da
iniciativa privada, inclusive com suspeita de malversação de fundos e
incompetência na última administração da gloriosa empresa gaúcha. Não era uma
questão de pagar suas dívidas com o recurso público do Tesouro Nacional, mas de
competência para agir na área empresarial como mediador que o PT NÃO TEM, sendo
o governo o maior (não raro o ÚNICO) indutor e financiador do desenvolvimento,
por falta de “investidores”, já que temos muitas “facilidades”, “legislação
simples” e “juros baixíssimos” no “governo desenvolvimentista emPACado”.
Assistiram a um juiz federal
atolado em idas e vindas, como se diz sempre, “cumprindo a lei”, estúpida e
defasada lei, mas a lei. “Dura lex, sede lex”. Patéticos leilões
se sucediam enquanto a VARIG desmoronava, se tornava inviável, sem crédito, sem
combustível.
Mas os sindicalistas de araque não estão preocupados com
os milhares de desempregados oriundos dessa patetada, com alguns que terão
dificuldades em recolocação seja pela idade seja pela pouca oferta, já que as
outras empresas não tem escala para absorver tal número de profissionais.
Alguns estão conseguindo colocação na China, cuja aviação se expande com o
crescimento, mas ficam longe de suas famílias e de sua pátria.
Faltam profissionais para o controle de vôo e o governo só
autorizou a reposição desse pessoal via concurso público ou contratação
emergencial na undécima hora, quando a baderna nos aeroportos já era motivo de
chacota internacional. E não se acham profissionais disponíveis (os
conselheiros palacianos deveriam saber disso) e um curso técnico para
prepará-los, com inglês FLUENTE e outros requisitos mínimos, é demorado. Não
pode ser feito de improviso como convém a um governo dos remendos.
Também existem problemas graves na questão salarial,
diferenças de valores (sem falar no padrão internacional...) e regime de
trabalho entre os controladores militares e os civis. A eterna dúvida de como
fazer para que os controladores militares, que têm trabalhado sob intensa
pressão acarretando riscos para a aviação, passem ao regime civil.
Ainda a grave questão do lock-out da semana passada que
parou literalmente a aviação com quebra de hierarquia, crime militar,
desrespeito às leis e ao bom senso. O governo acabou negociando, encurralado,
pois não havia quem substituísse os insurretos (por culpa desse mesmo governo).
Há suspeitas divulgadas pela imprensa de superfaturamento
e corrupção em obras da Infraero, radares e equipamentos quebrados, falta de
manutenção e falta de previsão para compra pelo lento regime das licitações.
E ainda a questão não esclarecida do acidente que vitimou
154 brasileiros e mutilou suas famílias envolvendo essa rota insegura, uma
verdadeira armadilha, onde no plano de vôo de São Paulo para a Amazônia,
passando sobre Brasília, o avião bate de frente se o piloto não prestar atenção
ao “detalhe” de mudar de altura naquele ponto. Que coisa estúpida! Será
que não há altura nem largura suficientes sobre a Amazônia para que se evite
uma colisão de aviões? Falta espaço aéreo? Imaginem então na Holanda ...;
São muitas questões a resolver na emergência, no
improviso,na pressão, sem planejamento algum e esse governo demonstra não ter
competência para dar fim a esse caos e tranqüilidade ao setor. Estão
aniquilando, por tabela, a indústria do Turismo que já perdia para a Espanha em
número de visitantes quando ainda havia o setor aéreo no Brasil, um país com
muito mais belezas e diversidades para se visitar do que a Ibéria, com todo o
respeito. Mas eles são muito mais eficientes.
Mas não há pressa. A julgar pelo tempo da “reforma ministerial”
(cinco meses) e os arranjos políticos para o segundo mandato, teremos que
esperar até 2010. Quem sabe depois disso entra um governo com vontade de
governar, enfrentar questões e resolve-las?
Só então os brasileiros voltarão a ver o “céu de brigadeiro”.
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